Hélio Schwartsman > Questão de responsabilidade Voltar
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Gostaria de colocar outro elemento no texto de Judith Jarvis Thomson citado com veemência por Hélio Schwartsman. Se o violinista em vez de feto fosse o vÃrus da AIDS?. Elas também não teriam obrigação de alimentar este invasor!. o fumante que contrai câncer não exemplifica a mesma irresponsabilidade no caso de gravidez indesejada e aborto e aids?, porque não se faz manifestação sobre o direito de fumar de ter cancer.
Lembro ao colunista que há vários relatos de profissionais de saúde, médicos ou não, que costumam deixar mulheres que fizeram aborte sofrendo no hospital como castigo, só as atendem depois de sentirem muita dor, a tempo de evitar que morram e serem responsabilizadas por isso.
Helio, receio que seu esforço para justificar o raciocÃnio anterior esteja te levando a malabarismos éticos insustentáveis. Nesta analogia com o alpinista você ignorou totalmente o fato de que a escolha do alpinista afeta apenas sua própria vida (e concordo que devemos salvá-la, independente dos seus erros passados) enquanto no caso da gravidez o ato de "salvar" a mulher vai retirar a vida de outro ser.
Sofismas sr. Hélio. Existe a pÃlula do dia seguinte em caso de falha no método contraceptivo, e mesmo que, por algum motivo, não exista esta possibilidade, a porcentagem de falhas na pÃlula convencional é de 0,01%, e nas camisinhas (distribuÃdas gratuitamente pelos governos) considerando o uso incorreto, é de 0,1 a 0,2% . Já o nº de abortos chega a milhões por ano. E finalmente, tratar um câncer ou uma fratura é bem diferente de eliminar uma vida indefesa.
Hélio, no geral aprecio muito suas colunas. Mas neste caso creio que seu raciocÃnio continua falho. Nos exemplos que você deu, nós escolhemos tratar o fumante ou o alpinista porque escolhemos que suas vidas são valores a serem protegidos. No caso da gravidez é exatamente o contrário, estamos privilegiando o bem-estar da mulher (e dos demais envolvidos) que teve a gravidez indesejada em detrimento da vida. Não estou a dizer que esta escolha é necessariamente errada. (continua).
Meu ponto é que a questão do abordo deve ser encarada como é, ou seja, uma "relativização" do direito à vida e não um direito da mulher ou algo trivial. Essa relativização é uma escolha moral e ética da sociedade. Não é necessariamente errada, mas me preocupa porque a mesma lógica que a justifica pode ser utilizada para justificar outras "relativizações". Infelizmente o espaço é curto. No mais, sinto falta de suas colunas mais longas, espero que voltem.
Eu não sou propriamente contra o aborto, acho que deixar seguir uma gravidez totalmente indesejada pode ser mais prejudicial do que o aborto. O que não concordo é com esse tratamento que alguns dão à questão, como se o aborto fosse uma coisa normal, como se fazer um aborto fosse como tomar um sorvete. Tem gente que parece que trata o aborto quase como se fosse uma coisa boa, "moderna", um happening, "ah vamos fazer um aborto?". Não é assim, o aborto deve ser permitido, mas não estimulado.
Como contribuinte somos compelidos a financiar gastos alheios, portanto SIM, enquanto a saúde, a educação e a segurança forem financiados com dinheiro público, nós temos todo direito de impor proi bições e regras quanto ao comportamento das pessoas, pois pagamos pelos seus riscos. Acredito, inclusive que o estado deveria impor muito mais rest rições do que as atuais. O preço da liberdade total é a responsabilidade total, tá a fim?
Eu quero. Você pode? Eu posso. Você deve?
A questão é que, em relação ao aborto, existem diversos fatores éticos, morais e religiosos que, por demasiado, influenciam em muito a visão do aborto como lÃcita em nosso ordenamento jurÃdico e na sociedade. Sou a favor do aborto por entender que os direitos individuais devem prevalecer. Todavia, reconheço que o aborto não é uma escolha fácil e, caso fosse mulher, não sei se teria coragem de realizá-lo. Outrossim, o aborto, como se entende, é uma questão da sociedade e não da grávida somente.
Eu também sou a favor dos direitos individuais. M atar o feto é destruir a propriedade privada de um indivÃduo (a sua própria vida). O que torna um bebe dentro da barriga 1 minuto antes de nascer diferente de um bebê que acabou de nascer? A passagem dele pelo buraco e o corte do cordão umbilical tornam um "parasita" em um ser humano?
A responsabilidade é o preço da liberdade.
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