Ciência > Geneticista da USP defende venda de substâncias geradas a partir de células-tronco Voltar
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A lógica da produção de coisas, sem incluir o humano: "...um parecer genial: ele separou a substância humana inicial (ou o antecedente) do produto final (o consequente")." A questão principal é: podemos justificar o uso do antecedente para obter o consequente? Em que ponto, sob que argumento e pelo poder de quem o humano (antecedente) deixou de ser humano (consequente)?
Resta pouco a acrescentar aos seus brilhantes comentários... Não custa reafirmar que toda a base cientÃfica e tecnológica que permitiu a criação do "produto" advém da utilização massiva de recursos públicos. O "consequente" não seria obtido sem o esforço coletivo e anônimo de toda a sociedade. Não há sentido, portanto, restringir o benefÃcio a um investidor privado, a quem será dada a prerrogativa de decidir quem poderá compartilhá-lo... Há, seguramente, outras formas de financiar sua produção.
Outro nome para mitose?: "O que fazemos no laboratório é usar 50 células-tronco embrionárias, adicionar uma porção de reagentes comerciais e transformá-las em 10 bilhões de outras células." As 50 células iniciais e os 10 bilhões finais não deixaram de ser material humano só porque houve intervenção no meio de cultura. Continuam sendo células humanas e se multiplicaram por mitose e não por intervenção mágica da geneticista. A transformação ocorre porque elas contém no DNA a informação necessária.
Não se pode vender algo que foi doado. Se a cientista quer vender produtos feitos a partir de células tronco é óbvio que o doador deveria receber a maior parte. Isso me parece mais um artifÃcio para os cientistas que são formados com dinheiro público, pesquisam com dinheiro público e depois querem registrar as descobertas ou ganhar dinheiro através de subterfúgios como fundações ou institutos.
Universidade e conhecimento: "Por mais bacanas que as pesquisas nas universidades sejam, sem a iniciativa privada não sabemos como transformar os conhecimentos que geramos em produtos para a sociedade." A Universidade tem como função transferir o conhecimento gerado para a sociedade e cabem a estruturas, como parques tecnológicos e incubadores de empresas, fazer o trabalho de transformar em produto acessÃvel para o benefÃcio de todos o conhecimento gerado. Independente dele ser "bacana".
Diz a geneticista: "Se for compreendido que essas células são substâncias humanas cuja comercialização é vedada, a iniciativa privada não investirá no desenvolvimento das terapias celulares." Então, o interesse da iniciativa privada se sobrepõe ao respeito ao que é humano? Vamos ignorar o valor do humano em benefÃcio do valor econômico que pode ser gerado pela e para a iniciativa privada? Este é o problema essenciaa ser discutido para se fazer uma nova interpretação da Constituição como sugere a
Alguns posicionamentos da geneticista surpreendem por apresentar uma argumentação que, para pessoas com menos informação aprofundada sobre o assunto, esconde conflitos bioéticos que precisam ser apresentados antes de apoiar uma modificação ou interpretação da Constituição. Quando a Constituição foi redigida, ainda não havia o desenvolvimento das técnicas de terapia celular. Mas não é disso que se trata: trata-se de preservar o respeito ao que é humano.
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