É muito perigosa qualquer tentativa de interpretação que amplie as hipóteses de aborto sem qualquer previsão legal. Não ignoro que uma criança com uma doença grave imponha um ônus econômico e psicológico aos pais, mas se essa permissão de morte se ampliar, qual será o limite? Uma criança que nasça normal e contraia alguma doença debilitante depois pode ser eliminada porque será um fardo? Precisamos ter cuidado com o que consideramos "normalidade".

Existem dois grandes moralismos baratos -- travestidos de "bondade" -- que só fazem mal à sociedade: 1. Impedir o aborto de crianças indesejadas; 2. Impedir o controle de natalidade forçado para quem não tem condições de arcar com seus filhos (viciados em crack que moram na rua, por ex.). Por que sou obrigado a querer um filho que está fadado ao sofrimento? Quem quiser ter, tenha, mas não queira obrigar os outros a esse estoicismo. Querem vender a ideia de que a deficiência pode ser maravilhosa.

Há cerca de 3000 diagnósticos de microcefalia associados com SUSPEITA de zika durante a gestação no Brasil, mas não há exames que comprovem as infecções nem evidências científicas que sustentem relação de causa e efeito entre microcefalia e zika. O que é evidente é uma epidemia de medo, de informações anedóticas e, principalmente, de falta de tradição em ciência neste país. Somos assombrados por muitos demônios, como diria o renomado cientista Carl Sagan. Concordo com as questões sobre o aborto.

diferentemente do colega de postagem, creio que o problema do aborto é a sua proibição. decorre deste problema tudo mais que se fala sobre aborto. inclusive a bugrada, levando em conta que não dá prá levar bugrinho com problemas mato adentro, permite o aborto até umas duas semanas depois de nascer...ponto pros silvícolas.

Acho que qualquer caso detectado de malformação severa na gravidez deveria levar à permissão do aborto. Uma situação de nascimento sem nenhuma condição de autonomia compromete a vida dos pais, que terão de abdicar de suas vidas e seus planos para cuidar de alguém irremediavelmente incapaz e sem futuro; e em casos mais graves de malformação é até uma crueldade com o nascituro que levará uma vida apenas de sofrimentos. Claro que se os pais quiserem podem ter o filho, mas não se pode obrigá-los.

e pessoas que nascem perfeitas é difícil , dura mas tem no horizonte a possibilidade de estudo , trabalho , constituir uma família . Crianças com o cérebro lesionado pelo vírus Zika poderão ser cegas , surdas , com debilidade mental , não caminharão , ficarão restritas a uma cama é uma cadeira de rodas . Isto é preservar a vida ? Ou melhor é permitir que mulheres grávidas ,que os fetos foram afetados pelo vírus, possam escolher o aborto e ter uma nova gestação e gerar crianças perfeitas ?