Hélio Schwartsman > O mito da meritocracia Voltar
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Explicar a inteligência por determinismo genética é explicar o social pela biologia em vez de explicar o social pelo social. Só o reducionismo biológico optaria para explicar os diferentes nÃveis de cognição à revelia de fatores sociais como acesso à cultura e educação, e é mais do claro que acesso a estas oportunidades é estruturado pelo tipo de organização social e não do acaso.
Sucesso depende de inúmeros fatores: talento pessoal (inteligência, genética), meio ambiente propÃcio (famÃlia, classe social), disposição para o trabalho duro, ambição associada à persistência, logicamente a inteligência emocional ou interpessoal (aà incluÃdo a habilidade de puxar o saco das pessoas certas), a preparação adequada (estudo, capacitação). Mas sem a sorte (acaso favorável ou boas oportunidades), nada adiantará.... Mozart e Van Gogh, gênios e produtivos, morreram na miséria...
Além de concordar em gênero número e grau, gostaria de sugerir aos interessados a leitura de "Outliers: The Story of Success", de Malcom Gladwell, que corrobora com informações interessantes tudo o que Robert Frank expõe, e também de "Justice: What's the Right Thing to Do?", best-seller de Michael Sandel, este último quando justifica a taxação mais pesada de sucessos meteóricos como Michel Teló e quejandos, o que não deixa de guardar uma certa zona de conexão com o assunto da coluna.
Meritocracia é se preparar muito bem, saber escolher o mais certo, o que gosta de fazer, muita determinação (insistir), persistir, nunca desistir e uma dose de sorte.
A idéia que a inteligência é geneticamente determinada é usada pelos conservadores para justifica a desigualdade social, já que permite descartar fatores sociais, esses sim o motivo de descartar a explicação meritocrática, e também a idéia que desigualdade social acontece por acaso.
Caro Craig: lamento informar-lhe que a inteligencia é genéticamente determinada, bem como todos o outros fatores de um ser humano. Nenhum dito conservador considera que a desigualdade social seja de origem genética. A meritocracia está bem viva, em especial no setor privado. Ela é uma das molas do progresso humano. .
Meritocracia é dar chances a que todos possam se desenvolver. O detalhe é que essa chance não é dada a todos. Os conservadores usam exceções que confirmam a regra para negar as vantagens da posição social onde a pessoa nasce.
Discordo, ralei, fiz faculdade, mestrado e doutorado. Óbvio tive ajuda, como todos, mas no fundo quem fez as provas e passou, quem fez as palestras e pesquisas fui eu. Mereci o que tenho. Infelizmente, financeiramente não estou tão bem, pois no Brasil não se valoriza pesquisa. Mas, já sabia que eu corria este risco. Agora, um cara que fica rico, ele não necessariamente o fez por meritocracia, se ele trapaceou, subornou, isto não é meritocracia.
Todavia eu concordo cem porcento que sobressair-se, seja lá em que ramo for, não depende apenas do mérito pessoal. Tem que estar no lugar certo, na hora certa e talvez ainda com a pessoa certa. Uns chamam de sorte, eu chamo de destino ou o dedo de Deus. O mérito também é saber reconhecer esses momentos e não deixar que passem em vão.
Não há meritocracia na grande maioria das empresas brasileiras. As promoções aqui dependem muito mais de se saber puxar bem o saco. Embora vejam: saber puxar bem o saco não seria um mérito? A tal da inteligência emocional? A meritocracia existe muito mais em instituições ligadas ao conhecimento e a atletas.
Meritocracia é o modo de definir que este é o escolhido. Deu o sangue pra enriquecer o patrão e por isso ele é o mais competente. Simples assim.
A meritocracia não é mito, mas simplesmente um ideal que nem sempre pode ser praticado na Ãntegra. Nem todos que têm competência e disposição para o trabalho no chão de fábrica irão se tornar gerentes devido ao funil da carreira; quanto mais se avança, menores as chances. Funciona mais ou menos como a loteria, tem que jogar para ganhar, mas o fato de jogar não significa que vai ser premiado. Na loteria muitos contribuem, mas poucos são premiados e o dinheiro jogado nunca é devolvido.
Sua analogia com a loteria de nada serve. Parte-se do princÃpio que todos têm a mesma chance aleatória de "ganhar", sendo que alguém com muito dinheiro pode comprar 10.000 bilhetes e aumentar suas chances de "vitória", enquanto o pé rapado da esquina tem que trabalhar o mês inteiro para comprar uma raspadinha.
No raciocÃnio desenvolvido poderÃamos trocar meritocracia por democracia e chegarÃamos à mesma conclusão. A aplicação dos dois termos é lastreado pelo conceito que representam. Na prática é óbvio que não existe a perfeição; mas com certeza ninguém será promovido ou será reconhecido por seu valor em regimes autoritários ou onde a corrupção seja endêmica.
... bem, no caso, esta correto os argumentos do darwinismo social?
Esses argumentos me parecem meio esquisitos. Claro que fatores decisivos para o sucesso como inteligência e disposição para o trabalho têm componentes genéticos, mas no que é que isso elimina a meritocracia de quem nasceu inteligente e com disposição para o trabalho? Claro que quem nasce nos EUA tem mais chance de ficar rico do que quem nasce no Congo, porque o Congo é pobre e seu povo não sabe criar riqueza, mas, e da� São argumentos meio toscos, e forçados, para desqualificar a meritocracia.
Compaixão e solidariedade são sentimentos positivos, mas ressentimento e inveja, não.
Esses argumentos, me parece, seriam mais adequados como uma crÃtica, ou um inconformismo, com o fato de que alguns nascem mais bem aquinhoados pela natureza do que outros, do que como uma crÃtica à meritocracia. Bem, assim é, mas o que é que se pode fazer, não podemos revogar a natureza. Quanto à sorte, a mesma coisa, alguns têm outros não, e não se pode fazer nada quanto a isso. Precisamos parar com essa mania de querer "ajustar" o mundo e aceitá-lo como é.
papo furado, a América tem os seus miseráveis
O rancor acadêmico para com o sucesso financeiro explica muito desse e de outros textos.
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