O entrevistado parece não entender o conceito de moeda. A moeda sempre terá um suporte físico com valores individualizados e unívocos, em paridade com o total de dinheiro em circulação. A transações e transferências eletrônicas só podem ocorrer se houver o substrato pecuniário físico. O registro eletrônico não é o dinheiro. Ele só existe como "espelho" de trocas reais, realizadas no tempo e espaço reais. Sem a contrapartida física, reinaria o caos e as mais inomináveis falcatruas.

Parece que o entrevistado não conhece muito bem a natureza do Direito e da Contabilidade. As carreiras ligadas ao Direito, no futuro, num mundo dominado pelos algoritmos, serão cada vez mais relevantes. O contrapeso do homem vai ser dado pelo crivo dos profissionais de Direito. Já essência da Contabilidade não é o puro e simples registro, mas o registro correto. E, como sabemos, até os mais sofisticados algoritmos podem produzir vícios.

No futuro, a profissão mais ameaçada vai ser exatamente escrever software. 98% do que é feito hoje nessa área vai ser automatizado, feito por máquinas - que modelam e programam melhor que qualquer humano. Até mesmo as ferramentas cognitivas serão produzidas por máquinas. A interação homem-máquina será transparente. Inclusive, hoje, a matemática de ponta já "brota" espontaneamente de sistemas cognitivos.

Só posso pensar numa palavra depois de ler o texto: desapontamento. Quando as chamadas referências se movem por conceitos antiquados sobre criatividade e inovação fica difícil vislumbrar um futuro promissor para o país. Toda atividade, por mais simples que pareça aos olhos de outrem, necessita de uma alta carga de criatividade e de tomadas de decisões. Quem não acredita que se venture a por exemplo fazer uma pequena parede de tijolos sem nunca ter trabalhado com um prumo ou uma broxa.