Hélio Schwartsman > A marcha da história Voltar
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Eu sou contra o direito de proibir qualquer expressão de opinião, mesmo as tidas como preconceituosas, porque se tem o direito de ser preconceituoso. Não se pode discriminar. Apoio à do Helio :Em tempos de promoção dos direitos de minorias, é esperado que letras que causem desconforto sejam paulatinamente menos consumidas. Atenta a liberdade criminalizar e desqualificar o indivÃduo que é preconceituoso. Por isso vem um Trump e destroca o politicamente correto
Exatamente pelo fato da moral não ser absoluta nem estática é que essas marchinhas não devem ser cantadas atualmente. Assim como as piadas machistas, racistas e sexistas, perderam a graça. Isso não significa que seus registros devam ser eliminados. Também não se deve proibir ninguém de canta-las. Creio que elas serão naturalmente eliminadas do repertório carnavalesco. Até porque, são muito chatas.
Algumas perguntas: primeira- devemos banir todos os registros históricos dessas marchinhas, destruindo discos, livros, filmes, citações, etc? Me parece que a essa pergunta a grande maioria responderia não. Segunda pergunta: devemos seguir cantando essas marchinhas todos os anos a plenos pulmões? Em outras palavras: seguir cantando seria uma apologia à discriminação? Ensinar nossos filhos a canta-las não é incentivar neles esses preconceitos? Como se sentem as minorias durante a folia?
Helio, para mim é uma contradição quando diz que a moral não é estática e que as marchinhas podem continuar (??). Quero dizer, se justifica termos atos que já não consideramos moralmente aceitos apenas pelo fato de termos esta consciência? Então você não ve valor algum na criminalização do racismo? Desculpe, mas não entendi sua lógica.
Sou contra qualquer tipo de censura, tanto contra o funk atual ou marchinhas antigas. Levo em consideração que o mundo sempre se renova, pois a tendência é ouvirmos funk o ano inteiro e marchinhas somente no carnaval (e cada vez menos). Assim sendo jamais retornaremos ao passado. Viva a liberdade.
José, não vamos confundir liberdade com respeito. Se ser livre significa liberdade de expressão sem consideração com o próximo não quero ser livre.
Os v/elhos filmes do James Bond que faziam sucesso nos anos sessenta e setenta, são um monumento ao r/acismo e ao m/achismo. Na época eram considerados aceitáveis, mesmo o fato de fumarem ou beberem o tempo todo não incomodava ninguém. Indo mais longe, os filósofos gregos que tantos admiram eram donos e e/xploradores de e/scravos. Uma conclusão pode ser tirada: o que a maioria faz nem sempre é m/oral ou justificável. A m/oral e a é/tica são atemporais; a percepção delas é que não são.
Assistir a um filme racista ou violento não me muda. Cantar "atirei o Paulo no gato..." não fez minhas filhas matarem gatos. Proibir canções que alguém julga preconceituosas não melhora ninguém, é apenas censura, é me tratar como incapaz. O que leva a retrocessos é a falta de liberdade, que significa alguém decidindo o que os outros podem pensar ou fazer, esse alguém pode ser até a maioria das população.
E assim chegamos progressivamente à conclusão de que o "politicamente correto" é, em grande parte das vezes, essencialmente incorreto.
As letras destas musicas ficam como um registro dos costumes da época, mas continuar repetindo mensagens tão preconceituosas e vulgares, causa vergonha e um certo mal estar. A história não está sendo apagada, mas atualmente há uma visão crÃtica e letras machistas e homofóbicas, não devem continuar sendo disseminadas. Portanto, sou a favor da não repetição destas letras,e se quiserem continuar com estas marchinhas, que haja uma mudança nas letras, adequada aos novos tempos.
Ainda não tenho opinião definitiva sobre este assunto. Noto uma grande confusão nos argumentos de ambos os lados. Para começar há muita diferença entre apagar registro histórico e continuar exaltando frases discriminatórias. Destruir discos e apagar registros do MIS não é a mesma coisa que não seguir cantando tais marchinhas a plenos pulmões. Assim como proibir apologia ao nazismo não significa destruir seus registros.
Concordo plenamente. Não se deve confundir uma revisão crÃtica de mensagens preconceituosas com querer apagar o registro de uma época. Estas marchinhas com suas respectivas letras até mereceriam fazer parte de uma exposição em algum museu com uma boa análise sociológica. Mas continuar reproduzindo estas mensagens, definitivamente não.
A proibição não é boa, inclsuive concordo que isso serve à discussão. Quanto a incorporado pelo mundo ocidental, isso não existe, também não é estático. O mundo é cheio de grupos defendendo retrocessos, a vigilância é o preço da liberdade e dá igualdade.Compare as cidades do império romano e as da idade média, veremos que os frisos retrocederam até em questões sanitárias.
Parabéns pela lucidez!
Não duvide, Hélio, que em breve estaremos proibindo algumas exposições em museus, e criando index de livros impróprios. Logo, logo, voltaremos a ter aqueles certificados de censura (provavelmente sob algum novo nome) comprovando que determinada programação ou filme passaram por uma análise de um comitê de notáveis do governo e que está apto à transmissão. Não muito distante, teremos pessoas sendo banidas da sociedade, ou carregando cartazes de culpados, caso façam comentários inadequados.
Se deixarmos teremos sim, tudo o que você está prevendo. E se existirem músicas falando "fechem os museus" "o livro x é impróprio" vai ficar ainda mais fácil de acontecer. Acho que o Hélio se perde nessa discussão porque tenta ser ahistórico, universal(liberal). E é apenas uma tomada de posição, histórica, crÃtica, pra provocar. E veja também que por si só preserva, porque critica, o patrimônio(não existiria sem o bem que critica). O ato não é de destruição das letras, é de repúdio.
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