Hélio Schwartsman > O enigma da razão Voltar
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A razão por mais singela, esbarra na própria razão, de ser racional ou não. Na primeira bomba lançada, no primeiro soco desferido, na primeira ofensa proferida o ter razão prevalece e a na retaliação ocorre o mesmo e o bom senso fica ali, bem escondidinho.
Visão reducionista da razão. A razão é tão marcadas por erros, primeiro por estarmos ainda presos aos sentidos então essa razão não se manifesta plena, pura. E mesmo que assim fosse precisa ser equilibrada com o bom senso com a ética.
Ao contrário da inteligência, mera potencialidade biológica, a razão é um atributo raro consistente em uma maneira particularmente útil de processar e ordenar conhecimento. Intimamente ligada ao surgimento da ciência em oposição à superstição e à ignorância consiste numa maneira de ver o mundo. A capacidade intelectual pode ser racional ou não, mas sempre terá utilidade, acho que é isso que os autores querem dizer. Mas a razão leva à utilidade e ao alcance máximos do pensamento humano.
“Receio que os animais considerem o homem como um ser da sua espécie, mas que perdeu da maneira mais perigosa a sã razão animal, receio que eles o considerem como o animal absurdo, como o animal que ri e chora, como o animal desastroso.” Nietzsche
Razão ou razões?!...e se fosse um atributo atrelado ao escopo e abordagem do meio, no complexo mecanismo evolucionário.Onde a "primitiva" fosse a diversidade necessária e suficiente para a existência da "vida"(sinergias especializadas)e o meio sustentador.A espécime humana é simplesmente,no momento,a última derivada.
O surgimento da razão não tem a ver com motivos individuais, nada q a evolução produz é para indivÃduos, sempre é para a espécie como um todo, a razão surgiu para possibilitar ao ser humano uma vantagem intelectual contra seus predadores contra os quais tinha desvantagem fÃsica, o pensamento racional, o raciocÃnio, propiciou aos humanos criarem meios alternativos, armas, armadilhas, para enfrentar seus inimigos mais fortes fisicamente, e em sua evolução possibilitou a criação da tecnologia.
O tema não é tão novo. Foi levantado inicialmente por Aristóteles e amplificado por Schopenhauer, em “A arte de ter razão”, onde analisa os esquemas enganosos que os “maus filósofos” usam pra enganar o público.
Acho que a razão existe para "significar" e não para "convencer". É uma teia de sÃmbolos e relações plásticas (portanto, evolutivas) que nos permitem comunicar, criar e entender nosso contexto. Mas ela não é só positiva. A razão não apenas nos faz progredir, mas também nos faz presos à significados e à nossa própria linguagem. Quando a razão "falha" em significar, o vazio existencial pode nos levar a atitudes "irracionais", como o vÃcio, as obsessões e, em último caso, o suicÃdio.
A razão, para mim, é um auto-engano extremamente necessário para nossa evolução como seres coletivos. Precisamos "acreditar" e "significar" para suportar nosso "existir".
"Para Mercier e Sperber... devemos entender a razão apenas como uma máquina de gerar intuições sobre os motivos que nos levam a agir." Penso assim também, pois assim se contempla basicamente a autonomia racional dos seres pensantes em sua origem e em seu agir, varrendo a desgastada, desbotada e tradicional pretensão de transcendência de outra origem e/ou ditames da razão.
Também acho como Marcelo Coelho, que essa propriedade de razão no elemento humano seja devido ao desenvolvendo naturalmente ao longo de milhares de anos, como todas as coisas do Universo. E servem também como um mecanismo de sobrevivência da espécie etc Desconheço porquê essa caracteristica é mais observada nos humanos do que nos outros seres vivos. Pode ser também uma questão de tempo de evolução de cada espécie ?
Não se pode afirmar que os outros animais sejam completamente desprovidos da capacidade de usar a razão e o planejamento para resolver problemas que requeiram o pensamento abstrato. O trabalho de Wolfgang Köhler em 1917 com chimpanzés já demonstrava isso. Para alcançar as bananas mais altas, eles empilhavam caixas o que lhes permitia colher as frutas, antes inatingÃveis. Uma andorinha que voa mais de seis mil quilômetros para acasalar não usa apenas o instinto para atingir o seu objetivo.
É correto, os animais têm uma capacidade primária, e bem mais simples que a dos humanos, de planejar e resolver problemas. Têm inclusive uma linguagem, ainda que bem mais simples que a dos humanos. Existem espécies em que as "sentinelas" têm sons diferentes para alertar contra diferentes tipos de predadores, porque as estratégias para se proteger de cada tipo são diferentes, o que mostra que têm uma linguagem primitiva.
A razão nasceu como nasceu a vida : por acidente. E ela não é útil a natureza, mas a quem tem a razão. Mas a finalidade da razão é o mesmo das outras funcionalidades: a sobrevivência. Só que a razão nasceu vazia, e foi aprendendo criando cultura. Muito do que fazemos ainda é determinado por nossas razões animais: como o poder e a guerra, seus partidos e PT. Mas ela aprende com as experiências e os erros. Por isso o futuro é glorioso.
Não sei, acho que é complicado dizer que a razão nasceu por isso ou por aquilo. Acho que foi evoluindo naturalmente porque é uma maneira muito eficiente para lidar com o mundo e garantir a sobrevivência. Foi se desenvolvendo junto com a sofisticação da linguagem. Outros animais não a desenvolveram porque isso não é uma coisa simples, o desenvolvimento de um cérebro maior e mais eficiente requer uma enorme quantidade de energia e tempo.
A faculdade da razão não poderia se desenvolver separada do desenvolvimento da linguagem, são irmãs siamesas.
E tem mais uma coisa Hélio: a faculdade da razão não pode ser dissociada da forma do organismo. Uma galinha, ou um boi, por exemplo não poderiam desenvolver a razão mantendo a forma de galinha ou boi. Certo? Mesmo porque é preciso desenvolver uma estrutura fonética que permita a prática de uma linguagem mais sofisticada do que a de galinhas ou bois.
Pense numa tribo muito primitiva de caçadores-coletores, que desenvolve cada vez mais sÃmbolos sonoros para as coisas e modos de conectar esses sÃmbolos produzindo uma comunicação cada vez mais sofisticada. Essa tribo, com essa ferramenta, pode abstrair a atividade da caça, por exemplo, do campo concreto para o abstrato e planejá-la na tribo antes da atividade prática tornando-a muito mais eficiente. A partir daà o processo começa a se desenvolver naturalmente, em progressão geométrica.
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