Moro na cracolândia, a dois quarteirões da sala São Paulo. Se algum artista plástico quiser, ofereço espaço para a instalação de um gravador para o registro da paisagem sonora noturna, ininterrupta. Por exemplo, o som intermitente dos carrinhos de supermercado contra o asfalto. O apartamento é lindo, duas paredes de tijolo que lembram a catedral de Delft, sabonetes Lush no banheiro e quadro da Milhases. Mas só dá para tomar café preto, e a sofisticação é apenas uma contrapartida.

Fui à Sala São Paulo apreciar J S Bach e nada vi de anormal até lá. Salvo dois pedintes quando o semáforo fechou. Por outro lado, quando o Poder Público vai tentar fazer alguma coisa, a Mídia politiza.

Tocar J. S. Bach sem pedal é dever de todo pianista. A polifonia em Bach exige essa execução.

A culpa é do FHC, da herança maldita e da zelite

Sentir um pouco de culpa e botar culpa nos outros não muda nada, e muito menos ajuda os moradores de rua, mas dá uma aura de superioridade moral confortante ao escriba.

Imagino como o Beatty reagiria se alguém lhe dissesse que a "crackland" tem raízes na sua cidade natal de Los Angeles onde o crack apareceu pela primeira vez. Em 1996, G. Webb, um jornalista de um pequeno jornal em S. José na California, denunciou que a os contra da Nicarágua estavam sendo mantidos com dinheiro proveniente de exportação de c/ocaína para os EUA, com o conhecimento da CIA, a quem Webb apelidou de "Cocaine Import Agency". A vida de Webb foi destruída forçando- o a se matar.

UM texto instigante principalmente no final: grávidas acocoradas no calor da fogueira, adolescentes mirrados, pichações no corpo, tatuagens na alma borrada e doente, a fuga da vida. Ausência de propósitos, vidas esvaziadas da essência de ser humano. O que resta então?

Quanta baboseira, impressionante.