"Temer nada tem a perder e já mostrou falta de retidão e capacidade de mobilização política ao barrar as duas denúncias da PGR no ano passado..." Incrível. A Folha e O Globo promovem uma tentativa de golpe de estado com membros da PGR, falham miseravelmente apesar dos extraordinários recursos envolvidos na trama, sequer pedem desculpa - a trama foi mais que revelada - e agora o colunista acusa o presidente de "falta de retidão". Tem espelho aí, prezado escriba?

Ai! A tal reforma inadiável, sem a qual o país chafurdará na mais abissal lama da insolvência! Tragédia certa! Pois bem, a tal foi enterrada e, contraditoriamente, o articulista tece bons augúrios, pasmem! Quiçá para eleger Temer! Ah! Mas o futuro será tenebroso sem as reformas! Apesar de tudo dá até para rir dos "especialistas".

É exagerada a importância que se dá a popularidade do Presidente da República. De 2003 a 2010 tivemos o Presidente mais popular da história, mas o seu legado quanto a reformas e modernização do país é pífio. No ambiente tóxico que é a política brasileira, quem se propõem a introduzir mudanças tem desgaste garantido na popularidade, pois mudanças implicam quase sempre em perda de poder e privilégios de grupos fortemente organizados, como por exemplo, o funcionalismo público.

Se a estratégia de Temer é de vôo de galinha o autor engrossa o coro dos que viraram cabeça de avestruz tentando negar e ignorar a realidade. Ou seja, não se vê a Pinguela profetizada por FHC e endossada pela imprensa em 2016 mas observa-se a construção de uma ponte sólida que tirou o país do buraco da Dilma para a recuperação Econômica e a rearticulação da Segurança Pública. "Só a má-fé cínica e a obtusidade córnea podem negar o óbvio ululante", lembro aqui Nelson Rodrigues.

O Temer opera na lógica do jogo. Muitos deputados não vão aprovar a reforma da previdência, porque precisam desesperadamente se reeleger para não perder o foro. Mas não acho que sua popularidade vá aumentar grande coisa. A facção nacional-socialista e seu discurso contra as perdas internacionais é fraca eleitoralmente e não conta muito. Só espero que o novo congresso aprove a reforma já em 2019, seja com grande renovação ou pelo menos com acusados mais tranquilos em suas cadeiras.

Não deixa de ser engraçada essa esquerdo-dependência do pessoal que fez o golpe. Mateus chora alto. Embalem-no. É vosso!

Caro Canzian, se acha equivocada a ideia de que grandes grupos queiram nos reconduzir à condição colonial, explique, por favor, as benesses concedidas pelo governo às empresas de petróleo internacionais, que terão ganhos muito mais altos no Brasil do que têm noutros países. Por que a subserviência? Outro ponto é a distribuição da renda: a economia pode crescer sem que as pessoas tenham capacidade de consumo? Pode: excluindo a maioria. A inflação caiu porque o consumo desabou! E 4% onde?

A esta altura de um ano eleitoral, qualquer politico já teria abandonado a agenda reformista, Temer só é mais um deles. Quanto ao discurso "neocolonial" da esquerda, so podemos lamentar tamanha falta de visão.

A culpa é bem menos da esquerda e de Lula. A chegada dessa presepada e mar de lama ao poder, Temer e seu grupo, com pompa e circunstância deve-se sobretudo ao apoio de alguns, inclusive da midia e da omissão do Supremo em favor do impeachment de Dilma. Isto destruiu as instituições. Muitos, os responsáveis, alertaram sobre isto. Taí o resultado. O risco de termos um Presidente malandro, hábil manipulador de políticos e das circunstâncias para se manter no poder a partir de 2019. Satisfeitos?