Ilustríssima > Não há motivo para celebrar os 130 anos da Lei Áurea, diz antropóloga Voltar

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  1. PATRICIA PORTO DA SILVA

    Basta olhar ao redor. A coloração da pele predominante nas atividades mais sacrificadas e pior remuneradas. Na população maltrapilha que circula na cidade procurando comida em latas de lixo. Nos presídios, nas moradias mais precárias, negros e mulatos são maioria, proporção invertida quanto mais se sobe na escala social. É como disse o samba-enredo da Mangueira em 1988: Pergunte ao criador, que liberdade é essa, livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela.

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  2. PATRICIA PORTO DA SILVA

    A persistência da escravidão é visível nas ruas da cidade. Na coloração da pele predominante nas atividades mais sacrificadas, menos qualificadas e pior remuneradas. Ou na crescente população de famintos que circula pelo centro do Rio a vasculhar latas de lixo. Em presídios e demais situações de precariedade, afrodescendentes são maioria, proporção que se inverte nas camadas mais favorecidas. "Pergunte ao Criador, que liberdade é essa, livre do açoite da senzala, preso na miséria da favela"...

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  3. Adonay Evans

    Enquanto persistir essa noção de que direitos devem ser concedidos, seja por carta régia no Paço Imperial, seja por beija-mão nos gabinetes de Brasília, não haverá solução viável. Direitos devem ser conquistados. Sob a forma de ambição, na luta individual, sob a forma coletiva pela organização de grupos. Jamais houve benefício aos milhares de imigrantes italianos e japoneses, sem letras e paupérrimos vindos para substituir a mão-de-obra escrava. Comiam angu ou arroz apenas. Prosperaram.

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    1. Ubiratã Souza

      Ganhando muito ou pouco, os italianos eram livres e recebiam pelo seu trabalho. Podiam circular livremente pelo país e escolher emprego. Iletrados, mas seus filhos foram incorporados à sociedade brasileira, com direito à escola. A comparação é irresponsável e leviana. Ataca a nós, descendentes daqueles que foram roubados com vileza pelas elites desse país.

    2. Rogerio Soares

      Só que esses imigrantes meu caro, não vieram com grilhões em volta de seu pescoço, arrancados de seus lares e famílias a força. Muito falta de boa fé sua querer comparar uma coisa com a outra, beira a ca_ na lhi ce.

  4. Adonay Evans

    Assim, a questão não é racial, mas cultural. E a cultura de organização política e econômica de grupos à margem do desenvolvimento, não deve ser provida por um benfazejo governante ou sultão iluminado, mas por suas próprias lideranças e coletividades.As associações negras de alforria, que atuaram no passado de forma intensa, desapareceram submersas nas boas intenções dos brancos, como boa é a intenção do artigo. Da qual o inferno, como diz o provérbio, se encontra cheio.

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  5. Adonay Evans

    Em uma era de revisionismos, o uso de uma balança de dois pratos se impõe. Sob todos os aspectos a escravidão é uma barbárie, cujas marcas profundas não se remove simplesmente lavando a pele ou apagando a História. Por outro lado saiba-se da pressão política a que o Imperador e a Princesa Isabel estavam submetidos para não por fim à escravidão por sua base de apoio. Sabiam que junto com o fim da escravidão, cairia o Império. Ainda assim o fizeram. Isabel defendia a cessão de terras aos libertos.

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