O Brasil não escapou das reflexões de Naipaul. O que ele disse do país com 175 assassinatos diários,alta casta que aumenta os salários pensando no próprio bolso, os quase 13 milhões de desempregados, o Lula na cadeia, a corrida eleitoral, a Ursal e a WAL, provem de um patismo degenerado, que se manifestava no coito cloacal em plenas avenidas.

Sou um leitor do Naipaul. Adoro sua literatura desenvolvida em viagens: entrevistas com pessoas de todo tipo e extrato social guiam análises que geram insights profundos. Fez isso com Índia, África, países muçulmanos não-árabes, Caribe... Em determinado momento pensei em escrever-lhe sugerindo que empreendesse uma viagem para o Brasil. Gostaria imensamente de ouvir sua análise sobre este nosso país onde as coisas acontecem independentemente de qualquer senso do que é correto.

Não precisamos que V.S. Naipaul nos fale sobre a degeneração do nosso caráter social que muitos chamam de "brasilidade". Gente como Paulo Prado, Gilberto Freyre, Nina Rodrigues, José Veríssimo e Roquete Pinto dedicaram grande parte das suas vidas para entender a formação do nosso caráter social a partir da fusão de três grandes etnias. O problema é que poucos leem o que esses grandes brasileiros escreveram sobre nos, em parte por medo de encarar a realidade.