O articulista pode expor suas ideias em troca de dinheiro, desde que o jornal que lhe pague para publicá-las, receba o dinheiro dos leitores que compraram o jornal atrás de informações e ideias. No momento que o jornal recebe verba do governo para fazer propaganda e influenciar seus leitores a credibilidade de formador de opinião vai para o vinagre. Da onde vem esse dinheiro que essa "empresa" está oferecendo para os "formadores de opinião" da internet? Do fundo partidário que o PT recebeu?

O colunista chegou perto, mas pisou na bola. Claro que não informa o recebimento para externar uma opinião é condenável, mas cabe a cada um avaliar a credibilidade de cada fonte, e o quanto a revelação de haver pagamento afeta essa credibilidade. E isso nada tem a ver com a sinceridade de quem fala, que nunca é uma avaliação objetiva. Então, uma internet livre não é uma ilusão, ou a rua, bem como a democracia, também o são.

O artigo é um horror, o cara é economista e filósofo da USP, o que em termos práticos dá tudo de ruim de cada lado e nada de bom de nenhum dos dois. O exemplo que ele ofereceu, do Roger Scruton, é o pior possível: um filósofo que usa do seu prestígio intelectual para vender um produto que já se sabia ser cancerígeno em 2002. Perder espaço em diversas publicações não parece perverso, pois o cara tinha que ser processado por fraude. Parece que fraude faz parte do meio ambiente do Joel P. F.

Previsivelmente, vários comentaristas mencionaram que famosos fazem propaganda de produtos que não usam, que tal conduta é normalizada. Bem, para os que consideram que ideias, ideais, propostas de governança da sociedade etc. sejam produtos como carros, geladeiras, sandálias etc, está tudo certo: pagou, tô defendendo! Para os que consideram que tais bens são imateriais e fundamentais para uma sociedade minimamente funcional e decente, tal prática só pode ser intolerável.

No atual contexto de polarização só é errado se pago pela direita. No mais, me fez lembrar um ganhador do prêmio Esso, que não citarei o nome porque ele não mora mais entre nós. Seu chefe de redação lhe pediu uma matéria sobre Deus. Ele então perguntou ao chefe: "É para falar bem ou mal?"

Imagina um jogador de futebol destes que ganham milhões fazendo propaganda de um carro popular, isso não seria ganhar dinheiro para influenciar pessoas a comprar um produto que ele não usa! Ou que não acredita na qualidade deste produto!

Pergunta: Aqui neste site, nos comentários, também é necessário revelar o patrocínio? Há muitos mortadelas de todos os partidos aqui.

É tentar convencer os outros de algo em que você não acredita, como Roberto Carlos no comercial de carne.

Se formos relativizar a aplicação das regras do Estado de Direito, com certeza voltaremos à barbárie. Não se trata de cercear a liberdade de expressão de influenciadores ou formadores de opinião, mas, sim, de cumprir a mesma lei que vale para todos. Difundir ideias sob o manto do anonimato de quem pagou para difundi-las não é apenas um crime, é um atentado à democracia, o vale-tudo do "em eleições a gente faz o diabo". Mas o diabo mora nos detalhes e costuma se voltar para quem o soltou.

Discordo do ponto que o patrocínio deve se manter oculto para se ter eficácia. O consumidor/eleitor não é tão burro quanto se impõe certos jornalistas/especialistas/gurus. Quando vemos propaganda na tv sabemos que os famosos estão sendo patrocinados pelas marcas e nem por isso deixamos de confiar nele depredando sua imagem.

Quem emite opinião em troca de salário está obrigado a emitir a opinião do empregador. Ele diz ao empregado o que fazer. Graças a isto é que a forma desumana de administração pública ora vigente no mundo encontra ferrenhos defensores assalariados, embora multidões de famintos vaguem sem destino.

"Qual é o problema ser pago para falar sobre o que já acredita?" Lamentável querer justificar o comportamento mercenário, antiético e manipulador, independente da pauta. Seja a pauta progressista ou conservadora.