Tem razão o colunista quando diz que combate à corrupção é chavão de campanha e que na prática não resolve a crise fiscal. O que o colunista não diz é que a natureza da crise tem raízes na brutal transferência de recursos da sociedade para os bancos, fale das operações compromissadas que consumiram mais recursos que todo leque de privatizações promete arrecadar. Assim, defender mais do mesmo, será continuar "tudo que está ai" Colocar nos ombros dos mais fracos o peso do ajuste.

A maioria dos eleitores do Bolsonaro são os mais radicais opositores da reforma da previdência. Os do PT concordam em reformas que eliminem privilégios mas afetem pouco os do INSS. E os privilegiados estão em maioria com ele, hoje na Folha vemos que funcionários públicos elegeram grande bancada de carona com Bolso, a qual vai votar a reforma do INSS. O estelionato vai derrubar sua popularidade no ato.

A partir de 2015 os gastos do governo federal estancaram finalmente, depois de crescerem irresponsavelmente 6.6% ao ano desde 2003, enquanto o PIB só crescia 3%. Mas as despesas previdenciárias continuaram obviamente no mesmo ritmo (6%) já que a população idosa cresce aceleradamente. Com uma idade mínima de 65 anos, elas também podem ser estancadas, e o orçamento equilibrado a médio prazo.

"Neste sábado, 27 de outubro, Charlione Lessa Albuquerque, de 23 anos, participava de uma carreata na região metropolitana de Fortaleza para defender a candidatura Fernando Haddad. Tudo transcorria em paz até que Charlione, que estava foi atingido por tiros de arma de fogo desferidos por um seguidor do candidato Jair Bolsonaro (PSL) que desembarcou de um carro e disparou vários tiros contra a manifestação. Após os disparos, o assassino bradou orgulhoso o nome de Bolsonaro". Não é fake!

Prezado Ricardo Knudsen, o que acontece se o crescimento não vier? Fazemos divida para honrar os compromissos assumidos? Ou imprimimos dinheiro,como a Argentina vem fazendo?

O colunista defende a reforma por razões obscuras, mas pouco tem a ver com racionalidade. Sua pressa se deve ao fato do crescimento dos empregos formais estar começando a recompor as contribuições previdenciárias ao RGPS urbano. É difícil prever qdo ocorrera, mas qdo os desemprego cair, o RGPS urbano voltará a ser superavitário, como foi até 2015. Assim, os defensores da reforma perderão o argumento do deficit, q não é sistêmico, mas conjuntural, só ocorreu pela crise e pelo desemprego elevado.

"É muito difícil fazer previsão, particularmente para o futuro", já diz um velho adágio. Desmoralizados nas pesquisas de intenção de voto, os institutos de pesquisa já deveriam ter aprendido isso, pesquisando só depois a apuração. Aprenderam, mas fingem que não, e continuam fazendo outras, como a brilhante:"você á favorável à Democracia?" A grande maioria disse sim, sem saber o que era isso.

Na Grécia, Sólon inventou a Democracia e se arrependeu. Foi exilado. Delfim Netto disse um dia: "A melhor maneira de se determinar o valor do número Pi, não é através de uma pesquisa de opinião".

O Sarney tinha razão: "A Constituição de 88 deixou o Brasil ingovernável." Tem uma música antiga do R.E.M chamada "You can't get there from here" (Você não pode chegar lá daqui), que representa bem o paradoxo brasileiro. Sabemos onde queremos chegar, só que insistimos em pegar o ônibus que vai para o outro lado. Esse é o ônibus do socialismo utópico com suas promessas de prosperidade, mas o único que entrega é o atraso. "Você não pode chegar lá daqui; eu estive lá e conheço o caminho."