Ruy Castro > O estrangulamento das livrarias Voltar
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Não sou eleitor de Bolsonaro, e também sinto saudades do tempo em que garimpava LPs nas lojas de disco. Mas me pergunto se esse "esquerdismo conservador", tão comum entre nós, não é o que nos condena ao atraso. O mercado acelera o uso, e facilita o surgimento, de novas tecnologias, mudou a forma de se consumir música e mesmo de produzi-la. Tomá-lo como coisa do demo é de uma tolice cansativa. De minha parte nunca tive tanta música a disposição e facilidade de buscar coisas novas.
Faltou dizer que com as mudanças pessoas que não tinham poder aquisitivo para comprar discos e livros passaram a ter acesso com custos baixos ou mesmo zero. Omitiu ou não viu o lado bom?
A solução é fazer uma lei que quem vende livros não pode vender outras coisas como roupa, eletrodoméstico etc. Igual farmácia remédio só pode ser vendido em farmácia.
Não é só a Saraiva que está fechando lojas. Aqui no Rio, a Livraria Cultura fechou uma loja que ocupava diversos andares. Quem perde é a inteligência do Brasil. Eu ia na livraria folheava alguns livros e acabava comprando um. Na loja virtual você não pode fazer isso. Além disso via muitos jovens reunidos nesta livraria discutindo cultura. E agora?
Será que o vilão é realmente a Amazon? Eu digo isso porque sou um ávido consumidor de livros, principalmente e-books e, na maioria das minhas compras, acabo privilegiando a plataforma Lev, pois os livros são mais baratos do que na loja Kindle. Não podemos esquecer que a Saraiva abriu megastores sem critério. Só em Porto Alegre, lembro de umas três. Pensem no custo do aluguel para usar como um depósito, praticamente. Espero que os administradores enxuguem os custos da operação para salvar a rede.
sem dúvida, a modernidade não tem praça, passei dos 40, e não me adapto a um mundo sem graça.
Parece me que estamos nos tornando arcaicos muito antes da idade terminal. Hoje, com 45 anos, o "seu" mundo, é só lembrança e passado. Como são as pessoas são as suas criaturas inclusive o mercado e seus diversos segmentos. Me solidarizo com os que se sentem deslocados no tempo e espaço.
Um dia nos deparamos com a tecnologia. Se não nos acostumamos com ela, aderimos às tendências e reformulamos nossa estratégia de negócio, a consequência é o descompasso com a demanda do mercado e, por fim, o encerramento do negócio. Dando mais respostas aos questionamentos do autor, quem também ganha com isso (a tecnologia) é o consumidor, que tem acesso a livros mais baratos, que são adquiridos de maneira mais rápida e prática (ebooks). De qualquer forma, é uma pena a situação da Saraiva.
Depois que as livrarias on line desenvolveram um modo para ler algumas páginas selecionadas e o Ãndice, até essa vantagem da livraria fÃsica desapareceu.
Sua crônica de hoje vem a calhar, Ruy. A Folha noticia a encrenca em que está a Saraiva, uma das maiores livrarias do paÃs, com 85 lojas. Eu, que vivo na região serrana do Rio, fui com minha mulher ao cinema aqui de Itaipava, na semana passada, e a bela livraria que abrigava a sala, fechou. Quase choramos. O futuro Ministério da Educação deveria cuidar disso.
Tudo passa. História. Inexorável. IrresistÃvel. Um dia a Amazon também desaparece.
"Neoliberalismo, codinome ilusionismo. No neoliberalismo o Estado é um capacho dos mega-ricos." ( Ademar Bahadiam - Ex-embaixador do Brasil na Itália - No JB ). Os sebos (minha salvação) também estão desaparecendo.
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