João Pereira Coutinho > O retorno dos brioches Voltar
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Só não entendi uma coisa: porque Coutinho não mencionou Bolsonaro junto com Trump e Le Pen?
A tensão histórica é entre o povo: a classe trabalhadora, e a classe dominante. O papel dos representantes é representar a classe dominante, e enviesar a vontade da primeira se essa não vota do jeito que a segunda quer. Isso é o significado do “melhor juÃzo” do Madison, para evitar a suposta “tirania das massas” Até hoje este sistema do colégio eleitoral funciona para impedir que o povo estadunidense vota “errado”, ou seja, escolha representantes que não defendem os interesses do empresariado
O problema é que a causa da insatisfação é o neoliberalismo que desde a década de 80 nos EUA e Europa, 90 no Brasil, apresenta-se como solução única. Causou A crise de 2008 e diz que repetir a dose melhora. Na Europa e EUA pelo menos enxergam que não pode ser receita única, aqui acabam de eleger quem defende a receita única e causadora das crises. A insatisfação é certa para a maioria que depende do seu trabalho pra viver. O problema lá fora é aqui é o ovo da serpente dentro do pacote.
´Neoliberalismo, codinome ilusionismo.`"No neoliberalismo, o Estado é um capacho dos mega-ricos." ´O tempo do voto e os ventos dos devotos.`"E os Estados Unidos promovendo, numa linguagem de botequim, guinadas na ordem internacional, que criaram, renegam e se apressam em demolir."( Adhemar Bahadian - Ex-embaixador do Brasil na Itália. No JB).
Continuo eu o artigo do articulista: ... pelo lado das nações emigratórias, Venezuela, América Central, Oriente Médio, paÃses africanos, não existem soluções para a fome e o abandono social, são dezenas de milhões entregues à própria sorte, morrem, literalmente, no meio do caminho e em frente ao muro: "proibida a entrada".
A tradição da revolução francesa é um problema. Qualquer quebra-quebra ganha uma aura messiânica nesse paÃs, como se a história estivesse novamente em marcha, o pessoal canta a marselhesa e por aà vai. O fato é que a França teve seu apogeu por volta de 1700, e trilha uma lenta decadência desde então.
"O fato é que...". Ai, ai, o olavismo cultural transformou a opinião de botequim numa forma de arte mesmo. Esse tipo de comentário é coisa de jovem arrogante de 19 anos que acabou de ler um livro do Tocqueville e acha que entendeu o mundo.
Coutinho é um dos poucos bons da FSP, mas escreve os textos provavelmente para Portugal. Esse texto cabe perfeitamente no nosso momento, mas nenhuma palavra foi dada. Refletindo, concluo que votos de afirmação ao populismo continuam até que compreendam, pelo mal, que elegeram um bando de despreparados por bobagens retóricas divisionistas que não sabem o diagnóstico dos problemas e que seus remédios vão piorar a situação.
Esse retorno ao nacionalismo e aos valores tradicionais representa apenas a tentativa frustrada de buscar um passado distante, bem diferente dos dias atuais. Blockchain, bigdata, cloud. Conceitos que são dominados por 5% da população. Resultado? Os demais 95% se sentem excluÃdos do sistema. Pessoas descartáveis. Daà se voltam a polÃticas demagógicas e inócuas de Trump e do mito. Coitados. Apenas não entendem que o mundo mudou.
As pessoas deveriam visitar Paris somente uma vez para que aquela aura de cidade luz não se transformasse em decepção. Quando morava na Europa tinha que ir a Paris pelo menos uma vez por mês a trabalho e devo confessar que relacionar com os franceses é um verdadeiro desafio. O De Gaulle se expressou bem ao dizer, "como se pode governar um paÃs que possui 365 tipos de queijos?" A França já passou do ponto de ter escolha; ou muda espontaneamente ou será mudada à forceps.
Novamente Coutinho nos presenteia com um texto extremamente lucido e profético.
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