Hélio Schwartsman > Guerras de alfabetização Voltar
Comente este texto
Leia Mais
É óbvio que na alfabetização a criança vai aprender que as letras "desenham" sons e vai descobrir as regras desse jogo. Mas, defender que a melhor forma de a criança entrar no mundo letrado é soletrando "beabá bá, bebé bé" é ridÃculo sob qualquer aspecto. Há 70 anos era o que se tinha; hoje, voltar à Carta de ABC só pode interessar aos (velhos) saudosistas de plantão, a quem quer ressuscitar "O amor a Deus é o princÃpio da sabedoria", a colunistas que se metem a escrever sobre o que não sabem.
Como professor do campo da alfabetização no Brasil, gostaria de deixar minha opinião sobre o artigo de opinião. Em primeiro lugar, parece-me complicado argumentar a favor de um Ministério da Educação que ignora todas as discussões realizadas no campo da alfabetização pelos governos anteriores e retoma a velha discussão dos métodos de alfabetização. Nenhum método sozinho é capaz de alfabetizar. Há muitos erros conceituais no artigo e um argumento de autoridade que só apresenta uma voz. HorrÃvel.
Todos os estudos mais recentes, em especial a psicogênese da lÃngua escrita da pesquisadora EmÃlia Ferrero, demonstram que toda criança elabora hipóteses sobre a escrita. Antes de perceber que a escrita representa os sons, ela acha que a palavra representa a ideia. Logo após, quando percebe a relação sonora, acha que cada letra representa uma sÃlaba e que palavras com 1 letra simplesmente não existem. Dessa forma, o método fônico só tem sentido para crianças que já são alfabéticas.
digo, construindo suas hipóteses nesse complexo aprendizado.
Existem dois processos de alfabetização, o analÃtico e o sintético. O método fônico está dentro do processo sintético. Mesmo que se inicie o trabalho de alfabetização pelos textos ou palavras (método global) se faz necessário, em algum momento, que sejam apresentadas aos alunos as sÃlabas e suas relações com letras e fonemas. A teoria construtivista de EmÃlia Ferreiro nos mostrou que, seja em um processo ou outro, as crianças têm participação ativa na alfabetização, construindo suas propostas..
Para explicar essa tão complexa situação aos colunistas seriam necessárias muitas aulas. Mas sugiro a ele que, a partir de suas considerações, Daniela, leia e estude o maravilhoso texto de Magda Soares, maior especialista em alfabetização do paÃs, "Alfabetização: a questão dos métodos", para conhecer minimamente as questões de construção e de linguÃstica que impactam não só no aprendizado da linguagem escrita, mas na sua evolução através dos séculos. Isso explica muita coisa! Parabéns por seus c
Senhor Hélio Schwartsman, é imprescindÃvel muito cuidado e responsabilidade ao falar sobre um assunto tão delicado e importante para um paÃs, que realmente enfrenta muitas dificuldades,não só na alfabetização, como em todo processo de ensino até ao anos finais da Educação Básica. O método analÃtico, vulgo global, não é a mesma coisa que a teoria construtivista desenvolvida por EmÃlia Ferreiro baseada na teoria psicogenética de Jean Piaget.
É evidente que os métodos devem ser renovados, não devemos confiar em amostras quando lidamos com indivÃduos; pois está muito claro é óbvio dentro de sala de aula que cada criança aprende ou desenvolve habilidade (como queiram entender os mais nobres especialistas no assunto) ao seu tempo. Há um tempo para cada criança no processo de ensino e aprendizagem e este processo se dá de forma contÃnua, sequencial. As estratégias e as habilidades do professor são fundamentais para o êxito.
Há um argumento a favor do método fônico que me parece imbatÃvel: o outro método não está dando certo, há décadas!... Se alguém for a uma sala de aula do nono ano do ensino fundamental da rede pública, vai encontrar mais de 90% dos alunos em situação de analfabetismo quase completo.
Exatamente, dona Marilia, foi usado e funcionava...
Você ignora que o método fônico já foi usado por décadas.
O colunista não fez o dever de casa de ouvir diversas fontes, principalmente quem está na sala de aula. Não devem haver métodos únicos, o tônico é um deles, as pessoas aprendem de formas diferentes. Colocar um só método é volta ao passado, busca excluir da escola quem tiver dificuldades de aprendizagem, se não aprender pelo único está fora, há quem combine mais de um método.
Uma das principais barreiras ao aprendizado do idioma Inglês é justamente o fato de que nosso ensino não prioriza o aspecto fônico do nosso idioma. Na lÃngua inglesa a diferença na pronúncia das letras " m & n" tem que ser distinta, do contrário gera confusão na cabeça do falante nativo. Da mesma maneira a pronúncia acentuada no final de palavras terminadas em "r & y". Se mal pronunciada, a palavra "water" pode ser entendida como "what" e alguém poderá ficar com sede além de irritar o outro.
Torgeson et all 2018 publicaram uma revisão mostrando os problemas das revisões sistemáticas prévias como viés de publicação e baixa qualidade dos trabalhos incluÃdos, além de falta de evidência de que o método fonico é superior a qualquer outro método. Análise critica das revisões é essencial antes de usar as suas conclusões.
Não entendo um palavra sobre alfabetização --sem perdão pelo trocadilho --, mas me parece que o nÃvel do debate público está realmente muuuuito raso (até agora).
Tenho criança em fase de alfabetização e noto a pouca associação que a escola parece fazer entre a grafia e o som da letra. Se o método fônico for a ênfase nessa associação, então me parece o mais racional.
2019 e o Brasil discutindo como alfabetizar crianças!? Esta questão já devia estar resolvida na época de Manoel da Nóbrega e do padre Anchieta.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Hélio Schwartsman > Guerras de alfabetização Voltar
Comente este texto