Ruy Castro > De volta ao amadorismo Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Tudo desmoronando. Um episódio como este descrito por Ruy, de Jobim e Vinicius, seria impensável. Sei lá, dos anos 80 pra cá, só lama.
Continuando, bem sei que há sérias distorções no uso da Lei Rouanet, desde artistas consagrados que não precisam de incentivos a puro e simples uso indevido, como o caso de festas particulares financiadas desta forma. A solução fácil é acabar com o incentivo; a solução correta é administrá-lo de modo eficaz e transparente, mas isso é difÃcil, trabalhoso e contraria alguns interesses. No modo bolsominiano de agir, é melhor acabar logo com isso e deixar tudo para os "artistas de mercado".
O Alberto Melis Bianconi também deveria ater-se ao que entende. Não faço ideia do que seja, mas certamente não é de Cultura no Brasil. É claro que toda manifestação artÃstica profissional deve ter um retorno de mercado, mas em nosso desolador cenário cultural - falo do nÃvel cultural e econômico da população - isso simplesmente não basta. Em 1956, não havia espaço para uma Anitta e congêneres, e um público entusiasmado lotava o "Orfeu da Conceição" e outras peças. Os incentivos são necessários!
No caso, "deve" não tem sentido de obrigação, mas de expectativa, é o tal sentido semântico... Mas isto se empalidece ante ao monumento com o qual você nos brinda: "hoje existem mais opções". Você faz alguma ideia do cenário musical no final dos anos 1950, a efervescência cultural de então? Independentemente de avaliação estética, a "escolha" entre duplas sertanejas exatamente iguais, funkeiras idênticas, grupos de axé intercambiáveis e o restante do entretenimento vazio, não faz muita diferença
Se pode ou não acontecer, então não existe nhum "deve", não é mesmo? Ou, dizendo de outra forma, não é uma obviedade. Também pode ser que você não faça questão de dizer coisa com coisa. Se for isso por mim tudo bem, esqueça o que eu disse. Mas quanto a qualidade da música nas rádios trata-se de uma opinião sua. Aliás, acho que hoje existem mais opções, você acha que seria melhor se o público não pudesse escolher? Seria mesmo contra a vontade mais cultivado?
Em tempo: o colunista não é meu "amiguinho". Eu não tenho a honra de conhecer o Ruy Castro pessoalmente, apenas admiro a sua obra e reconheço o seu valor.
Continuando: De fato, a situação econômica em 1956 era bem pior, no sentido em que havia menos riquezas. No entanto, o ambiente cultural era muitÃssimo superior, mesmo uma pessoa pobre ligava o rádio e tinha acesso musicas e intérpretes maravilhosos; num extrato superior, a ida aos cinemas e teatros era um evento frequente. Hoje, o valor dado à cultura é muitÃssimo menor, paga-se uma fortuna por um show pleno de luzes e efeitos de Anitta ou qualquer sertanejo. Não há mais lugar para um Orfeu.
Alberto Melis Bianconi, quando eu digo que "toda manifestação artÃstica profissional deve ter um retorno de mercado" não é um vaticÃnio, é uma obviedade: se alguém se propõe lançar algum produto cultural para o público, deve esperar algum retorno, o que pode ocorrer ou não. Me pareceu que sua posição seria contra o subsÃdio de atividades culturais, que os artistas, como a mencionada Anitta, saberiam bem como ganhar seu "dinheirinho" e que o oposto seria " angustia do saudosista".
"toda manifestação artÃstica profissional deve ter um retorno de mercado" é uma afirmação sem sentido. De quem não entende nem de mercado, nem de cultura. Quem vive de cultura sabe (aprende na prática), que o mercado não segue vaticÃnios de quem se acha no direito de dizer isso deve ser assim ou assado. Quanto a situação econômica da população, era pior nos anos 50, e sobre o desolador cenário cultural, esclareça que você fala por você, no máximo por seu amiguinho colunista.
Pois bem ... Subsidiar a arte pela Lei Rouanet é absurdo ... Dar isenção total de impostos a igrejas e assemelhados seria o que, então ??!!!
O livro sobre a Bossa Nova é genial, mas o colunista deveria ater-se ao que entende (ou conhece em detalhes, não é a mesma coisa). Não é difÃcil fazer uma leitura bolsonarista, que não acho que seja a intenção do autor. Quando Tom falou em dinheirinho estava pensando em algum retorno de mercado, ingressos para a peça de Vinicius me parece, e não a arrecadação com isenção fiscal, que não existia. Bolsonaro, então, nos fez bem, né não?
bozos não fazem bem. bozos cometem sandices. bozovotantes são coniventes, ou cúmplices.
Mas tampouco houve qualquer volta ao amadorismo. Pergunte à Anitta sobre a coisa do dinheirinho. Hoje a Bossa Nova faz muito menos dinheiro do que já fez, o Jazz também, pode ser de proveito para a sociedade como um todo subsidiar parte da criação cultural. Claro que isso não responde a angustia do saudosista, com a do nosso Belchior da Bossa Nova.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Ruy Castro > De volta ao amadorismo Voltar
Comente este texto