O ultraje sobre a queima de livros depende de que lado a pessoa está. Quando os cristãos queimaram bibliotecas inteiras no Egito e em outros países da região destruindo conhecimento centenário, ninguém no Ocidente se importou muito. Mas quando os nazistas queimaram livros em praça pública nos anos 30, houve consternação geral. As forças de ocupação não queimaram os livros dos nazistas, mas os transformaram em polpa para fazer papel novo. De novo, nenhuma reação. Seria hipocrisia?

O episódio a que Clóvis Rossi se refere, envolvendo o general falangista Millán Astray e o reitor de Salamanca Miguel de Unamuno, provecta figura, é magnificamente narrado por Jorge Luís Borges. Aleijado e cego de um olho, por ferimentos de guerra, figura ameaçadora, ao interromper a palestra do reitor com o grito "Viva lamuerte", ouviu em resposta de Unamuno: “Agora mesmo ouvi um grito necrófilo e insensato, ‘Viva a morte’. Eu devo dizer-lhes que considero este esdrúxulo paradoxo repelente.

O General Astray é um aleijado, que isso seja dito sem nenhum sentido pejorativo. Ele é um inválido de guerra. Cervantes também era. Infelizmente há demasiados aleijados na Espanha agora. Entristece-me pensar que o general MillánAstray venha ditar o padrão da psicologia de massas. Um aleijado que não possui a grandeza espiritual de um Cervantes, acostuma-se a buscar alívio, produzindo mutilados em volta dele.”

Após corajosa defesa da autonomia universitária, Unamuno foi deposto, e faleceu 2 meses depois. Bolsonaro-Weintraub: Viva lamuerte!

Diagnóstico irrepreensível! Parabéns Clóvis Rossi.

Esse (des)governo consegue se superar a cada nomeação que faz. Depois de pensarmos que já tínhamos visto tudo com o colombiano destrambelhado, eis que o presidente nomeia esse, ainda mais lunático, mais olavete e mais radical. Além de ignorante e incompetente. E ainda pede o patrulhamento ideológico de pais, alunos e professores, tentando semear a discórdia. Esse é o rumo que a educação no país está tomando.

Não duvido de mais nada.

Fahrenheit 451

Aumentam os calafrios ao pensarmos que este senhor, antes de sentar na cadeira onde está, atuava no grupo que elaborou a proposta de reforma da previdência que, dizem, vai salvar o país. Como diria a Regina Duarte: que medo.

Esse i.m.b.e.c.i.l consegue sobrepujar o colombiano!

Com este ministro não vale a pena perder uma letra, Folha foca no Flávio e no Queiroz.

Em vez de proteção contra chuva de fake News o ministro devia tentar proteger a família a que serve, da chuva de granito que está se armando lá pros lados de Rio das Pedras.

Convém, então, não esquecer o vaticínio do poeta Heinrich Heine, ainda no século XIX: quem começa queimando livros terminará queimando corpos.