Ilustríssima > Lançado há 50 anos, Pasquim provocou ditadura e costumes Voltar
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Lembro-me perfeitamente o primeiro Pasquim, comprado pelo meu pai em uma esquina do Centro de Campinas. Não morava lá. Foi um sonho.™ášœe
Comecei a ler o Pasquim ainda criança, sem entender muita coisa, é claro. Nos artigos do Francis, aparecia muito a palavra "marxismo", que eu não sabia o que era. Arrisquei perguntar a adultos de minha famÃlia, que não explicavam: desconversavam. Um dia resolvi recorrer a nosso professor de Geografia no Colégio Santo Inácio. Fui direto ao ponto: "Professor, marxismo tem alguma coisa a ver com sexo?". Ele então me disse tudo o que eu precisava saber sobre sexo.
O Pasquim e o Jornal do Brasil foram os jornais da minha vida. Quanta saudade...
É curioso como ele prosperou na fase mais repressiva do regime militar. Talvez os filhos dos milicos gostassem da esbórnia e os pais aliviassem para o jornal.
O Pasquim fez parte de minhas leituras de jornais e revistas durante toda a minha juventude. Foi fenomenal.
Mas O Pasquim também namorava ditaduras comunistas. Na década de 1979, li, atônito, que um colaborador do jornal se lamentava pelo fato do Vietnam comunista ter invadido o Camboja para acabar com o regime de Pol Pot, lÃder do Khmer Vermelho, responsável pelo genocÃdio que ocorria naquele paÃs, que em quatro anos, foram executados cerca de 1,7 a 2 milhões de pessoas — cerca de 25% da população da época, incluindo servidores públicos, militares, policiais. O Pasquim, pelo visto, era humor negro.
Vou esperar sair a publicação digital na Biblioteca Nacional para saber o nome do indigitado jornalista, que era contra a ditadura militar, mas namorava o genocÃdio comunista cambojano. Não era para eu estranhar. Afinal, a esquerda progressista sempree apoiou, ostensivamente, as ditaduras cubanas, venezuelanas e norte coreanas. Veja a opinião da presidenta do PT, Gleisi, sobre Maduro!
Li o Pasquim praticamente desde o Ãnicio. A reportagem deixou de citar os atentados sofridos pelo jornal. Um atentado me chamou a atenção: o uso de botijão de gás!
A entrada do Pasquim na hemeroteca digital é uma grande notÃcia. Ficará acessÃvel a pesquisadores do jornalismo e da resistência a Ditadura.
Era um jornal provocador, anárquico e sério ao mesmo tempo!
Era uma época em que vivÃamos em busca de liberdade e o Pasquim representava essa busca. Me recordo de esperar ansioso o próximo número e me deliciar com os artigos e charges. O bom humor e a irreverência era marcante.
A inteligência desses cartunistas é indeclinável. É provável inclusive que a sua arte seja atemporal, tal como a poesia de Fernando Pessoa, pois que, como diz Raul Seixas, "...mas como a história sempre se repete, de tanto feitiço ele se enfeitiçou ...", mesmo que sejam em valores ao contrário. Porque aquilo que o Pasquim idealizou, jamais se materializou na sociedade dos descerebrados.
Descobri uma palavra menor. Folha, eu não cliquei em nada.
Me lembro de uma vez em que o Paulo Francis apareceu com uma brincadeira que tinham feito, tentando descobrir a menor palavra com o maior número de consoantes. Ele descobriu a palavra " Constante ". Eu descobri uma palavra com mais consoantes e me apressei para mandar pelos Correios. Fui salvo por um amigão meu, que me falou para eu não mandar, pois com certeza eu iria ser investigado. A palavra era : Monstro. Plural, Monstros.
Colecionei a revista Senhor desde o primeiro número. O Pasquim também. Saudades da Dona Eldemar Barbosa e todos os outros.
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