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A Ciência já está nas praças há muito tempo. Bem que a FSP poderia divulgar estas centenas de iniciativas.
Há dois anos, um artigo do fÃsico Marcelo Gleiser me chamou a atenção pela aparente insensibilidade quanto aos efeitos sociais e humanos das descobertas cientÃficas. Ele dizia que os cientistas devem pesquisar sem se preocupar com o uso que suas descobertas venham a ter, deixando decisões dessa natureza aos polÃticos e à s empresas que patrocinam as pesquisas. Pelo menos foi o que entendi. O editorial, agora, acertadamente afirma o oposto. Fazer ciência exige ética, não há dúvida possÃvel.
Importante editorial. Muitas vezes, a ciência avança por pequenos e invisÃveis passos, como um tijolo que no futuro poderá virar uma parede. Todavia, os cientistas devem estar atentos para não somente buscar citações de seus pares, mas, sempre que possÃvel, se esforçar para que seus resultados e as possÃveis implicações para a sociedade como um todo possam ser amplamente conhecidas. O Altmetric score é uma métrica interessante que avalia a repercussão midiática e nas redes sociais dos artigos.
Quero fazer uma crÃtica ao moderador desse debate: censurou-me, pois comentei que o pesquisador não deve ter sectarismo com os colegas (quem faz pesquisa aplicada demoniza quem faz pesquisa básica e vice-versa); bem como defendi que é preciso liberdade, autonomia, dedicação exclusiva;enfim, fazer ciência com consciência. O básico que é exigido em todos paÃses que valorizam a ciência de forma séria...
A FSP distorce o incidente entre o Presidente e o cientista. O funcionário público tem o dever de manter a hierarquia, principalmente quando se trata do mandatário da nação. Galvão deveria ter tido humildade e a paciência para reconhecer que estava tratando com leigos e que precisaria de um enfoque mais didático do que acadêmico numa matéria tão sensÃvel. Em vez disso partiu para o proverbial "sabe com quem está falando?" A corda rebentou do lado do mais fraco como sempre, mas IMPE sobrevive.
Galvão passarinho. Os medÃocres, mesmo que estejam nos mais altos cargos, estes felizmente passarão.
Seria o caso se o presidente tivesse simplesmente duvidado dos dados, mas ele levantou a suspeita em público de que o Galvão estaria a serviço de alguma ONG. É como o diretor de uma empresa, questionado por algum número negativo no balanço, falar a sério numa reunião de acionistas que o gerente da contabilidade deve estar a serviço de algum concorrente.
Não somos contra a pesquisa básica ou a pesquisa aplicada; discordamos dos sectarismos: os da "básica" proÃbem o desenvolvimento da "aplicada" e vice-versa. Os pesquisadores precisam de liberdade, autonomia e dedicação exclusiva para desenvolver seus objetos. Entretanto, precisam produzir ciência com consciência. Ver: MORIN, E. Ciência com consciência; BACHELARD, G. A formação do espÃrito cientÃfico.
Sim, diante da defesa de polÃticas apequenadas (sejam de direita ou que se dizem de esquerda), as quais têm como pano de fundo o avanço do garimpo, exterminação da comunidade dos Ãndios, crescimento das queimadas nas florestas; diante de um pensamento único que destrói a democracia em nome dos interesses de 1% da população mundial, o pesquisador atual não pode falar apenas para sua "bolha", quiçá ser neutro....
Ciencia, assim como social, são palavras que parecem dizer tudo mas dizem nada. Para q o governo brasileiro deve fazer caras pesquizas basicas, inuteis no tempo q se faz, e nas absurdas universidades, se outros paises a fazem, e por razões academicas eles são publicadas pra quem quiser ver aplicação? Note que pesquisas aplicadas, as de uso imediato, são feitas nas empresas em qq parte do mundo onde for mais barato fazer, registrando patente no pais de seu interesse.
O brasileiro Ricardo Galvão foi ainda escolhido pela principal revista cientÃfica interdisciplinar que existe devido a sua coragem em rebater os comentários mentirosos do presidente da República e desafiá-lo ao debate público pela veracidade dos dados que defende, sabendo que isso custaria o seu cargo. Parabéns a ética e a coragem do pesquisador, fÃsico da principal universidade do paÃs e membro da Academia Brasileira de Ciências.
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