Hélio Schwartsman > Decência democrática Voltar
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Hélio Schwartsman, continuando...Não se trata de um problema moral, mas dos interesses de classe em jogo. Não há moralidade que resista à menor ameaça sentida pelos donos de tudo a sua propriedade, a seus superlucros, a seus privilégios.
Cara, Ana. Diga isto aos parlamentares suecos, dinamarqueses, canadenses, noruegueses... A moralidade e o senso republicano são, sim, possÃveis. Cabe a nós construÃ-los. No Brasil, pelo visto, vai demorar - se conseguirmos. Hélio está certo: é impraticável deixar tudo nas mãos das leis, a autocontenção é fundamental.
Caso Hélio Schwartsman se dispusesse a sair de sua bolha teórica e ideológica, encontraria no marxismo uma resposta mais convincente. As regras do jogo democrático são respeitadas pelo burguesia enquanto seus interesses não são contrariados. Basta uma pequena expectativa de avanço popular na direção de democratizar a economia e a polÃtica e os donos do capital corrompem as regras, as interpretam como bem entendem ou usam a força sem pudor. Exemplos não faltam, especialmente na América Latina.
dizer que cláusula pétreas podem ser mudadas leva à lógica de que não são pétreas. se tudo pode ser relativizado, então a vida, o direito à liberdade de imprensa, à liberdade de expressão, a não ser discriminado, então todos esses direitos podem ser relativizados. já temos um sistema bicameral, e nem por isso as leis que saem do congresso são favoráveis aos interesses da maioria da população, e, portanto, não melhoram nosso sistema democrático, se podemos chamar assim.
"Decência" é uma palavra que sempre evoca coisas engraçadas e não sérias, como o dragão para Borges: suscita imagens paternas com sermões dirigidos a adolescentes e seus hormônios. Ao concluir o texto apelando para esse tropo, Hélio se insere na linha de Avishai Margalit, autor de "The Decent Society", que persuade mais pela emoção que pela razão. Juristas pragmáticos não apelam assim, mas nosso bom articulista sabe que estamos em tempos sombrios, em que evocar fatos sem sentimentos não cola...
Talvez Hélio faça referencia à uma singularidade local: o risco representado pela extrema indecência que ocupa o poder. Pode ser?
Só a Lei do Valor determina a verdadeira democracia.
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