Ilustrada > Sérgio Sant'anna, morto aos 78, fez tudo o que era possível com palavras Voltar
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Fico com uma sensação de orfandade que, nesses tempos sombrios, não me larga, e um amargor que persiste: foi-se também Aldir Blanc e Flávio Migliaccio (esse morreu denunciando o nosso descaso com o velho, nossa soberba diante da velhice), entre tantos outros que terão a vida abreviada como consequência da nossa imprudência ou insensibilidade.
Ele era um esteta da lÃngua. Em cada livro (quer seja conto ou romance), ele ia afinando as palavras, encontrando o ritmo, ia explorando imagens surpreendentes junto a elucubrações sobre a criação literária. Cada livro tem uma sonoridade própria, como se houvesse diferente autoria a quem ele dava corpo e voz, como numa possessão. Dizem que muitos autores escrevem o mesmo livro a vida inteira, uma mesma dicção perpassa toda a obra. Não é o caso de Sérgio Sant'Anna.
Como me sinto culpado por ainda não ter lido as obras de Sérgio Sant'anna. Me sinto culpado por ter deixado de lado Rubem Fonseca. Culpado, confesso, por ter preferido os clássicos franceses e praticamente esquecido que nós temos o que há de melhor na literatura mundial. Me penitencio com a obrigação de reabastecer minha modesta biblioteca com Sant'anna, Fonseca, mais Machado de Assis e Guimarães Rosa. Tenho tanta vergonha e culpa por esperar todo esse tempo. Peço perdão!
Também sou fã e leitor de Sérgio Sant'anna desde que li seu livro de contos "O Monstro" de 1994. Faço o luto saudoso de um dos nossos grandes escritores, mestre do conto urbano, fino tradutor da cultura brasileira. Parabéns à Gustavo Pacheco pelo texto acima.
Excelente texto, ainda não li o autor. Mas com certeza lerei, afinal um artista com tantas qualidades na nossa literatura deve ser lido e sua obra eternizada pelos seus leitores e futuros leitores.
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