Hélio Schwartsman > Melhor do que derrubar estátuas é reuni-las num parque dos enjeitados Voltar
Comente este texto
Leia Mais
Aproveitando a onda: Exluam o nome de Getúlio Vargas de todas as ruas, praças, avenidas e falculdades, pois seus ministros militares faziam declaraçõs explÃcitas a favor do nazismo. O próprio GV enviou um telegrama desejando boa sorte na guerra a Adolf Hitler.
Em Budapeste, após a desmantelamento da União Sovietica, os monumentos, estátuas, que existiam na Hungria daquele perÃodo, foram levados para um parque criado para esse fim. São belÃssimos e seria uma pena que tivessem sido destruidos.
'Pelo menos em algum grau, é preciso separar as realizações das pessoas de julgamentos sobre sua biografia'. Exato, Schwartsman, um sopro de sobriedade e razoabilidade em meio ao turbilhão de hipersensibilidade, hipervitimismo e excessos de politicamente correto, que descambam pro anarquismo autoritário.
Esse tema ainda precisa ser muito discutido.
É realmente uma ideia interessante e viável. Terá, contudo, de ser alterada a cada geração, pela velocidade em que muda essa sociedade lÃquida. Destruir nunca, pois, pelo menos, as imagens servem de provocação à reflexão. Os destruidores estão ingenuamente varrendo para baixo do tapete a sujeira que deveria ficar à vista.
Não exitem pessoas estatuáveis, mas obras estatuáveis. Todos somos contraditórios. Temos é de parar de demonizar ou endeusar pessoas, e passar a condenar e elevar obras, atitudes, posturas.
A Hungria fez isso com as estátuas dos comunistas
Tens conhecimento da coleção de estátuas? Informe-nos.
Alguns casos são realmente escandalosos.Eu não sabia da existência da estátua do rei Leopold da Bélgica por exemplo. Durante algum tempo o Congo foi sua propriedade particular, já que nenhum paÃs se interessara, em parte pelo difÃcil acesso. Contratava mercenários que recrutavam trabalhadores nas aldeias à força, matando e mutilando quem se recusava. Estima-se mais de um milhão de vÃtimas. É como uma estátua a Hitler.
Totalmente de acordo.
Concordo com o articulista. Pensando bem não vamos encontrar muitos estatuáveis ao longo da nossa história. Talvez alguns com ressalvas.
Idem, ao passar dos tempos, ideologias e revisionismos, não sobrará um único estatuável.
Destruir estátuas não destruirá o passado da humanidade. A humanidade sempre caminhou direcionada por um instinto de sobrevivência e selvageria, valorizando três pilares, ser rico, ser vencedor, não ser muito diferente.A pobreza os derrotados e os contestadores também possuem suas histórias ,porquê distruir ou negar, na derrota e erro existe muito de ensinamento e aprendizado.
Melhor que isso seria colocar todas as estátuas e monumentos em rodinhas, pois de acordo com a corrente polÃtica vigente, seriam heróis ou bandidos. O Coliseu, por exemplo, obra de uma nação imperialista e colonizadora. O Parthenon, obra de gregos escravistas. E por aà vai...
De fato, não existem heróis.Se ñ forem uns a realizar, serão outros. A conjuntura, ou a base material, é determinante. E ñ deveria haver poder, pelo menos hoje, pq o poder de uns ñ faz ordem p os outros. O poder sim , deveria ser banido pelas barbaridades q fez e faz. Como os povos ñ tem ideias para o futuro agora perseguem o passado. Negar o passado e negar-nos a nos mesmos. E ou todos são inocentes, ou todos somos culpados.
A URSS assim como outros regimes mais ou menos totalitários sempre foram pródigos em impor sua versão da história. Um monumento conta mais sobre os homenageandos do que sobre o homenageado. Borba Gato que era caçador de Ãndios inimigos dos que os ajudavam na empreitada, também matou um representante da Coroa que incomodava seus negócios. Que se explique a sociedade a razão e o contexto da homenagem. Melhor do que apagar a história toda. Isso é que uma sociedade adulta poderia fazer.
O vandalismo contra os monumentos está mexendo com nossas vÃsceras, corroendo as representações sobre um passado que parecia bem estável e inocente com seus monumentos erguidos em memória de Fulano ou Beltrano. Concordo que, olhando de perto, ninguém é herói; por outro lado, os monumentos respondem a uma necessidade humana de perpetuar pessoas e seus feitos, pelo menos os que interessam a uma coletividade em dado tempo.
Eu queria saber se são antirracistas ou um braço desarmado ou não do Talibã? Aqueles senhores que destruÃram templos e imagens, que serviço prestaram a eles e à humanidade? e os outros muçulmanos, os protestantes, e os católicos? sobres estes últimos, leia, A chegada das trevas, de Catherine Nixey. Primeiro os monumentos e sÃmbolos, depois o próximo. Delenda a História? Delenda o outro? Delenda tudo? Já fui mais niilista...
A distinção sugerida ainda não é satisfatória. Há gradações mais sutis entre Churchill, Borba Gato é o traficante de escravos. Sempre lembrando que um hipotético e alucinatório governo militar nos trópicos provavelmente mandaria derrubar a estátua do Almirante Negro João Cândido, erigida no Rio com a presença de Lula.
Po.rra, que falta do Aldir e da Elis... Essa estauta ia dar fila na Roda.
Caro Hélio, achei excelente sua ideia, que o colega Geraldo informa já existir. Ideia justa e precavida, por que se poderá cobrar entrada e, quando o Weintrolha falar sobre privatizar educação pública, manda-se ele calar a boca e administrar o parque. A bem da inovação, pode-se criar a Roda dos CaÃdos que, a exemplo da antiga 'dos Enjeitados', servirá para lidar com as figurinhas repetidas, permitindo-se sua adoção privada: p.ex., o véio da Havan poderá colocar o Borba Gato diante de suas lojas
'Verdades intestinas do mundo?' Seguindo a metáfora anatômica, nada atenua a raiva quando o portador (do intestino, não da raiva) extrai suas disposições e falas das aflições que afetam sua extremidade visceral - suas hemorroidas malferidas.
Sem heróis, quem servirá de inspiração para os jovens?
Gente de verdade, Paulo, que, como os moleques reais, têm pai e mãe imperfeitos, colegas imperfeitos, educação precária na escola, propaganda espúria na TV, amores estropiados de todos os tipos e cores, fazendo dessa zona o amálgama concreto de onde derivam seus comportamentos. Passa-se, assim, menos raiva quando em contato com as verdades intestinas do mundo.
Foi exatamente o que eu pensei. Um museu só de figuras enjeitadas. Na Espanha existe o Valle de los CaÃdos, com as figuras da ditadura franquista. Pois bem, com a democratização ninguém hoje visita esse lugar aziago.
É por falta de escarradeiras, Geraldo. Pode-se também colocar no meio do parque um vomitório, que diz-que havia nos salões romanos de orgias, um precursor inventivo e arrojado dos métodos bulÃmicos contemporâneos.
Busca
De que você precisa?
Fale com o Agora
Tire suas dúvidas, mande sua reclamação e fale com a redação.
Hélio Schwartsman > Melhor do que derrubar estátuas é reuni-las num parque dos enjeitados Voltar
Comente este texto