Ou o canto do cisne?

No caso dos brasileiros, a questão é surrealismo puro, pois não se trata do imprevisível. Cisne negro ou rinoceronte cinza. O caso do incêndio do Teatro Nacional, onde bastava retirar provisoriamente todo o acervo e fazer as obras necessárias, de conhecimento de todos, inclusive gestores cientistas, para evitar, não o incêndio, mas a destruição do acervo; e milhões de brasileiros e estrangeiros a pular alegremente o Carnaval de 2020 nas ruas, em plena pandemia, estão mais para Asinino sinistro.

A Ciência procura respostas para o como as as coisas acontecem. Nesse negócio, as ciências exatas são muito mais bem sucedidas. Agora, considerar previsível uma pandemia provocada por um vírus, uma indefinição da ciência, e que alguma providência poderia ser adotada, com sucesso, para impedir a contaminação por um vírus desconhecido, ou mesmo a sua eliminação, seria exigir da pobre ciência algo que nem mesmo os políticos se atrevem a prometer.

Previsível? Como? Em qual das teorias do fim do mundo deveríamos apostar nossas fichas? Na imprensa, há jornalistas que propagam notícias acerca de pesquisas científicas como se verdades absolutas fossem. Esquecem, que, como coexistem bons e maus jornalistas, há bons e maus médicos, bons e maus cientistas. Todos eles, os bons, têm em comum o bom hábito de checar exaustivamente suas fontes. Agora, os maus, dizem o que lhes vem a cabeça.

Acabei de assistir 'a palestra do Bill Gates no TED 2015: ele já desenhava esse cenário que estamos vivendo agora, uma epidemia viral capaz de matar milhões de pessoas e fazer desabar a economia. Com base no Ebola, ele antecipa a necessidade de nos preparar para uma nova epidemia. Eis o nosso rinoceronte cinza: não é uma guerra nuclear, e sim um minúsculo germe.

De fato, essa é a primeira pandemia, em plena era do smart phone. O medo e histeria foram catapultados em tempo real. Os políticos e médicos, entraram, em nome da ciência, no clima de oportunismo habitual. O maior exemplo, alem dos citados, é o tabagismo, explicitado na revista científica da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), onde, estima-se que morram mais de 6 milhões de fumantes no mundo, anualmente. Provavelmente, a reação ao vírus será mais nociva que o próprio.

Quando há chuvas torrenciais e barracos desabam em encostas, lamentamos as perdas tão evitáveis e previsíveis. Mas a rigor, se lugares perigosos para morar fossem a sério evitados, o Japão deveria ser evacuado, assim como a costa oeste dos EUA, a sul de São Francisco, inclusive.

Se a análise está certa estamos caminhando para um megadesastre aqui no Brasil. Seja pelo covid. Seja pela crise econômica subsequente.

Análise equivocada. Nenhuma pandemia é previsível. Analise retrospectivamente ou fatos.

Quando olhamos para o retrovisor da nossa história, muitas coisas são previsíveis por se repetirem com maior ou menor regularidade (terremotos, vulcões, guerras, epidemias, asteroides, etc), porém não necessariamente evitáveis (aliás a grande maioria não é) ou totalmente previsíveis (com exceção de alguns eventos astronômicos, como cometas e eclipses, por ex). Portanto, tergiversar sobre isso é mero exercício acadêmico que consome tempo desnecessariamente

Hélio, você erra exatamente ao afirmar que a covid-19 era totalmente previsível. Os infectologistas são cientistas que formulam teorias científicas. Suas teorias não são idéias que nascem do nada e ficam soltas por aí para um filósofo as manipular para sua vã filosofia. Os infectologistas dizem que as pandemias têm uma probabilidade de ocorrência, pequena como vimos pela história humana; mas dizer que era totalmente previsível é metafísica. É olhar para o passado e prever o já ocorrido.

Nem cisne negro, coisa linda, nem o rinoceronte cinza. Deveria ser evitável, já que extrapola até o que um rinoceronte ou um elefante podem fazer quando descontrolados. Num certo lugar acontece algo que desequilibra o meio ambiente? Este lugar costuma exportar problemas de saúde? Nunca antes? Ou já antes, e o mundo deixou quieto?

Comportamentos não são 100% racionais, nossas escolhas derivam de um processo mental complexo que abrange o irracional, ou as manifestações do inconsciente, como queiram. Conteúdos ideativos e afetivos estão sempre interligados nesse processo. A Marcha da Insensatez (Barbara Tuchman) demonstra isso. Várias catástrofes históricas não aconteceram por desinformação, mas pelo desejo de negar a informação (a dimensão racional),

A racionalidade é insuficiente para direcionar comportamentos, pois mesmo sabendo que fumar faz mal, muitos continuam a fazê-lo...Quanto a fauna, uma coisa é certa: com a contínua extinção de animais promovida pela estupidez humana, teremos que recorrer aos insetos para referenciar comportamentos ou eventos extraordinários...

Nós ñ existe, ainda. Somos eu, nos, ele, eles e o outro. Ñ ha alinhamento, mas dispersão, pra ressolver problemas macro possiveis. Devaneios a parte, ha problemas mais urgentes e acontecendo que exigiriam mais ação, se soubessemos a solução. Faz parte do dia a dia a pobreza e os problemas d falta de Cura (ex Saude), a falta de infraestrutura, entre muitos outros. Qto ao Covid, nem se sabe direito se de fato tem a dimensão que se da ou é uma trama politica. Saberemos ao final.

Como a matemática às vezes é poética, não é? Cisne negro... Parece-me que, em nossa criatividade, criamos o 'ju-mento rosa', evento único na distribuição de probabilidades: depois de uma ditadura militar, com duas dezenas e meia de anos de generais na cabeça, tendo deixado uma ferida laz+arenta aberta na sociedade (não fede, mas também não fecha), elegemos um mili.co de baixa patente, bu_rro, com um séquito asini-no. É o cisne feio, bu.rro e malvado, a ab.erração estatística.

Oi Helio, na verdade os cisnes negros sao os eventos extremos de uma distribuicao em lei de potencia, tipo os grandes terremotos na lei de Gutemberg Richter. Neste caso nao são previsíveis (mesmo os terremotos pequenos nao sao) mas esperados. A covid então seria um cisne negro sim (a menos que seja um evento mais raro, um dragon king, como os terremotos recorrentes de Toquio e Costa Leste).