Ilustríssima > Império não é avô da ditadura militar nem bisavô de Bolsonaro, diz professor Voltar
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Parabéns... Um texto que, longe de jogar ainda mais gasolina na atual polarização polÃtica do Brasil, joga luzes interessantes no perÃodo com seus fatos e interpretações... Muito bom...
As Monarquias tiveram o seu fim quando as cabeças dos Romanov rolaram nos salões imperiais da Europa em 1918 durante a vitória da Revolução Comunista Russa em que a famÃlia imperial foi fuzilada e seus corpos escondidos em valas comuns. Os poucos sobreviventes de uma monarquia representativa no resto do mundo só levam os tÃtulos e a parca miséria que alguns governos financiam para exaltar que um dia foram alguém no jogo polÃtico da época.
Texto interessantÃssimo deste professor. Com a calma erudição de quem sabe onde pisa, desvenda um caminho possÃvel para o desemburrecimento histórico do qual sou uma das vÃtimas. Não me lembro de minha passagem pelos bancos escolares ter me servido tão bem ele modo tão oportuno para uma interpretação corrente do mundo. Interessante que um professor de nome tão estrangeiro venha desvendar os fundilhos de nossa história com tanta competência... ;-)
Qdo se fala em monarquia brasileira, o q me ocorre é q se vc se hospedar em Petrópolis ou Itaipava, é acrescentado em sua fatura final uma taxa exorbitante referente ao apoio financeiro q até hj é dada a essa gente.
Por que não falar do Haiti???? Medo?
Foi a primeira republica das Américas, onde todos os brancos foram mortos e os escravos criaram uma nação livre do colonialismo europeu que fede a esterco de porco aristocrático.
Ok
Texto erudito. Por isso mesmo muito distante e inalcançavel àqueles a quem se reporta, os do povo em geral, que tem uma interpretação inviesada da históriada, promovida por simpatizantes do atual governo. Se o fim era esclarecer aqueles, termina por faverece estes últimos.
Victória, o autor poderia ter simplificado o texto a ponto de caber num desenho da Pepa Pig, de nada adiantaria. Os "simpatizantes do atual governo" vivem de "opiniões e convicções", e nada no mundo, nem a experimentação, os fará mudar. Estou concordando cada vez mais com o Zaratustra, de Nietzsche, que desce ao convÃvio dos homens e se decepciona porque eles não conseguem ou querem enxergar - e interpreto aqui esse enxergar como ter ponderação e pelo menos um mÃnimo de raciocÃnio crÃtico.
Querer monarquia num paÃs onde essa tradição acabou não faz sentido. As teorias minions são um amontoado de ideias supostamente conservadoras criadas no WhatsApp. Nada precisa fazer sentido, abraçar uma bandeira dos EUA ou de Israel é visto por eles como patriotismo, patriota de algum paÃs se declara como tal abraçado a bandeira de outro paÃs? E essa deferência a idade média?
Ótimo texto! Um bom contraponto à falácia insinuada daquele texto anterior, que criava uma relação bilateral entre o perÃodo Imperal e o reacionarismo olavista. Devemos nos lembrar que a criação de narrativas sobre um passado áureo e apropriação de sÃmbolos daquele passado é uma das arma do fascismo. Foi a mesma coisa que os nazistas fizeram com a Roma Antiga.
Dizer de um regime escravista que foi ‘menos restritivo à liberdadeÂ’ que os demais da AL só mostra que esse tipo de estudioso só pensa a politica do ponto de vista da elite. Vá dizer isso aos escravos da época, pergunte a eles se não trocariam de lugar com os cidadãos argentinos da época de Rosas. Enfim, Nabuco, o Ãdolo do autor, chegou a dizer isso: que os negros prefeririam continuar escravos para que Isabel pudesse reinar (e ele pudesse ser o primeiro ministro, é claro).
O Brasil adotou o mesmo sistema de branqueamento, com o favorecimento da vinda de estrangeiros para aqui trabalhar. lembra, do fim do século 19 e começo do 20, em que vinham para cá estrangeiros de toda ordem, sob o pretexto de que eram mão de obra mais capacidade que a aqui existente?
A Argentina adotou uma polÃtica de branqueamento tanto quanto o RS na época do Império. O sudeste não exterminou os negros pq a economia da época dependia do trabalho escravo. O sul dos EUA eram um caso à parte pq o norte se tornou rival da Inglaterra, que estimulou a cisma entre o sul e o norte, apoiando o sul, em prol de seus próprios interesses. O problema da Inglaterra era com o tráfico mais que com a escravidão, e por n razões a escravidão no Brasil dependia do tráfico mais que nos EUA.
A República Argentina da época exterminou os seus escravos depois da abolição, assim como fez com grande parte de suas tribos indÃginas, para prevenir posse de terras. Não sei se cabe tal pergunta. Você nnca se perguntou porque praticamente não há negros na Argentina?
O perÃodo entre 1885 e 1888 foi ultrareacionário, de repressão feroz ao movimento abolicionista. Isso mostra que o regime da época só parecia tolerante e ‘republicanoÂ’ pq não precisou, na maior parte do tempo, lidar com demandas sociais. E tb que a monarquia também não teve nada a ver com a suposta tolerância e progressivismo.
A monarquia brasileira não foi reacionária pq ela era o próprio status quo. O que os reacionários de hj sonham é exatamente que um regime social desigual e desumano volte a ser status quo e que não precisem mais ser reacionários; ficariam confortáveis na posição de conservadores. E eles têm razão em olhar para a época do Império em busca dessa utopia, pouco importa quantas lÃnguas Pedro II falava. Tampouco importa se uma república novecentista seria essencialmente diferente.
O papel da monarquia, ignorado no artigo, foi ser fiadora da escravidão junto à Inglaterra, que havia isolado o Brasil com uma série de tratados que vetavam o tráfico (v. Alencastro). Se o Brasil fosse uma república (ou várias), o tráfico e a escravidão teriam que terminar muito antes, por bem ou por mal, ainda que por fraqueza do próprio regime. Independentemente das intenções dos agentes, o legado do sec. XIX seria muito mais positivo.
Claro que a abolição por si só não resolveu o problema, mas o primeiro passo tinha que ser dado, e o desafio da igualdade é maior no Brasil exatamente porque a escravidão foi mais intensa e durou mais tempo, e isso aconteceu graças à Monarquia. A Inglaterra determinou o fim do tráfico e um Brasil republicano não teria força para se opor, não é coincidência que todo o resto da América Latina tenha abolido a escravidão muito antes do Brasil.
Perderam o pouco que tinham para os novos imigrantes europeus, que tomaram posse das terras conquistadas após centnas de anos de escravidão, é so pesquisar para saber como o sul do Brasil foi todo "europeizado" a fogo e bala, talvéz se espelhando nas repúblicas rio-platenses, deixando até hoje um legado de racismo muito profundo na região, isso só para citar um exemplo.
As repúblicas da época eram tão fiadoras da escravidão quanto a monarquia, vide a norte americana, é só observar como as novas republicas lidaram com esses novos "cidadãos" negros, que nunca foram tratados como tal, foram sim relegados a própria sorte sem nenhum tipo de suporte, ma fachada os novos governantes republicanos se pintavam de libertadores e democratas, mas por baixo dos panos deixaram ocorrer massacres e todo tipo de abusos comtra o povo negro.
O autor tb foge do ponto ao enunciar datas de abolição. O ponto principal é que todos os paÃses citados, e tb os EUA, aboliram o tráfico negreiro no inÃcio do século XIX. Assim, com exceção do sul dos EUA, caso muito diferente da AL, pois tinha força para resistir ao bloqueio inglês, os demais paÃses já tinham população escrava mÃnima por volta de 1850. Quanto ao México, é um acinte dizer que tentaram arranjar um rei. A França tentou colocar um rei fantoche lá, que os mexicanos assassinaram.
Abolir no papel é muito simples, a escravidão perdurou com outro nome, a neo-servitude.
Uma grande aula de história na manhã de sábado.
Primeiro, se a monarquia não teve nada a ver com a escravidão, tb se poderia dizer que não teve nada a ver com a integridade territorial, sem levar em conta se tal integridade é mesmo alguma vantagem. O Chile e Argentina, uma vez constituÃdos, não se esfacelaram. Ao contrário, aumentaram seus territórios. E é inegável que hj têm sociedades mais igualitárias e melhores que a nossa.
É preciso ler O Trato dos Viventes para entender que a importância do tráfico negreiro na sociedade brasileira, do século XVII a 1850 foi se tornando maior que a da própria agricultura baseada no trabalho escravo. Na conclusão do livro ele projeta a situação no perÃodo imperial. Para ir direto ao ponto, ver O Tráfico Negreiro e a Unidade Territorial Brasileira, do mesmo autor. Quanto ao Lynch, ele acha sim que o Império não teve nada a ver com a escravidão, e escreveu isso no artigo.
Não dá para associar causa e efeito dessa maneira, primeiro a população brasileira ja era bem maior e diversa que os outros paÃses da região, o território nacional muito mais complexo e inóspito e com o grande problema que a grande maioria das terras agrárias disponÃveis eram utilizadas para a monocultura de exportação. O Brasil não teve a facilidade que esses outros paÃses tiveram em exterminar os ex-escravos e povos originários, pela amplitude do terreno e pela população bem maior aqui.
O autor não toca nesse assunto, ele simplesmente esta tentando afastar ligações simbólicas que estão sendo feitas atualmente sem base histórica, ele justamente alerta pra a simplificação de temas yão abrangentes e multifacetários com intuito polÃtico.
Ué, mas esse livro (O Trato dos Viventes) não trata do Brasil Colônia? O autor está falando do Brasil Império.
O que falei sobre integridade territorial foi em contraponto ao que o autor do artigo disse sobre escravidão. Tanto se pode vincular como desvincular do regime monárquico, são hipóteses. Sobre o imperador ser o fiador da escravidão, leia O Trato dos Viventes, de L.F. Alencastro. O autor do artigo sistematicamente evita enfrentar as conclusões deste livro.
A integridade territorial foi logicamente conseguida através da figura centralizadora do PrÃncipe Regente (depois Imperador). Por isso que se relaciona o regime com este fato. Já a escravidão, ela era apoiada pelos grandes agricultores, que não tinham compromisso algum quer seja com monarquia quer seja com república. Tanto é que muitos se tornaram republicanos após a Lei Ãurea. Em outro comentário você disse que a monarquia era "fiadora" da escravidão, pode explicar como foi isso?
De forma pretensiosa, o autor pretende pairar acima da discussão, mas na verdade é indisfarçável que o artigo é uma defesa velada, senão da monarquia, do regime supostamente liberal exclusivista do segundo reinado. É muito comum em historiadores cientistas sociais liberais à la Nabuco a idealização daquele tempo, e principalmente da figura do Imperador. Mas sempre caem em contradições óbvias.
Como esse último artigo foi escrito por 2 historiadores, o Lynch, que é cientista polÃtico, foi menos agressivo na crÃtica, mas o que ele queria mesmo era desvincular o 2o reinado da escravidão e apresentá-lo como um perÃodo liberal. No fundo, há 2 idealizações do Imperio: a reacionária dos bolsonaristas e a liberal de pessoas como Lynch e Nabuco (Nabuco tinha a razão dele, pq perdeu a chance de se tornar a eminência parda do Brasil em um eventual 3o reinado).
A história completa é a seguinte: ano passado a Ângela Alonso escreveu um artigo na IlustrÃssima dizendo que os bolsonaristas gostam do Império pq foi uma época de atraso e violencia. O Lynch escreveu um texto dizendo que tanto os bolsonaristas quanto a Alonso entendem errado o Império, e ainda disse que não conhece nenhum historiador com a mesma visão do Imperio que a Alonso, que é socióloga. Aà saiu o artigo de semana passada, que reafirmou que a base do Imperio foi a escravidão.
Entendi Gustavo, obrigado por fazer a associação, agora clicou!
Não, ele está respondendo ao artigo de Thiago Krause e Paulo Pachá na IlustrÃssima da semana passada. Ele no fundo acha que a associação dos bolsonaristas com o Império é injusta com o Império, que ele vê como um perÃodo liberal na vida polÃtica do paÃs. Na verdade só pareceu liberal pq uma estrutura extremamente arcaica (já para a época) não foi desafiada.
Eu acho que ele deixa brexa para discussão mas deixou de ser mais enfático porque o tema não era esse, não por querer defender a monarquia, ele não esta fazendo uma recompilação histórica linear, ele só esta alertando para o perigo de querer pintar o perÃodo monárquico como uma entidade única e associá-la ao conservadorismo reacionário de parte dos defensores do governo atual, para tal ele fez uma digressão para tentar mostrar algumas faces do império que são contrárias a essas leituras rasas.
Parabéns, ótima leitura.
Excelente! Parabéns ao autor e à Folha!
Um sopro de razão e ponderação, em contraste com a abdicação do pensar que caracteriza a maior parte do atual 'debate' público, inclusive neste estimado fórum.
Pois é, aÃ, estou me aproveitando disso na segunda pela manhã. E ainda vai dar pano pra manga, vou ver a discussão anterior e a imensidão de links que este texto contém. Realmente, a discussão aqui tá melhor que a média, ainda que com um viés de 'voz da autoridade' - pelo menos para mim, que nada sei disso e não consigo julgar as diversas afirmativas.
Excelente análise. Lúcida e pragmática, desfazendo interpretações enviesadas da história. É uma pena que aqueles que tentam disfarçar a história não serão seus leitores.
Os maiores inimigos da história são os próprios historiadores, que adaptam os eventos às suas próprias ideologias. Como dizia o Tolstoy, 'Historiadores são como pessoas surdas, que seguem respondendo perguntas que ninguém perguntou.' Muitas vezes o fazem por conveniência, mas também por ignorância. Se o Hitler e seus sucessores tivessem escravizado a Europa, futuro historiadores haveriam de dizer que a Alemanha civilizou o continente. É assim que pensam os Europeus sobre as Américas.
Muito instrutivo. Realmente devemos desconfiar de tratados históricos com mocinho e bandido. Deodoro era monarquista e não conhecia os princÃpios básicos da República. Nossa História pode ser muito rica se observada verdadeiramente, e não usá-la como bola de cristal.
Ótimo exercÃcio de história compreensiva. Senti falta de uma menção sobre o Brasil ter sido a única colônia a sediar uma monarquia europeia a patir da transmigracao da famÃlia real portuguesa em 1807/1808, de Lisboa para o Rio de Janeiro. Para mim, o escravismo passa a perder sentido com a difusão do capitalismo, no qual o trabalhador vende a sua força de trabalho, ao invés de ser forçado ao trabalho pela escravidão, que transformava a pessoa em mercadoria.
Não é bem assim, simplesmente tiramos escravidão do nome e mudamos para servilhismo, a situação do trabalhador europeu na época poderia ser um pouco melhor que a dos escravos no Brasil mas não deixava de ser extremamente desequilibrada em relação a elite agrária/industrial, era praticamente um sistema de castas, o conceito moderno de liberdade nunca foi atingido nessa época, as escolhas eram entre a extrema pobreza e a exploração agressiva da mão de obra trabalhadora.
Acho uma falácia achar que foi o capitalismo que "libertou" os escravos. Eu penso o contrário, que na verdade foi o capitalismo que alimentou, de maneira cada vez mais selvagem, a escravidão. Você pode pegar, por exemplo, os discursos dos escravagistas no parlamento brasileiro antes da Lei Ãurea. Sabe o que eles alegavam? Que a abolição ia quebrar a economia do paÃs.
Ótimo Texto .
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