Abordagem muito interessante, Juliana. No "roda viva" o Emicida propôs outra leitura, que diz muito também sobre essas práticas que não são propriamente um modismo; ele disse que o "cancelamento" é uma simples forma de oposição, de contraponto. Parece ser de fato isso, mas de uma contraposição irrefletida, sem base, cuja agressividade é o sintoma intestino da falta de argumento. O gesto em si é muito simbólico, mas ainda mais sintomático parece ser o que ele representa coletivamente.

Ninguém melhor do que Ortega y Gasset para resumir a moldura em que, desesperadamente, move-se a articulista ao tentar equacionar uma legião de imbecis disputando a atmosfera cultural. Em 'A Rebelião das Massas' e 'O Homem e a Gente', o monumental filósofo espanhol logra êxito em demonstrar o homem invertebrado que Robert Musil desenhou tão bem em 'O Homem sem Qualidades'. No Brasil o buraco é abaixo do fundo do poço. A estupidez faz paralelo com o infinito no Planalto Central.

Ninguém melhor do que Ortega y Gasset para interpretar e resumir a moldura em que se desesperadamente move-se a articulista ao tentar equacionar uma legião de imbecis disputando a atmosfera cultural. Em 'A Rebelião das Massas' e 'O Homem e a Gente' o monumental filósofo espanhol logra êxito em demonstrar o homem invertebrado que Robert Musil desenhou tão bem em 'O Homem sem Qualidades'. No Brasil o buraco abaixo do fundo do poço. A estupidez faz paralelo com o infinito no Planalto Central.

Sempre valiosos os textos essa articulista. (P/Maria José)

O ambiente cultural, a academia inclusive, está tomado dessa instrumentalização do kitsch. Tem-se uma espécie de inversão dialética em que os clichés mais corriqueiros, mais banais, são celebrados como a verdade que denuncia o vão esnobismo e a hipocrisia dos "cults", com seu exercício aristocrático. Ora, é muito mais fácil à turba acusar o gosto "cult" de mera falsidade, apelando exatamente à autoridade estética da turba. Intelectuais não podem cair nessa esparrela, o resultado é um desastre.

Prezados leitores, para quem tiver interesse no estudo sobre Kitsch em Milan Kundera sugiro a leitura da tese "O kitsch como forma estética do idílio em A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera" (basta digitar no google) defendida pelo Departamento de Literatura da UnB.

Excelente artigo!

Brilhante texto sobre assunto tão espinhoso e banalizado pelo filisteísmo das redes sociais. A conclusão citando arendt foi a cereja do bolo. Excelente Juliana Albuquerque!

Desconfio que a categoria de 'filisteu' (cultivado ou não) doravante vai estar presente, de forma mais ou menos dissimulada, nos comentários críticos deste foro de lamúrias e provocações.