Demétrio Magnoli > O lado bom do cancelamento Voltar
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Texto irretocável.
Ao acompanhar os colunistas, fico satisfeito ao ver que cada vez mais estão tomando conhecimento da falácia que é o "lugar de fala", o politicamente correto e sua indignação seletiva.
Tem inocente que acha que quem não é de extrema-direita é ateu.Quanto ao cancelamento Marx e Fidel eram de classe abastada e falaram em nome do proletariado.
Meu caro... Sinceramemte. Muito obrigado!
Minha proposta hoje ao ilustre colunista é que explique a seus leitores,o "chancelamento" que parece ter dado à corrupção de "alto nÃvel" dos governos petistas em confronto com as de "baixo nÃvel",que hoje se "vê",ou se noticia,envolvendo câmara de vereadores,em seu comentário no programa Globonews em pauta,daquela emissora.Certamente não foi isso,mas em tempos de "cancelamento",é bom deixar claro quando "não se trata de "chancelamento"".Que Deus nos ilumine e um abraço fraterno nos ateus!
Apesar do tom provocativo e irônico exagerado do texto, há de se convir seus méritos, o debate público realmente se transformou, em grande parte, em um palco de cancelamentos aleatórios impetrados não sobre seres repugnantes, vomitativos, mas sobre possÃveis aliados que, como são seres humanos, cometem deslizes naturais. CrÃtica é a gênese da democracia, cancelamento é o limiar do totalitarismo.
A lógica do cancelamento decorre da impossibilidade epistêmica de universalizar a experiência, razão pela qual somente é válida a fala do sujeito enunciante. Legitimar isso é tornar a todos em ouvintes atentos e contritos, mas impedidos de dialogar, mesmo contrastar o que enunciado. O bom do cancelamento é, como dito pelo Demétrio, que depois se pode enunciar um vaffanculo sem medo de direcionar à pessoa errada e passar a dialogar com quem quer e importa.
"Desse modo, os adultos podem debater sem ruÃdos incômodos, enquanto as crianças brincam com seus pares." Obrigada por este instrutivo e divertido texto, Demétrio. Quando vemos canceladores espumando de raiva na internet por qualquer microcoisa e recebendo aplausos, percebemos que a sanha autoritária de alguns sempre encontra discÃpulos e capachos para conseguir se perpetuar. Cancelar agora é "virtuoso" e visa salvar o mundo de "ideias más". Faz parte de uma nova religião.
"Cancelar" é não conviver com a divergência.
engraçado é que o o autor do texto se coloca como adulto. Mas esse negócio de dizer você fica lá, e nós aqui desse lado do parquinho é bem infantiloide. É fácil ser contra o cancelamento quando se tem uma coluna na Folha e espaço na Globonews. O cancelamento pode ser muitas vezes injusto - aliás, nada diferente do que acontece com as crÃticas de modo geral. Agora a mÃdia é de mão dupla. A internet deu voz à multidão. Tá na hora de aprender a conviver com a divergência, Seu Demétrio.
"A internet deu voz aos imbecis" - Umberto Eco
Torquemada digital.
Li agora o artigo de Rosane Borges e entendi perfeitamente os argumentos dela para achar o texto de Lilia Schwarcz ruim. Se tem razão ou não, é matéria de opinião, mas só uma pessoa com déficit cognitivo pode dizer que ela não apresentou um mÃsero argumento.
Concordo com Demétrio. A questão do "local de fala" me lembra uma historinha, uma espécie de metáfora, da sociedade de poetas de "x" local: essa sociedade era fechada e os poetas liam seus poemas uns aos outros, e todos elogiavam-se, porque eram poetas e entendiam do que se tratava; mas alguém de fora leu os poemas e achou horrÃveis; houve reação enérgica dos poetas. E assim me parece esse conceito de "local de fala", com todo respeito.
O texto começa dizendo que Lilia Schartz foi cancelada mil vezes. Fica claro que cancelamento tem o sentido de uma crÃtica qualquer. E qual o problema nisso?
Como foi o linchamento da Lilia Schwartz? Um grupo tentou espancá-la em praça pública? Ou na verdade o que aconteceu foi que várias pessoas discordaram de uma opinião dela e escreveram textos com opiniões contrárias? Ela perdeu o emprego? E esse tipo de ação em massa só é feito por pessoas politicamente corretas? As ações da milÃcia virtual bolsonarista também podem ser chamadas de cancelamento?
"Cancelamento" é na verdade a novilÃngua do politicamente desonesto para linchamento que, além do digital, muitas vezes alcança a vida real da pessoa, seu emprego, seus patrocÃnios, seus relacionamentos.
Exceto pela indução indireta e intencional de que só partidos marxistas possuiriam lógica sectária, o texto é bom, pois trata do tema principal de forma inteligente e bem humorada. Sugiro ao autor gastar mais com essas últimas caracterÃsticas e menos ou nada com a primeira. Porque aqui ninguém é bobo. Ok?!
Fantástica, a sugestão de separar em redes separadas os "canceladores" dos que praticam a divergência civilizada. Excelente, porque assim eles próprios criam e administram a carnificina entre si, enquanto em outra praça os adultos expõem, discutem, debatem e aprendem entre si.
'Aprender entre si': é esta, Jove, a chave da questão do debate público. Ouso apresentar uma face ingênua e afirmar que não acredito que os bolsonaristas não aprendam com a leitura das crÃticas e dos debates. Talvez nem eles percebam ou se advirtam, mas algumas 'verdades' se insinuam e acabam se impondo - e o incansável retorno deles a este foro pode ser signo dessa assimilação não declarada.
Concordo plenamente, os tais canceladores não passam de crianças mimadas com argumentos infantis que só encontram eco entre seus semelhantes.
De fato, pelo menos três textos publicados nesta Folha disputaram entre si o tÃtulo de maior cancelador de Lilia. Em comum, além do ressentimento, a ausência de contra-argumentos, ou seja, lançaram ataques à pessoa da professora, e não aos argumentos da professora.
Demétrio, por que você fica tão diferente quando está na Globo News. Por que não é essa fonte de lucidez? Por que mergulha no ambiente infanto-juvenil da maioria dos comentaristas do canal (pois tem algumas exceções)? Seria muito gratificante ver a sua voz discordante em meio à monotonia insossa dos programas jornalÃstico daquela emissora. IncrÃvel, até Gabeira sucumbiu!
Pô, Hugo, não subestime o poder solerte e insidioso das videologias. Além disso, 'noblesse oblige': não ficaria bem contrastar de forma rotunda com Leitão, Camarotti e Ana Flor...
1. Cancelamento, doença social. Em A Rebelião das Massas, de 1929, o filósofo espanhol Gartega Y Gasset, como um legista, levanta o lençol que cobre o corpo frio. Divide a sociedade moderna no Homem-Massa, e nos grupos minoritários ou indivÃduos. As celebradas escolas, diz, ensinaram à s massas as técnicas da vida moderna, mas falharam na tarefa de educá-las, e a expressão dessa barbárie, seria o sindicalismo e o fascismo.
Agradeço o bom esclarecimento. Também Robert Michels, com sua 'lei de ferro da oligarquia' (1911), já apontara a tendência oligárquica das organizações sindicais (e partidárias). Minha observação não pretendia negar essas mazelas históricas, mas tão-somente contribuir para posicionar a obra visionária de Ortega. Valeu.
Tem toda a razão, Ayer, o sindicalismo deveria ser isso mesmo, mas na prática não é. Em On The Waterfront, Sindicato de Ladrões de 1954, filme de Elia Kazan, com elenco 1/2 boca, Marlon Brando, Eva Marie-Saint, L.J. Cobb, Rod Steiger e Karl Malden, espelho do que muitos sindicatos se tornaram. Feudos de grupos eternizados, manipulando assembleias. Nos sindicatos patronais, não é diferente, vide Fiesp e Cni. As cooperativas defendidas por Proudhon, também já foram assim, mas hoje são a esperança
Chamo a atenção do atento comentarista para sua referência ao 'sindicalismo' como sintoma do homem-massa. Este se enxerga como um igual não diferenciado, conformado e dissolvido na multidão. O sindicalismo, pelo menos no seu auge como agente organizado de lutas trabalhistas, é justamente o contrário: o autoreconhecimento como minoria diferenciada, aglutinada não pela 'mesmice', mas por supostos direitos derivados de posições de classe.
Corrigindo, Ortega Y Gasset
2. Cancelamento, doença social. Assim, a anti-cultura do cancelamento, e o ódio de manada do bolsonarismo, são as expressões do Homem-Massa, resultado da sua mediocridade e frustração. As redes sociais, se transformam nas galés, onde acorrentados à própria nulidade, os condenados ao bolsonarismo e ao cancelamento, remarão eternamente.
Teoria da ferradura. Estamos de alguma forma reféns de dois lados que se pensam opostos, mas acabam, no final das contas muito próximos.
"Acorrehtados à própria nulidade": isto, sim, é o homem-massa de Ortega.
Caro Luiz, o gado não tem capacidade intelectual para interpretar textos mais complexos. Parabéns Demétrio
O relógio marca 1:00 da manhã. Voltarei mais tarde para ver o quanto te cancelaram nos comentários. Gostei do texto.
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