Luiz Felipe Pondé > Revolução Russa é mais bem compreendida numa chave trágica Voltar
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Um equÃvoco formidável tanto na leitura quanto na interpretação dos processos históricos, sem nenhuma conexão com as forças estruturais que movimentam as formações sócio-econômicas e polÃticas, como se um ''deus ex machina'', vale dizer, a tal 'mão invisÃvel' atuasse em todos os segmentos humanos. Dissociar o processo civilizatório das decisões tomadas baseadas na realidade concreta, parafraseando Ortega y Gasset, pelo homem e suas circunstâncias, é fazer tábula rasa da vontade humana e negá-la.
Eu sou cético com relação ao acaso na História. Soa um tanto como nos contavam os professores antigamente sobre Cabral ter descoberto o Brasil, quando tentava uma nova rota para a Ãndia.
O empirista lógico Herbert Feigl e Marx, separados pelo tempo, concordavam em rejeitar a fantasia Utópica; mas ambos tiveram desenvolvimentos diferentes. Marx desenvolveu as especulações sobre a história de Hegel e a crença no progresso do Iluminismo enquanto Feigl e Carnap desenvolveram o ceticismo de Hume baseando nas evidências empÃricas da teoria fÃsica.
Nada de novo, Pondé. É tarefa dos historiadores descobrir, analisar e juntar documentos, discursos, eventos, fatalidades, aparentes incongruências, guerras locais, motins etc. e para compor o muitas vezes imenso mosaico de único fato. Mesmo visto de perto, este mosaico pode resultar incompreensÃvel. Precisa distanciamento para vê-lo inteiro. Achar que temos controle sobre cada uma das peças do mosaico é quimera. Basta o assassinato de um Grão Duque para começar o que Hobsbawm considerava fratura
Contingência... prefiro inusitado. O inusitado sempre ocorre. Pensar numa ordem natural, caminho único, evolução ou mesmo boa vontade de um ideólogo é desconsiderar os milênios de situações inusitadas. Desde o impacto de um meteoro, seca de uma região, invenção da prensa ou explicação sobre um meio mais produtivo alteraram a história. Há métodos para saber sobre causas eficientes de fatos históricos, mas de resultado sempre questionáveis. Mais difÃcil, portanto, contar uma história do futuro.
Rudolf Carnap, em sua autobiografia, já dizia em 1920, que na Alemanha ninguém mais se preocupava com Hegel e o Absoluto na História. Não havia evidências empÃricas para o Absoluto nem para o Marxismo militante que não levava em conta nem evidências à favor nem evidências contra; era mais uma seita.
Concordo, até porque considerar que a religião é o mal do mundo sem nenhuma evidência cientÃfica, ano após ano é tão dogmático como qualquer dogma religioso.
A eleição do Bolsonaro depois da facada do Adélio é a constatação da contingência. A facada foi a chave mágica para a presidência. Bolsonaro tem tentado manter essa tragédia em tudo que faz e fala. Pelas pesquisas eleitorais atuais não queremos mais arcar com as consequências da contingência da facada.
Pondé, com sua insuperável imersão em Pascal, se equilibra sutilmente entre História e Teologia. Berlin achava que Hegelianismo era Teologia, mas a ideia de que a História é o eterno devir de valores em conflito, ressaltada por John Gray como tragédia, tem algo de indisfarçável imaginação mitológica.
A História não tem fim, o Liberal Obama atendendo aos interesses da burguesia do seu paÃs, bombardeou e matou sem dó nem piedade, isso não é irracional, a exploração que gera a luta contra ela, também não é irracional, existe com objetivos e finalidades, reagir contra a opressão e exploração não só é legÃtimo como necessário, os desdobramentos não são previsÃveis, apenas isso!
As invenções medievais, inúmeras, geraram as condições, determinantes, para muito do que somos hoje: universidades, livros, óculos, prensa/imprensa, 1a. "Biblioteca pública", relógio mecânico, moinhos de vento e água, bancos, uso do zero, bússola, astrolábio, marca d'água, botões de camisa, orgão, chaminé, espelho, vitrais e janelas de vidro, garfo, entre outras. A democracia, nos seus moldes contemporâneos, tem muito mais origens medievais do que possamos imaginar.
EUA e Rússia disputavam o domÃnio e influência mundial. Um com o capitalismo de livre mercado e o dólar. Outro com o comunismo, mas não se manteve. Agora a China, com o capitalismo de Estado passou a produzir de tudo, acumulando reserva em dólares, fazendo negócios pelo mundo para ampliar poder e influência. O embate. Trump-Xi Jinping e respectivos parceiros e grupos de que fazem parte causa rebuliço no mundo. Em 2022 teremos eleição para presidente. O Brasil estará mais próximo a qual deles?
Só não sei se algum governante irá conseguir conter o envio de manganês extraÃdo ilegalmente para a China.
Trotsky sempre falou sobre o lado irracional das revoluções. O czarismo, um dos últimos regimes a abolir a escravidão, a submissão dos russos a miséria, e as tentativas de expansão do império em guerras que não tinha como vencer, o ápice foi a primeira guerra criaram o caldo. A burguesia só prevaleceu num processo violento, e está lá a contingência, sem isso não terÃamos capitalismo.
Nos 3 primeiros parágrafos do texto é possÃvel ver claramente que a exclusão da violência como instrumento polÃtico legÃtimo é consequência da violência revolucionária que caiu em desgraça e que o marketing, as cotas e o lugar de fala são consequências da exclusão da violência como instrumento polÃtico legÃtimo. Sendo a contingência natural da vida humana como constante em todo esse processo histórico.
Excelente texto. Racionalizar a violência nas manifestações e suas consequências paralelamente a ausência da violência liberal e suas consequências nos leva à mesma condição humana de viver a contingência natural da vida.
O problema é quando a violência já existe no próprio cerne do sistema existente.Mais exemplar que a revolução russa foi a haitiana no final do século 18, na esteira do que ocorria na matriz, a França. Ao chegarem à ilha as notÃcias dos direitos universais do homem, a classe trabalhadora local expulsou/matou os senhores e assumiu o controle. Como a liberdade poderia vir através do diálogo?
1-4 O trem da História passou, mas não parou no artigo de Pondé. Rostos na janela olharam comiserados, na plataforma, o solitário pensador, de mala e guarda-chuva. A coisa funcionou assim: Depois do Pensamento Grego Ocidental, vieram as trevas da Idade Média. A Renascença veio e resgatou o espÃrito e o Homem com centro. Daà para o Humanismo, daà para o Iluminismo, que se dividiu no Liberalismo Inglês de Locke e Hume, e levou a Franklin, Jefferson e Thomas Madison. A Revolução Americana.
Nunca sabemos para onde vamos. Somos agentes da contingência, e não de um processo histórico racional. Não entendi muito bem seu resumo histórico diante da conclusão do Pondé. Ler seu resumo remete à Raul Seixas " Eu nasci a dez mil anos atrás, e não tem nada neste mundo que eu não saiba demais ". A conclusão do Pondé é da música cantada por Raul, na minha opinião é a mesma mensagem com palavras diferentes.
2-4 O Iluminismo Francês, que levou ao Iluminismo Radical, aos Enciclopedistas e à Revolução Francesa. Robespierre. O que Marx chamou de Socialismo Utópico. A Dialética Histórica Idealista de Hegel, Marx adaptou na Nova Ideologia Alemã, para o que chamou de Socialismo CientÃfico e Dialética Materialista, em lugar das ideias movendo o Mundo, como dissera Hegel, as necessidades materiais do Homem movendo o Mundo.
Ufffa! Figuei zonzo com o 'flashback'...
Hoje cheguei à conclusão que Hegel estava certo. As ideias, a Revolução Tecnológica, movem o Mundo. A Revolução da Agricultura, A Revolução Industrial, a Revolução dos Serviços, e agora a Revolução da Informática. A Humanidade se adapta a elas, como os revoltados carroceiros de Londres no inÃcio do século 20, se viram obrigados a se adaptar ao caminhão. Os motoristas de táxi ao Uber.
3-4 O bolchevismo de Le ni ne, se bastava com uma Revolução Burguesa que gerasse um proletariado na Rússia, a Revolução de fevereiro de 1917. Porém, seu Centralismo Democrático de 1902 já começara a desandar a receita do bolo. Mas essa desandou mesmo foi com a Teoria da Revolução Permanente de Trotsky, anti-dialética, na base do vamo-que-vamo.
4-4 Logo após a quartelada da madrugada de 17 de outubro, que Trotsky conduziu com seus guardas, ignorada por Le ni ne, no assembleÃsmo da época, que viceja até hoje, um participante se levantou e disse: “lembrai-vos das palavras de Marx, Ãmpio seja aquele que trouxer o socialismo antes da hora”. Segundo Isaac Deutscher, um arrepio perpassou a platéia. Era a tragédia.
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