Educação > Lei de ensino da história africana faz 18 anos com desafios para sair do papel Voltar
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Sou professor e no mês da consciência negra trabalho duro para que os meus alunos negros tenham orgulho de sua cor, que não sejam jamais asujeitados, vitimizados, massa de manobra daqueles que os querem novamente escravizar. Que eles tenham uma consciência limpa, livre do ressentimento, livre do autoritarismo das negras consciências ideológicas e polÃticas.
Alguns negros podem até descender de reis derrotados ou derrubados mas não havia cientistas ou matemáticos na Ãfrica Subsaariana: nenhum de seus povos chegou a desenvolver a escrita ou o uso de numerais. Tudo o que se sabe a respeito da Ãfrica Subsaariana depende de relatos de viajantes árabes, chineses ou europeus porque não existe história sem escrita.
A própria noção da liberdade como um direito inerente à condição humana é uma invenção europeia — francesa, especificamente. Em nenhum reino africano (ou asiático) jamais se cogitou abolir a escravidão local; foram franceses e ingleses que lhes impuseram o fim da escravidão quando os dominaram no final do século 19. Alguns paÃses africanos, mesmo após a independência, mantiveram a escravidão como instituto legal até meados do século 20! As escolas têm que abordar esses conteúdos também.
Também é válido que se avalie criticamente o legado do colonizador, mas não é cabÃvel desmerecer e renegar todo esse legado. O Brasil é uma ex-colônia europeia, não africana. Falamos português, não iorubá; a maioria (dos negros inclusive) adoramos o deus cristão, não os orixás. Vivemos numa república federativa, presidencialista, constitucional e democrática, forma de organização do Estado inventada na Europa.
É importante que se incluam conteúdos referentes à História da Ãfrica no currÃculo escolar. Mas tem que ser história mesmo, não uma mistificação ideológica, ainda que com “fins nobres”. Deveria ser óbvio que a maioria dos negros brasileiros (ou de qualquer lugar, e também os não negros) NÃO descendem de reis nos últimos séculos. Simplesmente porque, em que qualquer época e lugar, servos, escravos e súditos pobres sempre foram maioria! Nos reinos africanos não era diferente.
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