Ruy Castro > O gênio do inconfessável Voltar
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Antes controvertido, Nelson Rodrigues, hoje, é reconhecidamente um gênio, o que nunca duvidei. Grande Ruy!
Endereçando-me diretamente a Ruy Castro. Peço-lhe expressas e públicas desculpas pelo mau emprego de uma palavra tão pesada quanto essa que usei, para me referir ao tratamento, por parte de Nelson, do lado sombrio de si mesmo e dos nossos semelhantes. Essa sinceridade sem limites que era um atributo do grande Nelson, e que pensei enxergar também em Vossa Mercê. Barbeiragem minha no manejo da lÃngua. Me perdoe.
Simplesmente, excelente como sempre. Cronista semanal que sou de um blogue, usei o trecho “As crônicas de Nelson Rodrigues eram diárias, sempre na primeira pessoa, e tinham um tÃtulo geral de ‘As ConfissõesÂ’. Porque era isso o que elas eram –confessionais ao absurdo” para iniciar minha crônica da próxima coluna. Já está pronta.
O Nelson Rodrigues (que as vezes hilariamente, eu confundia com o Gonçalves, mas só no nome) foi um dos caras que discutiu abertamente a sacanagem e a hipocrisia do brasileiro. Sem pudores. Sem exageros. Nas crônicas ou nas peças teatrais. Teve filho comunista sem sê-lo e apesar de em primeiro momento, ser a favor do golpe de 64, depois se arrependeu vendo o que fizeram com o filho. Mesmo sem enxergar nada, descrevia aquilo que achava que rolava com o Fluzão, seu time do coração. Faz falta.
Esse inÃcio genial me lembrou de uma situação em que um amigo, me contando que havia saÃdo sem que a namorada soubesse, percebeu que algumas pessoas conhecidas dela passavam por perto. Então começou a gritar pela rua mais movimentada da cidade: “eu não saà ontem! não saÃ!” Não imaginava que Nelson Rodrigues tinha utilizado esse recurso de uma forma tão magistral, e num texto escrito. Suas colunas são demais, prezado Ruy Castro.
Um outro lado brilhante dele eram as crônicas sobre o futebol.
Ele tinha um estilo de usar uma mesma frase repetidamente, de modo que ela ganhava uma aura mÃtica: "não foi o primeiro beijo, nem foi a primeira vez" de o beijo no asfalto. "o mineiro só é solidário no câncer" ou "no brasil todo mundo é peixoto" de bonitinha mas ordinária.
Sim, mas foi o Nelson que a popularizou como “a frase do Otto”.
O mineiro só é solidario no cancer: Otto Lara Rezende.
Crônica belÃssima hoje, principalmente por não incluir a medÃocre atual polÃtica nacional.
Curioso o robô da Folha. Tolera agressões aos colunistas, mas “modera” discussões entre os leitores...
Concordo plenamente.
Sim, Nelson era um gênio. Seus textos teatrais construÃdos de forma complexa, inovadora (até hoje são surpreendentes) sempre quis, quando jovem (inÃcio dos anos 90) interpretar uma personagem de Nelson. Hoje, aos 50 anos, embora reconheça que como ele poucos tem a habilidade, a engenhosidade em estruturas dramatúrgicas, não consigo mais lê-lo. Apesar de sabermos que sua obra é uma crônica de época, seu machismo é ofensivo demais. Fazer uma montagem de Nelson Rodrigues hoje é um risco.
Risco? Que risco? Então a senhora não deve interpretar Shakespeare, é um risco.
Mesmo depois de 40 anos de seu falecimento, o Nelson Rodrigues continua mais atual e genial do que nunca, e para quem não leu a biografia dele escrita pelo Ruy Castro, recomendo que o faça o mais rápido possÃvel!!!
BelÃssima crônica de domingo, Ruy!! Bravo!!!
Este comentário de Jacques foi um pouco chocante pra mim: Nelson e Ruy irmanados na ca.nalhice? Nelson era ca.nalha confesso? E Ruy também o é? Qual o sentido de ca.nalha no comentário? Talvez no sentido de transparecer suas ideias sem modismo, ativismo ou bom-mocismo, simplesmente expondo seus pensamentos sem constrangimentos, indo aonde boa parte não vai por pura precaução ou puditicia. Essa evocação do Absoluto é que destoou do festejo da ca.nalhice...
Grato por sua delicadeza, prezada Paloma Fonseca, e pelo perdão implÃcito que vem na sua tentativa de compreender as minhas expressões, verdadeiramente desastrosas, tanto em relação a Nelson Rodrigues como a Ruy Castro. Encaminhei ao grande Ruy em outro lugar deste mesmo espaço minhas desculpas, públicas e expressas, e peço também perdão a Vc e outros leitores e leitoras que se chocaram com o meu jeito estúpido de dizer.
Nelson, sabemos, era essa última das condições q reservamos aos nossos irmãos apodhrecidos: - era um canal.ha! Um canal.ha q visitava e expunha dialeticamente a canalh.ce, da direita para a esquerda, d fora pra dentro. Ruy tem tds as condições para compreendê-lo e para se irmanar com ele, na lam.a e na sarj.eta. São praticamente xipó.fagos, mais q irmãos gêmeos. É só ver o sorriso ou esg.ar do Ruy: - pura canal.hice, no limite da condição canal.ha da humanidade. Qe Deus ou o Absoluto os abençoe!
Marcos, de fato o texto não padece de falta de clareza. Impactante, diga-se. Mas, *ja que* você concedeu o benefÃcio da dúvida ao comentador pela provocação que fez, não sou eu quem vai futricar a cana/lhice alheia.
Embora você tenha escrito com clareza, Jacques, o que não compreendi me deixou preocupado: o can.alh.a que há em Nelson Rodrigues é um ser que só ali existe? E que também só existirá em outro grande escritor? Pelos quais, em sua pureza e honradez absolutas, você pede ao AltÃssimo? "Já que" ando meio confuso nesses dias, você ganha o benefÃcio da dúvida...
É do Nélson a hilária e genial sacada sobre a opacidade do ser humano para si mesmo, e sua incessante compulsão ao autoengano: 'O vampiro de Dusseldorf se considerava um reles bebedor de groselha'...
E este é o lado mais inocente dos humanos rodriguianos, né, Ayer?. No lado b do disco é que estão as músicas mais inconfessáveis... É heavy metal da pesada - e Nego achava a Hilda hilst muito hardcore, só porque falava palavrão...
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