''Japonesa encontrada em cachoeira foi estuprada e morta com pedrada''. Foi há poucos dias, em Goiás. A vítima sobreviveu ao desastre de Fukushima. O autor da brutalidade tem 18 anos e já tinha cometido, aos 16, dois ''atos infracionais análogos a estupro'' (eufemismo patético que tenta maquiar o óbvio). No entanto, o acontecimento de Porto Alegre segue sendo ''o mais hediondo do ano'' para Zeca Camargo. Assustador.

Passeio a pé (walking tour) no Brasil é pouco conhecido. Nas grandes cidades da Europa é muito divulgado e usado pelos turistas. Existem vários roteiros, dias e horários, com ênfase para igrejas, parques, museus, monumentos históricos. Quase sempre é gratuito, mas é desejável uma contribuição para o guia.

Exato. Até porque, relativizar o racismo, fazendo comentários fora do contexto da matéria, também não é racismo. Talvez, pardismo, mas racismo, nunca. Até porque, como disse o sub-farol do Brasil, vice-antipresidente, não há racismo nesse país. Só comunista. Tem comunista pra todo lado.

Dois seguranças pardos agredirem um bandido pardo não é racismo e não precisa ter dois dígitos de QI pra saber disso. Pardo quando bate: branco. Pardo quando apanha: preto.

Polícia tem que estar onde há crime, potencial ou concreto. Crime precisa de autoria e materialidade, para seja enquadrado como tal. O fato de pessoas negras se encontrarem pra fazer um tour de cunho histórico não constitui crime em potencial, muito menos concreto. O Estado devia indenizar essas pessoas, por dano moral. Procurem um advogado.

Jornalista, vamos falar de turismo! Participei de ótimos walking tours em diversas cidades (Amsterdã, Barcelona, Copenhagen) e gostei muito. No Brasil é pouco conhecido, inclusive por jornalistas e policiais. O turismo necessita de informações atualizadas, no atual momento. Muitos já escrevem sobre política e racismo.

Emerson Massera, você apurou se o jornalista deixou de verificar a motivação da polícia para estar ali naquele contexto, antes de mandar sua mensagem?

Zeca Camargo, Como jornalista, você sabe que a verdade não tem apenas um lado. Quando deixa de ouvir um dos lados e toma como verdade absoluta o que ouviu de um amigo, está, no mínimo, sendo imprudente. Seu texto, contudo, revela mais do que imprudência. Ao afirmar que a presença policial, tão desejada por muitos, é uma “honra duvidosa”, você externa preconceito e discriminação contra quase meio milhão de brasileiros que colocam diariamente a vida em risco para proteger pessoas.

Belo texto Zeca ... nossa sociedade está doente ... isso se expressa pelos que acabaram sendo levados pelo voto ao poder ... um dos períodos mais tristes de nossa história, algo que no futuro não teremos orgulho e aqueles que hoje apoiam esse governo, irão negar um dia! O problema é que esse momento da nossa política é propício para que pessoas expressem todo o seu racismo, misoginia, xenofobia e se sintam muito à vontade para isso! Precisamos voltar a eleger humanistas!!!

O racismo estrutural permeia toda a sociedade brasileira, e provavelmente humana, inclusive nos países de etnia negra. Isto posto, fico desconfortável sempre que acusam um cargo público de racista. Vários estudos foram conduzidos, e nenhum conseguiu encontrar racismo nos critérios de seleção e promoção na PM. Esta mídia permite ser mais profundo nas acusações, que podem ser melhor embasadas do que "eu viajei muito, por isso eu sei". Gostaria de ter o lado da PM pelo menos.

Zeca, que conversa é essa? Precisamos dar atenção às vozes dos nossos maiores representantes. O vice-presidente já disse: "não há racismo no Brasil". Temos que nos preocupar com a invasão comunista. Tem comunista pra todo lado.

Os bolsominions estão perdendo a linha. Todas vidas importam mas algumas mortes são merecidas. Não existe racismo mas o desembargador branco, a loira da padaria e o morador de Alphaville podem humilhar os outros, mas o "agressor" negro merece ser espancado...

Texto assertivo! Num país em que energúmenos estufam o peito para dizer que "aqui não existe racismo", é preciso dar o tapa com força na cara ensonada de parte da sociedade; quiçá ela acorde. Ou talvez essa fração social prefira que no Brasil também surjam Panteras Negras, para ter a quem culpar pelo fracasso que é o Brasil atual?

Eu prefiro não passar a elencar vários outros crimes mais execráveis ocorridos em 2020, não é fácil nos depararmos com tantos horrores, mas mais um merece destaque: uma criança de 10 anos era abusada pelo padrasto, comentou com colegas na escola, a mãe ficou sabendo e a enterrou viva, de cabeça para baixo. Foi em março de 2020, Zeca. No Brasil. Aliás, interessante isso, você considera a morte no RS o ''acontecimento mais hediondo'' do mundo todo! Em que planeta você vive, Zeca?

1) Ressalto que a criança vítima de estupros, espancamentos e estrangulamento era negra; 2) O padrasto abusador e homicida e a mãe conivente também são negros, mas esta estatística - a cor dos autores - não será levada em conta quando a cor da criança for computada nas estatísticas como homicídio de uma pessoa negra; 3) Volto a destacar o grau metastático da paranoia coletiva que entende que crimes tão sórdidos como o que mencionei mereçam menos atenção que a morte de um homem adulto violento.

Que absurdo, Zeca, dizer que a morte do valentão gaúcho foi ''quase certamente o acontecimento mais hediondo'' do ano. Houve várias notícias de casos muito mais repugnantes. Trago um só exemplo, do começo de outubro: ''Mãe de criança estuprada e estrangulada até a morte sabia dos abusos''. A vítima tinha TRÊS anos! Dizer que este e outros crimes abjetos são ''menos hediondos'' que a morte do agressor de mulheres alçado a novo mártir revela o elevado grau de histeria e a insanidade coletivas.

não existe racismo somo humanos