Ruy Castro > Godard, o último da turma Voltar
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Certa vez, Paulo Francis declarou sua admiração pela Nouvelle Vague, mas não reveria nenhum dos filmes deles por receio de se decepcionar.Pois bem, isto aconteceu comigo. Fui Paissandu Boy, e há pouco consegui filmes de Godard em um sebo. Acheio-os terrivelmente tediosos, pretensiosos. Ouvir Belmondo com sua voz anasalada a falar o tempo todo - e fumar - é uma experiência no mÃnimo desagradável. Já o Shane, revi umas 15 vezes.
Para aqueles abobados que imaginavam fazer cinema e impressionavam os tolos da época, que tal: William Wyler, Lumet, Kazan, John Frankenheimer, Ford, De Sica, Luchino Visconti, chega! Esse time e mais uns 20 estão para sempre na história do cinema, enquanto os "nouvelles" sumiram da memória. O nosso Anselmo Duarte era melhor que muitos deles.
Je vous salue, Marie. 1985. Proibido pelo governo Sarney. Ministro da Cultura, Celso Furtado.
A bem da verdade -- que é o que interessa --, quando o filme foi proibido, a Censura já estava extinta no Brasil. A proibição foi feita, monocraticamente, pelo presidente Sarney, a pedido da CNBB. Isso é História.
Em janeiro de 1970, Glauber Rocha escreve ter visto “de perto o cadáver do suicida Godard”. Não era consabido que o consagrado diretor de O DEMÔNIO DAS ONZE HORAS (1965), entre outros vinte e tantos filmes realizados em dez anos, havia mesmo feito uma tentativa de tomar a própria vida em maio de 1969. O fato só se tornou público em 2015 com o lançamento do livro da atriz e escritora Anne Wiazemsky. A frase que mais me lembra Godard é de maio de 68: “Todos os gaullistas deviam ser fuzilados”.
Vocês, meu caro Ruy, nessa adoração por Godard eram uns jovens bes.ta. lhões O grande Henri Vernueil, que fez obras-primas como Mayrig, dizia que esse pessoal da "nouvelle", com uma câmera na mão e roteiro em maço de cigarro como você exalta, agiam assim simplesmente porque não sabiam fazer cinema. Por não saber, inventaram esse "método". Nunca vi nada que merecesse atenção feito pela turma. Ainda bem que você se recuperou.
Quem viu os filmes da geração de cineastas franceses dos anos sessenta, jamais vai se recuperar. Aquela beleza de cinema nos acompanha para sempre.
Que ótimo artigo! Mas... podem me ajudar? O Filme que me despertou para a realidade do cinema como arte foi um dele e não sei o nome. Fala da solidão humana em três horas de cinema mudo, praticamente: em todo o filme, há apenas um diálogo truncado, de brigas por dinheiros em Wollywood. Recordo com nitidez cenas de um dos personagens em corridas solitárias, de carro, numa cidade deserta, assim como do recado final, há que cambiar... Mas não sei o nome deste filme...
Você deve estar confundindo com outro diretor. O Godard não dirigiu nenhum filme com mais de duas horas além dos trabalhos para a televisão (Six Fois Deux, France Tour Detour Deux Enfants) e do Histoire(s) du Cinema. Mesmo assim são filmes bastante verborrágicos. Cinema silencioso e contemplativo tá longe de ser a praia do Godard.
Acossado (com sua espetacular sequência final), O Demônio das Onze Horas, Alphaville, Masculino-Feminino.... imortais.
Grande lembrança, Ruy!! Saudades dos tempos em que nos aglomerávamos na porta do cine Paissandu no Rio de Janeiro, para assistir ao último do Godard. Bravo!!
Vale ler o livro do escritor mineiro Mário Alves Coutinho, com onze entrevistas em 2006, feitas por ele com intelectuais franceses, de certa forma vinculados a Godard. Todos marcando a valorização das outras artes pelo cinema de Godard, principalmente da literatura. TÃtulo do livro: "Godard, Cinema, Literatura".
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