Sérgio Rodrigues > O passaralho está no cardápio Voltar
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Caro Sérgio, mais uma excelente coluna/crônica. E muito bem ilustrada com fotos do genial fotógrafo do JB, Evandro Teixeira, que recebe apenas o crédito de "Evandro"; porquê isso? efeito do passaralho?
O colunista é perito em trazer para o cardápio de suas crônicas, fatos inusitados da nossa lÃngua. Quanto à palavra de hoje, não acrescenta muito à minha curiosidade, além do fato de a considerar de pouca utilidade no meu linguajar cotidiano ou formal. No entanto, gostaria de ver um exemplo de quando usá-la. Nunca se sabe....
Passaralho é usado para reforçar o que foi muito ruim para alguém ou para um grupo de pessoas - Sérgio citou as demissões de jornalistas no JB. Pode servir para muitas outras coisas, até parar apelido a ser dado a alguém que só faz ou fala coisas ruins, inaceitáveis, totalmente idiotas. Nesse sentido, com o coronavirus, o número de pessoas que poderia levar esse apelido é o que não falta, a começar por autoridades que não usam máscaras e se alto elogiam pela coragem. O machismo é passaralho.
Os processos naturais do falar e escrever são fascinantes, mas não só pela incorporação dos neologismos e pelo esquecimento de palavras. Ninguém diz que a ignorância do presidente é "CONSPÃCUA". Cinquenta anos atrás "INSERIR" era um verbo pedante, mesmo quando o Pasquim dizia, ironicamente, que algo era "lúcido, válido e inserido no contexto". Hoje a moça do caixa o usa naturalmente. "Culpa" do cartão de crédito....
As palavras tem vida! Algumas nascem, outras vão para o ostracismo (tb palavra em desuso), algumas mudam de sentido outras mudam de conceito. Por exemplo "meter" (palavra que antigamente não levava ao pensamento que leva hoje) seria ofensivo, logo o inserir o cartão acabou sendo ressuscitado.
Essa de inventar palavras para evitar estrangeirismos é insular e tende a fascismo. Mussolini vetou varias palavras, subistituindo-as por vocábulos ridÃculos: mescita , por bar; autopubblica por taxi, e assim por diante. Talvez nosso “carro de praça” tenha vindo daÃ. Tudo muito ridiculo!
Mas Mussolini emplacou algumas: "calcio" por exemplo. E "mescita", o lugar onde se vende vinho sfuso, se usa em toda a Toscana...
O coletivo dos falantes é sujeito a memes de efeitos masoquistas. Tenho horror à palavra 'disponibilização', que não existia no falar coloquial há cerca de 20 anos. O termo é de árdua emissão/articulação numa frase espontânea, mas é cada vez mais corrente. Desconfio que seja de uma cepa abominável como 'mÃdia', uma 'trarruptela' do inglês. Nunca encontrei uma situação prática em que o bom e velho 'fornecimento' fosse de substituição obrigatória. Manias?
Além dessas palavras da moda que mencionaram, tenho especial antipatia pela "resiliência". Se a pessoa falar sobre a necessidade de superação e não usar a palavra resiliência não é levada a sério. Birra mesmo, eu tenho com a expressão "no tocante", depois de seu exaustivo uso por Bolsonaro. Antes a considerava pedante, agora a considero vulgar e antipática.
Agradeço ao MaurÃcio mais um lixo pra dividir minhas ojerizas manÃacas - que as broncas não são cumulativas, assim espero.
Ayer, nessa linha vai também o horrendo verbo "oportunizar". Que ainda não gera um substantivo (não que eu não imagine que daqui a pouco o inventarão), "oportunização", para usarem como sinônimo medonho de "disponibilização", quando cansarem desta.
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