João Pereira Coutinho > Nelson Rodrigues não envelheceu uma ruga, mas seria impublicável hoje Voltar
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João Pereira Coutinho é digno de Nelson Rodrigues. Só tenho uma palavra para dizer ao autor deste texto: obrigado.
Ahnnn?! Quem disse que o sujeito pode ser ele mesmo? Anda no risco porque até cofres são destrutïveis. Rsrs
É a vida como ela é, sem medo das verdades que machucam, sem medo das feridas abertas, com a serenidade de sermos apenas humanos. Obrigado, João.
Essa moderação é muito ineficiênte, e chata.
Bem lembrado o caso de Nelson Rodriguez. Primeiro é um autor bem mais complexo do que os que aparecem hoje em dia, e se sabia ser machista e conservador podia ter momentos de contestador radical: caso de beijo no asfalto, uma denuncia da homofobia muito antes da invenção da passeata gay. Mas a esquerda também era mais tolerante, principalmente com aqueles vistos como "malditos"... coisa que hoje parece não fazer mais sentido.
Coutinho, uma das poucas razões para seguirmos assinando a Folha, mas do jeito que coisa anda se hoje seria impossÃvel publicarem o Nelson, pode ser que em breve nem Coutinho tenhamos. Triste tempo.
Um daqueles textos de Coutinho servidos para serem saboreados. Sabemos que Nelson foi um provocador implacável. Uma constante vÃtima era o que chamava de *as esquerdas*: como bebem! dizia.
No Brasil, Coutinho, só tem Peixoto.
O sÃmio de S. Kubrick não falou, quem falou foi o sÃmio de F. Kafka, falou não, deu lições aos acadêmicos...aliás Kafka também mais do que nunca continua jovial...
João, o macaco de Kubrick não falou, foi logo para as vias de fato, como um personagem rodriguiano, o macaco que falou foi o de Franz Kafka, e não disse imbecilidades, pelo contrário, transformou seus irmãos caçulas em imbecis.
Nelson dizia: o idiotas dominaram o mundo, e não porque são inteligentes, mas porque são muitos. E quando eles assumem posição de decisão na mÃdia, na academia, na cultura e passam a exigir "safet zone" para todos os grupos ditos vulneráveis, Nelson deixa de ser publicado, ou lido ou é retificado, e os idiotas, sem cultura nem condições, passam a reinar...
Deveras um autor ideologicamente coerente esse Nelson Rodrigues: "Politicamente, gostava de se intitular como um reacionário. Chegou a apoiar a Ditadura e elogiar o governo do ditador Emilio Garrastazu Medici. No final da vida, após ter seu filho Nelsinho preso e torturado, Nelson revisou seus posicionamentos e militou pela anistia "ampla, geral e irrestrita" aos presos polÃticos." Quando o sapato aperta o calo... né, Nelson?
Quanta bobagem sob verniz intelectual!
E no caso do VerÃssimo, e “a pior definitiva”. Viram? É fácil fazer frases aa lá NR!
Tudo bem: esse schaudenfreid significa “gostar de ver os outros na pior”. Como o VerÃssimo, por exemplo.
Esta Schadenfreude
Lendo esses comentários consigo esboçar a definição dos fãs de NR: branco, heterossexual, acima dos 40, de direita, com pretenções a intelectual, amante de frases feitas e fortemente schaudenfreid (é assim que se escreve? Mas vocês entenderam o que quero dizer).
Nelson Rodrigues foi único, inimitável, embora se tenha vontade de fazê-lo. Hoje, se vivo fosse, e não topasse com editores covardes, essa turma que domina o cenário seria por ele exposta, ridicularizada, condenada, execrada sem perdão.
Infelizmente ainda há portugueses que não conseguem separar de suas subjetividades o saudoso e longÃnquo tempo do Portugal colonial, quando homens brancos podiam ofender impunemente. Outra: Nelson Rodrigues encontraria seus meios para publicar-se!
Nelson Rodrigues não seria aceito no Brasil de nenhuma época. não gostava da ditadura. sua obra forte, realista. se declarou anti comunista e chamou Marx de "uma bes. ta". Seria atacado, e segregado, como muitas vezes aconteceu, pelos ditos intelectuais. A mente blindada dos que se dizem pensadores foi seu maior incomodo e sua maior glória.
Meu caro Maurizio. A revista “Veja” (“Páginas Amarelas”) publicou uma espetacular entrevista de Nelson Rodrigues, na edição de 4 de julho de 1969, cujo tÃtulo era “Eu sou um ex-covarde e anticomunista”. Umas das marcas de Nelson Rodrigues era ser perseguido por todos. libertário. não gostava dos modelos que via. A crÃtica dele sempre marcante.
Marx uma bes.tá?? A vontade de ser original leva a falar besteiras como essa.
Genial!
Caro professor Coutinho, guarde lá alguns bons cuidados. Não desejo seus escritos impublicáveis como são hoje os de Nélson Rodrigues, afinal cumpriu-se a profecia do genial autor: os idiotas venceram pois são a maioria.
Excelente texto.
A esquerda, com sua erudição a-sinina, certamente cancelaria o grande Nelson Rodrigues.
bem por ai Roger e Vinicius. ele não estava nem ai para esteriótipos. era perseguido por todos os ditos pensadores, os quais, na verdade, tinham a mente muito mais fechada do que imaginavam. A arte não tem ideologias.
E a direita, com seu patético "conservadorismo nos costumes" o alcunharia de depravado, imoral e, por que não, progressistinha. Um perigo para "nossas" crianças e donzelas.
Minha mãe sempre dizia: "Deus os faz e os junta". E aÃ, o direitista Coutinho reencontrou o direitista Rodrigues no quadragésimo aniversário da morte deste. O Brasil pouco perdeu. Prefiro VerÃssimo.
Excelente, pra variar.
Nelson Rodrigues seria censurado no Brasil de hoje pelos cristãos pentecostais, pelos tradicionalistas católicos, pelo milicos, pela Damares, pelo Bolsonaro, pelo fritador de hambúrgeres, pelo Flávio da fantástica loja de chocolate, pelo Carlos do twitter....
Ao que me consta, Bolsonaro nunca leu um livro, a não ser aquele que elogia o Cel Ustra. Em contrapartida, terÃamos sua ministra Damares, incansável defensora da famÃlia, da moral e dos bons costumes. Com ela Nelson teria vida dura
''Nenhum dos dois dará o primeiro passo, porque ambos pensam que não é mútuo''. ''Tudo tem uma linha e cruzá-la é perigoso; uma vez cruzada, é impossÃvel voltar atrás''. ''O povo aproveita o próprio sofrimento''. Não, as frases não são de Nelson; são de Dostoyievski. Nelson é um brasileiro acidental. Nelson é o mais puro de todos os russos. O único Dostoyevski no Ocidente abaixo da linha do Equador.
Deveras um autor coerente esse Nelson Rodrigues: "Politicamente, gostava de se intitular como um reacionário. Chegou a apoiar a Ditadura e elogiar o governo do ditador Emilio Garrastazu Medici. No final da vida, após ter seu filho Nelsinho preso e torturado, Nelson revisou seus posicionamentos e militou pela anistia "ampla, geral e irrestrita" aos presos polÃticos." Te conheço, Nelsinho.
PolÃtica: 'É impraticável a discussão polÃtica nobre. Sempre que pensa politicamente o sujeito se desumaniza e desumaniza os problemas. Estou dizendo isso com a maior, a mais honrada, a mais inconsolável amargura'. Mulher: 'As mulheres traem homens porque eles são cretinos fundamentais; o adultério é uma vingança da mulher'. Amor: 'A morte de um amor é pior que a morte pessoal e fÃsica'. Juventude: 'Eu recomendo aos jovens: envelheçam depressa, deixem de ser jovens o mais depressa possÃvel'.
Excelente coluna. Iniciada na leitura dos textos de Nelson Rodrigues na mocidade, pelas crônicas diárias da coluna A vida como ela é, inquietava-me aquele autor de linguagem dura, por vezes beirando a grosseria, que escrevia frases de teor absoluto : todo brasileiro é..., toda mulher gosta.... Não comecei a apreciar de pronto aquele estilo literário que, ao mesmo tempo, me atraia e me repelia. Depois, já conquistada, passei a lhe render as homenagens que hoje lhe prestam. Inigualável.
Colunista que está anos luz à frente dos outros escribas da FSP.
Ah Professor! Suas colunas estão maravilhosas. O defeito delas é ter ponto final. Sobre Nelson... Hoje seria implacável, pois era um homem cis não-negro heterossexual que não foi penetrado pelo progressismo salvador dos idiotas de hoje.
O contrário de progressista é atraso
Nélson, que história é essa de que todas as mulheres gostam de apanhar? Resposta: Todas não, só as normais. Hoje realmente teria que ajoelhar no milho.
Verdadeiro!!
Aquele texto que me convence a manter minha assinatura do jornal. Impecável.
Antigamente Nelson Rodrigues denunciava os idiotas da objetividade. Nos dias que correm temos os idiotas da literalidade, virtualmente bem organizados, mas tão idiotas quanto.
Que texto! Obrigada, João, por esse presente de Natal!
Formidável. O sensacional escritor seria, literalmente, trucidado hoje.
Surpresa se fosse apenas cancelado.
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