Opinião > O negacionismo na saúde mental Voltar
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Excelente. O debate sobre o assunto é maniqueÃsta, ideologizado e ignorante. É perfeitamente compatÃvel defender um atendimento respeitoso, garantidor de direitos individuais e humanizado e concordar com a necessidade de que seja disponibilizada estrutura para as internações, que devem ser sempre excepcionais e o mais breves possÃvel. Aliás, internações, muitas vezes, salvam vidas. Sou uma pessoa de esquerda e tento não ver a questão sob uma ótica simplista e binária.
Também sou a favor do debate. Sou contra o retrocesso. É possÃvel internar hoje, mas exige critério e não dá mais para montar os depósitos de Barbacena. Aliás é por onde eu gostaria de começar a discutir.
Se a reforma psiquiátrica tão elogiada no mundo inteiro teve um viés ideológico, as novas propostas devem ter um viés econômico. Sou de Juiz de Fora, onde os médicos mais ricos eram os donos de manicômios. Portanto, olhos abertos para não regredirmos.
Alguns comportamentos agressivos e intolerantes que acontecem nas redes sociais são sem dúvida o resultado de algum distúrbio mental. Mas as redes sociais podem também servir de instrumento de ajuda para portadores de doenças graves. Pelo menos é o que pensa pesquisadores de Harvard e Dartmouth que em conjunto criaram o conceito de 'peer-to-peer-support'. A ideia é criar grupos nas redes sociais de portadores de doenças mentais para permitir que eles compartilhem suas experiências e desafios.
Observem como serão poucos a opinarem sobre este assunto que é mais tabú do que imaginamos. São aqueles que são classificados ""normais""" os maiores negacionistas sobre a saúde mental.
Senhores, dois pontos adicionais: ciência também é crença; transtorno mental não é só a loucura dos napoleões. Basear-nos nas evidências, na experimentação, na replicação e na dúvida como método de investigação e intervenção, provém de uma crença na realidade externa a nós e compartilhada por todos. É, sim, um sistema de crenças, mais consistente e verificável do que a fé, mas são crenças. E o problema mais grave está aquém dos cristos e napoleões: reside nos normais, neuróticos, todos nós.
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