Ilustrada > Versos racistas de hinos estaduais, sobre escravos e índios, detonam protestos Voltar
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O fato inegável é que toda essa iconoclastia não difere em nada da destruição de estátuas e monumentos milenares realizadas pelo Taliban no Afeganistão. Lá, como aqui, o radicalismo não admite nada que não seja do seu total e exclusivo interesse. E lá, como aqui, são a ignorância e o baixo nÃvel de inteligência que determinam o que deve ser preservado e o que deve ser destruÃdo.
Já que o assunto também envolve monumentos, cabe ressaltar o monumento aos bandeirantes no municÃpio de Santana de ParnaÃba, onde um escravo Ãndio é retratado puxando um bote com os bandeirantes dentro. Tem também no mesmo monumento, um bandeirante abatendo uma onça, o que do ponto de vista ecológico, não é uma boa ideia ser enaltecido nos nossos dias.
Acresce que o hino do RS tem um verso presunçoso: "Sirvam, nossas façanhas, de modelo a toda a terra". De onde tiraram isso?
Aguardando ja meio sem saco, algum deputado estadual que proponha a mudança dos nomes das estradas paulistas. Nomes sinonimos de vagabu ndo, estelionatario, escravocrata, assa ssinos e afins, travestidos de herois desbravadores.
Análise sociológica e antropológica de quem não tem nada a fazer. Deverias começar por queimar as fotos e relÃquias dos seus antepassados.
Sem tirar o mérito do cunho antiescravista, ouvi dizer que o hino de Santa Catarina pretendia ser o hino nacional, e até concorreu para isso; ser o hino do Estado teria sido, assim, uma espécie de 'prêmio de consolação'.
Em se tratando de trecho claramente ofensivo eu entendo que a supressão ou substituição é justificada, mas se for uma mera questão de interpretação semântica, como no caso do Rio Grande do Sul, não. De fato, povo que não tem virtudes acaba por ser escravo de variados tipos de exploradores, como o polÃtico corrupto, o traficante, o comerciante desonesto, e até de outro paÃs. A frase não se refere a uma etnia, mas a um povo, ou nação, o que não era o caso.
Ubiratã, na época em que a escravidão africana ocorria não existiam nações na Ãfrica subsaariana, mas tribos de etnias distintas, que guerreavam entre si e matavam ou vendiam como escravos, os derrotados. Mas de qualquer forma, o sentido da palavra escravo utilizado na letra do hino não se refere a esse tipo de escravidão, e sim à escravidão moral, econômica e cultural, não fÃsica. Para exemplificar, se não tivermos virtudes seremos escravos, ou seja, dependentes, do capital estrangeiro.
Povos e nações africanos foram escravizados e trazidos para o Brasil. Segundo a lógica do hino do RS, eles eram "sem virtude", portanto. Você corrobora essa ideia?
Escravidão foi uma instituição milenar e nada tem a ver com raça. Há registros de sua presença entre antigos egÃpcios, babilônios, gregos, romanos, chineses, indianos, árabes, etc. Dezenas de milhares de europeus foram capturados e vendidos como escravos por piratas atuando no Mediterrâneo a partir do norte da Ãfrica e Vikings também tinham escravos europeus capturados em incursões contra as Ilhas Britânicas, Irlanda e Norte da Europa.
Ah bom.... Se foi uma instituição milenar, então vamos pegar os negrinhos para pastorear aqui pelos pampas. Aliás, nem vamos precisamos gastar em velas, vamos usar lanternas.
No caso, estamos falando do Brasil. E aqui escravidão e raça são dimensões inalienáveis. Não houve egÃpcios, babilônios, gregos, romanos escravizados no Brasil. Houve africanos e indÃgenas escravizados.
A letra do hino do RS, por exemplo, não fala apenas em escravidão ou escravo, fala em povo escravo. O povo que foi historicamente escravizado, no Brasil, foi o povo negro, que tem todo o direito de se sentir ofendido. Eu me ofenderia também.
Escravidão foi uma instituição? Fuckyoumotherfucker.
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