Hélio Schwartsman > O papel dos clássicos Voltar
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Certeiro. Na pós-modernidade professores repetem como papagaios que a escola tem que ensinar a pensar. Errado. A função da escola é ensinar sobretudo lÃngua e matemática, sem as quais a criança nunca vai aprender a pesar. Por isso, sou totalmente contra ensinar sociologia e filosofia no ensino médio para alunos que saÃram do fundamental sem saber ler, escrever, nem calcular as quatro operações básicas.
É bom ler um artigo sobre literatura. A polÃtica nacional é podre.
Na infância, li livros da Melhoramentos que apresentavam clássicos resumidos em linguagem mais simples: Ilha do Tesouro, 3 Mosquiteiros, etc. No antigo ginásio, os livros didáticos de português apresentavam textos de autores brasileiros e portugueses. Nessa época, li muito de José de Alencar. Machado, Eça, Camilo, vim a ler depois. Era comum, clube de livros. Incentivar a ler é mais importante que indicar autores e obrigar a lê-los.
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Hélio. O clássico deve sim ser valorizado..Mas acho que há clássicos mais apropriados para os jovens. A cartomante, Missa do Galo, A causa secreta são contos mais apropriados para o jovem. Senhora, O Ateneu, Iracema, parece-me livros mais enfadonhos para o ensino mdio O ideal seria um mix de literatura atual, que não necessariamente precisa ser maniqueÃsta, e os grandes clássicos.
Acho delicioso ler Machado hoje e sempre e é bom lembrar que o vocabulário d'antanho é mais rico e não usual para os nossos adolescentes,daà o estranhamento.Quem sabe, hoje em dia,o que é conhecer uma pessoa "de chapéu",ou dizer se alguém tem "fumos" de intelectual?
D'antanho é um bagulho lindo, tipo alhures. As lÃnguas são maravilhosas.
Antes da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil o aluno que terminava o segundo grau tinha em seu currÃculo a cumprir o estudo da Literatura, o que incluÃa razoavelmente clássicos e modernos. Cheira a analfabetismo alguém terminar o curso médio no Brasil sem conhecer a estrutura da Literatura Brasileira, de Gonçalves Dias a Mário de Andrade. Machado, resume em si, todo o esplendor das letras brasileiras. E sua leitura é fácil e agradável ao não ser para os ALIENISTAS.
Penso que a educação deveria ser reformulada: além da questão da leitura, inserir nas grades disciplinas que fomentem o desenvolvimento do cidadão enquanto ser pensante. Filosofia, Direito, sociologia, comunicação (que envolveria retórica, argumentação, lÃnguas etc), mantendo, obviamente, o que é indispensável, como lógica (englobando matemática, geometria etc). Atualmente o ensino se resume a um preparatório para vestibular, para quem terá condições de cursar uma faculdade.
A questão não é: ler ou não Machado. Mas COMO ler o "Bruxo do Cosme Velho".
Podicrê!
Se é verdade que "não nos perguntamos se a trigonometria é mais ou menos "divertida" que a análise combinatória nem se as agruras de uma cotangente tiram o gosto da garotada pela matemática", também é verdade que aqueles que discutem o ensino da matemática também se perguntam se não há modos mais instigantes/interessantes ou mesmo "divertidas" de ensinar a disciplina de Pitágoras.
Gostar de ler deve sempre um incentivo aos alunos e os cidadãos de modo geral, onde faz ter uma visão crÃtica e real do pensamento e o comportamento da sociedade , que pode influenciar para melhor ou pior conforme saber interpretar e adotar estas leituras .
Você matou a questão a pau, Adonay. Em um paÃs onde o próprio presidente diz que os livros são complicados, porque estão cheios de coisas, e que só é possÃvel ler no máximo 15 páginas por dia, esperar o quê dos estudantes? "Grande-Sertão: Veredas"? "Fogo Morto"? Vão sempre optar pelo mais fácil. E o mais fácil é a banalidade dos ditos influenciadores, eufemismo de oportunistas digitais.
Então, Will, a gente não tem que esperar pela opção, a opção é do docente, é isso que tem que entrar no trabalho cotidiano, fim de papo. De pode ser delicioso, advogo isso com toda firmeza que posso.
Penso que a leitura dos clássicos serve, antes de tudo, para aprendizado e aprimoramento/opção de estilo e enriquecimento de vocabulário. Uns são mais rebuscados, outros mais contidos. Quanto ao conteúdo, o leitor, a partir de sua formação, memórias e imaginação, é quem vai estabelecer até que ponto o autor é mais ou menos interessante, como, aliás, ocorre em todas as leituras.
O Paulo Freire sempre enfatizou a importância do contexto social e material dos alunos no processo de alfabetização. No caso da literatura é semelhante. O importante é saber ler e escrever corretamente, e para isso o melhor é que os alunos leiam e escrevam sobre assuntos que despertem seu interesse. Lembro de uma professora nos anos 60 falando sobre a letra de Roda Viva do Chico Buarque. Isso ficou na minha memória porque era uma absoluta exceção. TÃpicos eram textos do século 19.
Prezado José, cara, uma das coisas que me dói é a ignorância do xingamento ao Paulo Freire. Ele próprio, tão educado, tão tolerante, é horrÃvel a violência contra a figura da delicadeza. Répteis mentais, contudo, hoje estão na moda...
Você está certo, certÃssimo Hélio. Os que defendem o contrário (água com açúcar) é porque nunca leram um clássico. É, na maioria das vezes, o caso desses youturbers.
Não é possÃvel gostar de música erudita se a pessoa não é ensinada a gostar. Aqui vai minha analogia. Esses YouTubers deveriam calar para o que desconhecem. Querem nivelar por baixo.
Ocorre que há música significativa em tudo quanto é instância, Socorro. Se a pessoa ouve rap e instalada a pensar na métrica, aprender sobre as batidas, entender as nuances, ela ouvirá tanto aquilo quanto outras coisas com ouvidos mais espertos. Ouvir música clássica pode ser um exercÃcio delicioso, mas a pessoa pode simplesmente não gostar, e querer rap. E, se a música ensinar a refletir sobre o mundo, tá de ótimo tamanho. Se em um certo momento neguinho pirar com Aldir Blanc e Guinga, é lindo.
Não foi o Bolsonaro que disse que os livros didáticos têm conteúdo demais? Qual é a real diferença entre Bolsonaro Felipe Neto? Essa profissão de "influenciador digital" é nefasta. Deveria ser sobretaxada como forma de desestÃmulo.
Sem dúvida que há textos mais ou menos difÃceis de serem lidos. Aà entra o trabalho do professor. No caso de Machado de Assis, pode-se começar pelos contos. A escola é o lugar por excelência para introduzir o indivÃduo na civilização, o que inclui, dentre outros conteúdos, conhecer a história de seu paÃs. A obra de M.A. mostra em detalhes a sociedade brasileira do século 19 e começo do 20. Tem de ler não só MA, mas Lima Barreto, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Graciliano Ramos etc. etc. etc.
O Guimarães daria uma delÃcia de discussão sobre as gÃrias dos manos: como é que acontece a mudança na lÃngua, as diferenças regionais, o valor de uma linguagem. Pega um conto, destrincha sem reverência, mostra que é vivo, os mecanismos da lÃngua... Um texto da Clarice, cada coisa linda. Às vezes me parece que a escola se diminuiu, não é somente uma questão de ser rejeitada pela molecada, ela perdeu um tanto do tteazao da existência...
"Há pessoas que gostam de ler e há as que não gosta". Discordo. Acredito que ninguém nasça sem gostar de ler. Torna-se, leitor ou não-leitor. O papel do mestre profissional, ou do educador em sentido mais amplo, é despertar na criança e jovem o gosto do conhecimento, a maravilha do conhecimento. A leitura ocupa o primeirÃssimo lugar, antes de qualquer ciência. Mas não obrigatória, nunca. No sertão nordestino há um ditado que reza: "Forçado, nem pra defecar presta".
As foi justamente isso que o Hélio disse. Não falou em nenhum gosto inato pela leitura
A polêmica que surgiu da opinião de Felipe Neto, que se declara autoditada e que se deu bem na vida em termos financeiros, me faz lembrar do que disse Umberto Eco numa entrevista no começo dos anos 2000, quando a Internet comercial ainda estava começando, que foi mais ou menos isto: antigamente, quando um idiota falava ou fazia uma idotice, isso ficava restrito à sua aldeia; com a Internet, a idiotice do idiota ganha o mundo. Só espero que o MEC não leve essa bobagem do Felipe Neto a sério.
Emulando o argumento de HS, tem gente que gosta de trigonometria, tem gente que não gosta... Ademais, se formos consequencialistas, obrigar a ler Machado ( clássicos)tratá mais ou menos pessoas ao universo dos leitores ? Temos certaza de que no fundo não queremos apenas empurrar aquilo achamos que é bom pra gente sem perguntar o que é bom pra maioria? " Ah, eu li e amei..." Sim, e eu li e detestei. Isso não me fez menos leitor. O que me fez leitor foi ficar exposto a escolhas de literatura.
Depois de ler "O Navio Negreiro" de Castro Alves; o professor nos apresentou "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado. A narrativa de um defunto, me surpreendeu. Na prova sobre o livro de Machado, perguntei ao professor se podia responder em forma de poema; o mesmo consentiu. Ao receber a correção da prova vi apenas um rabisco. Anos depois vi que era 'muito bem. A literatura abria um mundo paralelo ao mundo cientÃfico em que eu vivia. O papel dos nossos clássicos é parte de nossa comunidade.
1Ñ deve cobrar literatura-lit, só apresentar, historias simples, ou algo como um manual de panela de pressão, algo útil, p treinar ler, dentro dos 4 anos primários junto com a função básica da escola q e ensinar contas, ler e, ao final, escrever, essências p o trabalho. Com renda o individuo constrói seu saber, baseado em seu interesse e oportunidades. Lit. é sobretudo diversão. Qdo nos referimos a trabalho ela é discriminada como técnica.
2Lit. e ciências são os devaneios q o estado intrometido na escola impinge aos jovens. Pessoas gostam de ler algo, ñ ler por ler, motivados pelo trabalho, q representa a sobrevivência, e gosto pessoal q pode ser lit.
3Mas a escola oficial insiste na massificação de conhecimentos, inúteis p gde maioria. Aposto q dos leitores letrados da Fsp, muitos ñ sabem trigonometria e analise combinatória, ou genética, quÃmica ou outros dos *conhecimentos* empurrados. Prova q tal escola ñ ensina e ñ faz falta.
Augusto, cerca de 90% de tudo q se faz na sociedade é simples, e diversificado. Um meia duzia inova a gde maioria constroi rotineiramente. A vida é plural, ñ é de massa. Diante na necessidade o individuo vai em busca de conhecimento. Hoje temos a net essa gde biblioteca a disposição pra aprender o q quiser. E possivel inclusive perguntar e se informar em debates. Escola oficial gasta muito e tenta esninar o q ñ e quer aprender.
É importante a compreensão de conceitos fundamentais de matemática e ciências, por exemplo. Nosso mundo é dominado pela ciência e tecnologia e a pandemia escancarou a ignorância do brasileiro. De repente, os que diziam, durante a escola, que quimica e biologia não serviriam pra nada se tornaram especialistas no assunto. E quantos médicos se revelaram absolutamente incapazes de compreender como a medicina se baseia em evidência cientifica.
eu me incluo entre s q ñ sabem
Exato. Li Machado na escola . Foi um dos maiores prazeres da vida. A partir dali comecei a ler sem parar. O argumento de Felipe Neto me deixou estupefacto. Concordo com Hélio , uns gostam de ler , outros não. O paÃs que tendo Machado, desisti de partilha-lo entre todos os seus cidadãos, começará a deixar de existir.
"Influenciadores" consideram ameaçador qualquer desenvolvimento de senso crÃtico.
Como uma nação, que Castro Alves em O Navio Negreiro diz *Inglaterra é um navio, Que Deus na Mancha ancorou*, criou o Império Britânico, o maior de todos, onde o sol jamais se punha? Para muitos pelo estudo dos clássicos gregos em suas escolas. Shakespeare não criou Júlio César, Romeu e Julieta e Hamlet, ouvindo apenas a oralidade dos adivinhos das feiras, os youtubers da época. O estudo dos clássicos, para alguns escalada Ãngreme, leva ao cume do Himalaia, de onde, se descortina o Mundo.
Não é à toa que o desempenho do PaÃs nos Ãndices mundiais de aprendizado está entre os piores, e que isso se reproduza na vida pública elegendo populistas e demagogos. Uma nação agráfica. à leitura de um bom livro, e os clássicos são os que desses, transcendem o tempo, deve ser seguida em sala de aula pelo debate de seus personagens e nuances de suas tramas. É assim que paÃses moldam seu futuro, criando cidadãos crÃticos com noção de Ética. O contrário cria apenas gado, a ser tangido.
Adonay, nessa coluna Helio publicou sobre o Relatório Colemam, estudo q concluiu q quem define o aluno, portanto o aprendizado, e o nivel dos pais ñ e a escola. Como os pais, que trabalham e provêm, fazem o paÃs, concluo q o pais faz a escola e ñ o contrario. Publicado Editorial FSP 16/11/2020 *Desigual na Raiz* q confirma Colemam: na rede publica municipal as escolas perifericas tem pior desempenho q as centrais, obvio pq na periferia moram os pais e seu filhos mais pobres.
Boto a maior fé, Adonay. E o machadão precisa parar de ser tratado como estátua no pedestal, seus textos são divertidos, há os contos, um sem-número de coisas a ler. Precisa desmistificar. Eu me lembro de uma coleção da Ãtica, "para gostar de ler", que trazia textos curtos fantásticos, uma delÃcia, como o nome da série dizia. É questão de criar ggooozo com a atividade de leitura, tal como um videogame é prazeroso para a garotada. Com prazer, literatura dá um pau no Facebook
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