Vera Iaconelli > Mimados ou largados? Voltar
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O problema não são os filhos e sim os pais e as mães. A análise do assunto foi superficial e poderia ser mais profunda.
Muito bom o texto, Vera. Seria ótimo poder te ouvir mais a respeito.
Tenho pena de verdade dos que insistem em ter filhos num paÃs como o Brasil. Em paÃses desenvolvidos, existe toda uma rede de proteção do Estado: Estudo gratuito de qualidade, saúde também gratuita ou subsidiada, lazer seguro em parques e associações. Por aqui, tudo depende da capacidade de se manter um bom emprego, já que tudo de qualidade é particular. Talvez por isso sejamos o segundo paÃs com pais mais estressados do mundo.
O final do artigo me lembrou da experiência israelense dos kibutzin, que sempre me fascinou, com a ideia (meio República de Platão) da educação coletiva das crianças. Pois pelo que sei, a sociedade individualista é tão tentadora que eles perdem cada vez mais integrantes. E os que sobrevivem tendem a ser os mais ligados à religião e valores tradicionais.
O problema é que ainda se discute a questão na perspectiva de uma normatividade misógina. Quando deixarmos de pensar a questão incluindo ser "o provedor" ou ser papai, as coisas podem começar a ganhar uma conotação diferente, pois aà haverá um maior empenho em equilibrar a o tempo dispendido no trabalho com o cuidado às crianças, com a dedicação às pesadas e, por vezes, frustrantes tarefas domésticas. envolvidas no cuidado das crianças.
Minhas colegas de trabalho mais jovens, com filhos pequenos, tiveram muita dificuldade no inÃcio da Pandemia, quando migraram para o home office. Agora consideram, em geral, melhor trabalhar de casa, acompanhando seus filhos (um ou dois) nas idas ao pediatra, nos estudos, nas brincadeiras e passeios, no preparo do alimento, agora na ida à escola. Passou-se a uma interação maior ao longo do dia, que elas consideram positiva, sem descuidar do trabalho, mais flexÃvel em horários no modelo online.
Filho é artigo de luxo. Só a mulher herdeira de um patrimônio considerável pode tê-lo. A mulher que precisa trabalhar e estudar, quando tenta solucionar a equação de forma racional, não consegue. Nem mesmo tendo um provedor ao lado, não é garantia, aliás, ouso a dizer, que é uma prisão.
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