Sérgio Rodrigues > Linguisticamente Voltar
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O problema é complexo, sendo impossÃvel debatê-lo no espaço destes comentários. As questões sobre o idioma envolvem necessariamente os seus reflexos no sistema educacional. Não se ensina a lÃngua somente como ferramenta útil no cotidiano, mas também como forma de compreensão e de apropriação da tradição literária de um paÃs; como passaporte cultural para os estrangeiros desejosos de aprendê-la; como condição de inserção do sujeito em sua própria história; como recurso de expressão artÃstica.
Não vou cometer o erro de meus velhos professores, que ignoravam os avanços da linguÃstica; nem imitar muitos professores atuais, que desprezam a erudição secular dos grandes gramáticos. Gramática normativa e linguÃstica, lÃngua passada e lÃngua presente, inimigos entrincheirados numa luta sem quartel. Os mestres de ambas as correntes não entenderam, e ainda não entendem, que seus estudos e esforços se completam. Temos de avançar, mas sempre olhando para trás.
Não se trata de certo é errado. O problema é que enraizando vÃcios linguÃsticos, excluimos da cultura e do aprendizado aqueles que não conhecem a norma culta do idioma. Estes últimos lêem e não compreendem, estudam e não aprendem, são os excluÃdos culturais.
Caro Sérgio, sugiro que leia a coluna de Mirian Goldenberg ("A gente não sabemos escolher presidente"), coincidentemente publicada hoje, 4 de fevereiro, mesmo dia desta, bem como leia os comentários feitos lá. Talvez você mexa no seu texto da semana que vem. Ô boca!
Parabéns, Sérgio, muito legal e importante a coluna de hoje! Ansiosa para a próxima ;)
O Manuel Bandeira fala na "Evocação do Recife" na lÃngua errado do povo, lÃngua certa do povo...pois o que nós (os letrados) fazemos é macaquear a sintaxe lusÃada. Mas isso não será um romantismo tÃpico dos nacionalismos dos anos 30? Realmente num mundo rural, sem escolas e de população analfabeta, a lÃngua é fluida como a falada pelos personagens de Guimarães Rosa. A alfabetização, para o bem ou para o mal cristaliza a lÃngua.
Em tempos em que a quimera da 'igualdade' se infiltra por todo canto (só o simbolismo verbal, não a ação correspondente), parece difÃcil falar sobre linguagem como marcador de clivagens de classe. É por isso que o estimado professor Pasquale é mais um cronista do que um gramático à antiga. Mas já que a coluna aponta para os aportes petenciais dos estudos eruditos, não é descabido lembrar que o famoso linguista Derek Bickerton já 'provou' que o motor do progresso do animal humano é a sintaxe.
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