Ana Cristina Rosa > A pandemia da pandemia Voltar
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O paÃs é um poço de desigualdades. Um estado de calamidade pública, seja por doença, acidentes naturais, etc., vai sempre atingir os mais pobres, não é desdita só dos negros. É muita desfaçatez achar que dor da perda, tem peso diferente pela cor da pele ou do status social. Soa como puro oportunismo de quem parece que não quer ver a desigualdade acabar para não perder seu protagonismo. A colunista poderia aproveitar seu espaço em tentar nos explicar o fenômeno do Tren Fest no Rio de Janeiro.
''Aterrava a velocidade do contágio e o número de pessoas que estavam sendo acometidas. Nenhuma de nossas calamidades chegara aos pés da moléstia reinante: o terrÃvel já não era o número de casualidades — mas não haver quem fabricasse caixões, quem os levasse ao cemitério, quem abrisse covas e enterrasse os mortos''. (Livro CHÃO DE FERRO de Pedro Nava, sobre a gripe espanhola no Brasil, em 1918, Minas Gerais).
O coronavÃrus , não conhece fronteiras, ideologia, partidos polÃticos , posição social, idade, sexo e cor e vai causando vÃtimas e mortes pelo mundo inteiro e por isso que é uma pandemia .
Parece tratar-se de eugenia as ações do governo de plantão. Tergiversa sobre a pandemia, ataca medidas que poderiam reduzir os danos. O resultado é a morte de idoso, pobres e negros.
A população negra está sendo mais atingida pela pandemia em todo mundo porque é mais exposta a aglomerações tanto nas comunidades como no transporte público. Outros motivos são a alta incidência de doenças como pressão alta e diabete comparado ao resto da população. Nos EUA a incidência de pressão alta na população negra é de mais de 40% comparado a 30% entre brancos. A população negra também tem menos acesso à cuidados médicos e raramente se submete à tratamentos preventivos de saúde.
Dona Ana, a senhora tem razão quando aponta para essa dimensão da pandemia, a do atingimento preponderante da população negra. Nesse sentido, uma sub-pandemia, nunca menor, mas uma dimensão interna do fenômeno. Mas é também uma pandemia paralela, mais ampla, com enraizamento histórico profundo, e que não é admitida com facilidade pelas pessoas. Pode-se ter horror às ideias marxistas, mas, como ferramenta de análise, o marxismo é precioso, e joga uma luz violenta sobre o fenômeno.
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