Hélio Schwartsman > Livros, almôndegas e política Voltar
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Você pode dissociar a obra do autor, mas não pode faze-lo do mundo, no qual, até o autor tem que viver. A obra não inocenta o autor dos desvios de caráter nem de conduta , mas pode torna-lo rico e famoso. É a vitoria da dialética sobre a ética, ou não?
DeverÃamos, então, perguntar: Qual é o interesse especÃfico do grupo que quer fazer o justiçamento moral? É o mesmo da sociedade como um todo? Precisamos de uma nova teoriteoria moral para responder tais questões?
Esse justiçamento moral pode ser visto na atividade acadêmica "impura" que liga o Vale do SilÃcio e a Universidade de Stanford. No Brasil ligar a USP a laboratórios particulares é anátema. Rogério Cézar de Oliveira Leite diz no livro "Um Aprendiz de Quixote " : "O conceito de moral, todavia, não é senão uma construção erigida em benefÃcio de interesses especÃficos de um grupo ". Mesmo assim Stanford vale mais que muitas universidades brasileiras.
Stanford vale mais do que todas as brasileiras somadas. Mais de 30 prêmios Nobel.
Qdo se compra um bem esta embutido nele confiança no agente produtivo,É assim com as almôndegas, se desconfiamos da idoneidade do produtor duvidamos do produto, mais quando nunca o consumimos. Ora, editoras querem vender, mas se o publico perde a fé no autor do livro, elas pode prever uma ma venda, e sai fora antes do prejuÃzo. Culpa do publico ñ da editora. Pior mesmo é a rejeição do autor por mera acusação, sem culpa firmada q pode ate mesmo ser armação.
E eu tenho a esperança de que os designers da Folha redesenhem essa página e tirem essas propagandas em vÃdeo do meio dos textos. Até assinantes têm leitura e atenção interrompidos por essas imagens. É péssimo estar lendo um artigo e, entre uma ideia e outra, receber a oferta de compra de um veÃculo. Em respeito aos leitores, arrumem isso.
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Tem toda razão, não fosse assim perderÃamos os saborosos relatos que resultaram no clássico filme Papillon, dentre milhares de exemplos...
Imperativos categoricos à parte, penso que evitaria o açougueiro da esquina se soubesse que ele deu um soco no cliente que reclamou do preço da carne. No entanto, o meu relacionamento com obras de autores representantes das diversas artes é de natureza diferente. A qualidade do trabalho fala mais alto que a vida pessoal do autor. Se a biografia de Roth tiver qualidade, que o livro seja publicado. Com relação ao cinema, continuo sendo fã de carteirinha do trabalho de Woody Allen. E por aà vai.
Se o limite é ler somente escritores com biografia e mente corretas, sobram apenas alguns autores de autoajuda. Quando muito.
Epa, Rimbaud, Apollinaire, Baudelaire, Batman...
Borges, que elogiou Pinochet, e Neruda, que elogiou Stalin. Leio ambos com gosto (obviamente não falo de Pinochet e Stalin).
Henry Miller, devasso e cruel. Maravilhoso!
Caravaggio, Gesualdo, Michael Jackson...
Terão de queimar Sade, a BÃblia et alii, o Alcorão, Conrad, Joyce, Wilde, Byron, Hugo, Gide, Agostinho, Miller....a lista é de 51%
Noel Rosa e Mario Lago, por machismo. Afinal, Amélia é que era mulher de verdade. Monteiro Lobato, com tintas racistas.
O articulista está certo. Rimbaud deve ser ignorado?
Mas, e se alguma das estrupradas fosse sua filha, ou o açougueiro esquartejasse seu pai? Espero que "seja da boca pra fora", por sua importância na formação dos jovens.
Que comentário ridiculo! Recomendo para a sua formação e dos jovens, que leiam Rimbaud, Baudelaire, Henry Miller, Joyce, Oscar Wilde, Byron, etc.
É, caro Hélio, dia desses disse que " Silósofo é Soda", e sustento; mas admiro que sou mais chato do que você: eu não compro cadáver de açougueiro Bozofrênico - há outros no mundo, prefiro colaborar com a existência destes. O produto cultural, como é único, vá lá, se instigante; mas a commodity? Assim como o serviço: eu não tô nem aà pra "diversidade" em minha casa, quero distância do BozoMindset. Até porque, na raiz daquela almôndega, pode haver um pecuarista queimador de mato. Eu, hein?
Mas eu concordo em gênero, número, grau, objeto, local e função, e onde mais eu puder.
Concordo plenamente! Esse justiçamento moral nos privaria de gênios do intelecto humano, que são... humanos.
Parabéns, é isso mesmo!
Excelente texto. Compartilho da mesma opinião do autor. Se o livro e bom, vale a pena a leitura. Se o escritor é criminoso, que a lei seja aplicada.
Se o sujeito fez uma obra original, criativa , q sensibilizou e permaneceu no tempo, não cabe sensura, o público julgou. Tolher antes , eh censura prévia. Por ex. Se o Bozo produzisse uma obra de arte assim, deveria ser considerado. Mas no caso dele , fiquem tranquilo, além de ser um abjeto, eh um incompetente completo, vc nunca terá dúvidas sobre ele.
Perdão digitei errado..censura.
P 1- Se Hélio desse bolas para essas delicadezas semânticas, nem trabalharia na Folha, q foi denunciada pela Ombudsman por não divulgar acusações de exploração sexual envolvendo o empresário Samuel Klein, fundador das Casas Bahia, crimes da mesma cepa dos q acusam Bailey. P 2- Hélio podia usar esse recurso principiológico e reconhecer as qualidades do GF sem se fixar na pessoa do PR. Afinal, se um governo é bom, não há por que deixar de saudá-lo, por maiores q sejam as restrições ao Bozo...
Você perde a sutileza de que o Hélio trabalha pra uma organização que, seja o que for, mantém uma auto-denunciante remunerada em seus quadros, o que não é pouca coisa. Quanto ao Bozo, o pobrema é que ele é horripilante e, seu governo, nefasto. Só será saudado ao deixar o poder - e olha lá, porque a vaia também é instrumento de despedida...
No meu caso, seria um desprazer intelectual ler esse miserável. Prefiro acessar Philip Roth por suas obras, que adoro: Pastoral americana e Nêmesis estão entre meus livros prediletos, que em geral são autobiográficos, sobre a presença de comunidades de ascendência judaica no leste dos Estados Unidos; os livros com o personagem alter ego Nathan Zucherman são divertidÃssimos. Ademais, por que leria a biografia feita por um estúpido, um cara que cometeu crime grave? O que ganho com isso?
Anacronismo, não se muda o passado, mas a história nos ensina como devemos enfrentar nosso presente. foi dessa forma, "passa do pano" para débil que chegamos nessa situação insustentável no paÃs.
"Não defendo obviamente a impunidade". Sabes ler, Roberto? Ninguém está passando pano: ao criminoso a lei. Agora, o que sua obra tem a ver com isso? Publique-se a obra e puna-se o criminoso, ora! Não queres ler? Não leia, ora, mas não queira impedir os outros.
Eu não levanto a ficha policial do açougueiro, mas se ficar sabendo que ele é um estuprador, bate na mulher, nos filhos ou no cachorro, não compro mais dele. Tenho esse direito e essa liberdade. Parece-me que esse é o caso da editora em questão, que não quer seu nome associado ao de um estuprador. "Ponto". Philip Roth que conte sua história para outro ou que espere uns 100 anos, quando não houver mais sobre a terra uma alma ressentida pelos dissabores causados pelo dito autor.
Se existe a anedota do cara no ponto de ônibus com "O vermelho e O Negro", que foi "gentilmente indagado" sobre o pertence, que dizer de algo tão contemporâneo? Preconceito tolo? Certos livros devem ser lidos sem alarde ou divulgação. Exemplo pessoal: "O PrÃncipe". O livro da matéria ficaria restrito a cÃrculos de leitores. Demoraria alguns anos para reabilitar o autor. Fracasso comercial é possÃvel.
Fernando Pessoa era um racista furioso que via benefÃcios na escravização dos negros, Francis Scott Fitzgerald acreditava na supremacia da raça branca como fato inegável, Hemingway era tão homofóbico que levanta até hoje suspeitas de ter sido enrustido, et jÂ’en passe... Se fizessem um tribunal moral para julgar escritores, não sobrava ninguém.
Borges, que elogiou Pinochet, e Neruda, que elogiou Stalin. Leio ambos com gosto (obviamente não falo de Pinochet e Stalin). O fantástico Henry Miller, devasso e cruel.
Dito isso, ninguém é obrigado a publicar um acusado de estupro no meio de um processo midiatizado. Se fosse o editor, cancelaria também.
Vejo aà uma jogada de marketing.. Depois da polêmica o livro é liberado e eu serei um dos primeiros a comprá-lo. Philip Roth é Philip Roth, quero que o biógrafo se exploda.
PossÃvel bom livro já era?
O autor referencia Schopenhauer e outros pensadores consagrados num paÃs que elegeu à presidência e à condição de mito o Jair Bolsonaro. E os inteligentinhos cancelaram o Monteiro Lobato...
Cuidado, autor, senão te cancelam por agrupamento.
Penso que referir-se às restrições de leitura de Sócrates, por exemplo, seja anacronismo. Hoje não tem desculpas, não dá pra tolerar e não dá (nem se pode) separar. Eu particularmente não consigo dizer: ele abusou sexualmente da própria filha, mas é um ótimo cineastra e verei seus filmes como se nada tivesse acontecido. Podemos melhorar e nos aprimorar, sendo mais exigentes com comportamento humano, independente de quem seja.
Sim Guilherme, pode!
E escutar Michael Jackson pode? Não tem anacronismo nisso.
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