Hélio Schwartsman > Os clássicos estão morrendo? Voltar
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Não é novidade o ''downsizing'' do classicismo. Começa na eliminação do latim e da filosofia ensinados no nÃvel médio, mesmo no Brasil. A reforma do Ensino da milicada nos anos 70 levou ''o clássico'' de cambulhada; mal e porcamente substituÃdo pelo ''bom português'' e a ''boa aritmética''. Ficamos sem estas e aqueloutros. Quanto ao 'cânone ocidental' vale lembrar 2005. Umberto Eco, ecoando 'A Rebelião das Massas' de Ortega y Gasset, declarou ter chegado o tempo da ''Legião de Imbecis''.É isso!
Por falar em clássico, estou lendo "Meridiano de Sangue", de Cormarc McCarthy. Recomendo.
Hélio, o que vc sugere para quem quer começar a ler os clássicos? Começar por quais autores e quais obras?
´´Por que ler os clássicos`` Livro por Italo Calvino. O que é um clássico? E por que lê-lo? Este livro fornece várias respostas a essas perguntas, algumas consensuais, outras polêmicas, mas todas certamente enriquecedoras. ... Google Books.
Sugiro ler “O que é um clássico” de Jl Borges também
Comece com o Antigo Testamento. Cerca de 90% das obras literárias ocidentais fazem alguma referência a suas histórias. Depois leia a IlÃada e a Odisseia, seguidas das tragédias gregas, as obras mais referenciadas a seguir. A Eneida, da literatura romana. E Shakespeare.
Sempre haverá os contramajoritários ao Fahrenheit 51.
Pelo menos uma parte disso se deve ao sucesso da cultura inglesa. As primeiras partÃculas fundamentais foram batizadas com nomes de origem grega como elétron ou próton, no final do século 19 e inÃcio do 20. Já nos anos 60, surgiram os quarks, nome retirado de uma passagem de James Joyce.
Quando deixamos de nos identificar e perdemos uma base comum, como diz o colunista, quando os problemas dos outros passam a não ser problemas nossos, segundo Hanna Arendt, a sociedade se desagrega, o fascismo e o totalitarismo se apresenta. Tristes tempos...
Caro Hélio, não sei se esse é um sintoma tão crÃtico, uma universidade preta de elite abandonar os clássicos. Por que há uma elite de pretos em Stanford, Harvard e congêneres, junto com a maioria branca, zelando pela manutenção da base comum que diferencia os "com estofo" do resto da gentalha - talvez os primeiros fiquem cada vez mais brancos. Não é de hoje o soterramento parcial dos clássicos pela contemporaneidade: não há tempo, e o novo circula rápida e fulgurantemente a todo instante.
Lembra-me John Ioannidis um dos pioneiros da chamada “metaciência”, uma disciplina que analisa o trabalho de outros cientistas e comprova se estão respeitando as regras fundamentais que definem a boa ciência. Publicou estudo sobre as inutilidades q se anda produzindo em universidades. P ex., 85% dos esforços dedicados à pesquisa biomédica *acabam sendo desperdiçados*. Universidade, pior as publicas, são centros de devaneios
Ioannidis é um que jogou a sua carreira na lixeira ao abraçar o negacionismo na pandemia. Bom, mesmo que ele tenha virado um pária no meio cientÃfico, ao menos ele virou um queridinho da extrema-direita pelo mundo afora, inclusive no Brasil.
'Modismos simplificadores' vieram pra ficar. Schwartsman pertence a uma linhagem de pensadores que ainda buscam alento no cânone, resistindo brava e temerariamente a reconhecer as inapeláveis coerções da sociedade do espetáculo, das imagologias, das videologias - sem falar nas capturas neuronais das redes internáuticas... Cornel West é um guerreiro que ainda luta com as armas de Martin Luther King (sem a teologia...) e William Du Bois.
Aliás, você e o Adonay são minhas referências de bipedalismo. Oh, gurus da antibozolice, totens do helenismo (não o helenismo do Goblin do GSI, hein?!), diques protetores das ondas de estrume que fluem do Planalto, mantenham-se firmes no compartilhamento dos miolos. Ou nós, os batráquios, ficaremos a dar pulinhos irreflexivos por aqui. Amém. [Hahahahah!]
Ayer, carÃssimo, os modismos vieram para passar, para dar lugar aos próximos, que venderão e também passarão. Eu, já me rendi à minha mediocridade: dei sorte que nos meus 30 primeiros anos forrei os miolos com alguma coisa que preste. Nos últimos 20, salvo alguns estirões de maior densidade, faço parte da patuléia coagida. Mas, sendo um boi de qualidade, não pasto qualquer grama: não é um Olavo da VirgÃnia que vai me apatetar, precisa de um pouquinho mais de gabarito.
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