Juliana de Albuquerque > Devemos ler autores suspeitos de ter cometido crimes, como o biógrafo de Philip Roth? Voltar
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Como Freud poderia ter errado o diagnóstico de histeria se Dora é, para a literatura psicanalÃtica, o paradigma da histeria? O erro se aplicou ao fato dele não reconhecido, no interior dos sonhos de fuga de Dora, o fenômeno da transferência. Não à toa Dora é o caso princeps do amor de transferência para a psicanálise.
Texto claro, sem perder a complexidade do assunto! Muito bom!
Li todos os textos citados. E o seu é incrivelmente melhor. Fez o texto de Coutinho parecer um panfletinho liberal. Parabéns pela erudição sem perder a clareza!
Boa noite, Juliana. Intrigante abordagem, a sua. Talvez se aplique ao caso o provérbio oriental: “o tolo olha para a mão de quem aponta a lua.”
Que texto maravilhoso, Juliana. Parabéns! Pensei sobre isso recentemente, ao ler a autobiografia de Wood Allen e assistir ao « Allen contra Ferrow ». Apesar de ter sido inocentado, o documentário dá um certo embrulho e traz consigo aquele questionamento se devemos ou não separar a obra do artista. E aà vem vc e nos brinda com argumentos tão sólidos ... BrigadÃssima!
Ótimo artigo. O cancelamento é contraproducente, quando não injusto. Se tivesse sido efetivado antes, muitas biografias - mormente dos execráveis da história - e obras fundamentais não teriam sido magistralmente escritas.
Se alguém inventasse o teletransporte e, no decorrer de sua vida cometesse um crime, boicotarÃamos o teletransporte? ;)
Primeira vez que leio um texto seu, Juliana, e devo dizer que fazia muito tempo em que não me sentia tão acrescentado. Os conceitos e argumentos que você trouxe, encadeados e lógicos, dançavam soltos na minha cabeça, vindo de leituras e discussões prévias. Seu texto os costurou com solidez e coerência, levando a um lugar de conclusão que agora, eu divido com você. Parabéns e obrigado.
Muito boa a reflexão.Acho que a questão moral não pode contaminar o julgamento estético (literário, no caso). Gosto do Roth, aprendi muito da cultura do seu povo judeu lendo seus livros, e fora que é um p.uta escritor. Não fui amiga dele, e mesmo dadas as circunstâncias temporais e geográficas , provavelmente não seria. Gosto do LuÃs Borges que algumas pessoas que conheço de esquerda não gostam pelo simples fato de não ter se posicionado na ditadura Argentina. Como perdem , essa gente !
Sobre esse tema, é interessante lembrar do caso de Louis Althusser que, após ter assassinado a esposa num acesso psicótico, escreveu a biografia "O futuro dura muito tempo". Houve um debate em torno da anulação de sua obra completa, proibindo a sua reimpressão. Foucault participou do debate defendendo a publicação da obra de Althusser, com base no seu argumento, já defendido em "História da Loucura", de que confundir a pessoa com a obra é próprio de um poder psiquiátrico moralista / policial.
É preciso dar voz à s mulheres vÃtimas desses crimes, Juliana, afinal elas não chegam a uma delegacia de polÃcia ou a um tribunal a passeio, não estão brincando de serem vÃtimas, não estão fingindo uma violência sofrida. Para se chegar a uma delegacia ou a um tribunal é porque a coisa foi séria, muito feia. E entre a feiúra e a beleza, eu fico com a beleza. Não é questão de se julgar superior aos outros, é uma questão moral mesmo, de decidir entre o certo e o errado, e disso não abro mão.
Paloma, de que maneira censurar a obra de um criminoso dá voz à s suas vÃtimas? No fim é só uma questão de sentir-se bem consigo mesmo, logo de sentir-se moralmente superior. No caso posto, como bens dissestes, o autor nem foi julgado pelo tribunal de justiça, mas o que dizer dos justiçadores?
Como amante da leitura que sou, Juliana, compreendo perfeitamente sua visão, a de conhecer textos, mesmo que tenham sido escritos por criminosos. Ocorre que o tal 'biógrafo' está bem vivo, está sendo acusado de crimes gravÃssimos e a situação desfavorável das mulheres no nosso mundo, em especial como vÃtimas desse tipo de crime junto à polÃcia e aos tribunais, exige uma ação firme contra criminosos desse tipo (ainda que na condição de suspeitos).
Sim, devemos ler porque o leitor não é politicial do mundo. Por outro lado, se fossemos deixar de ler quem cometeu alguma infração na história do mundo deixariamos de ler. Moralizar coisas e escancarar outras como deputados e senadores cheios de pendencias juridicas é fa lsa mo ral. Se fossemos passar um pente fino hoje no Brasil imagine o que aconteceria. Se o exemplo nao vem de cima, nao virá de parte alguma
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