Sérgio Rodrigues > Que país é esse no espelho? Voltar
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Ótimo artigo!! As lÃnguas são dinâmicas e acabam sendo aquilo que as pessoas falam e que corresponde ao que desejam expresar. E que é compreendido pelo entorno. Contudo, haveremos de convir: como é bela a lÃngua portuguesa! A que aqui se fala com todos seus sotaques e a que se fala alhures.
Pra começar: adorei o final haha! Como linguista, contribuo aqui... O incômodo é resultado do que chamamos de percepção da mudança. Quando se vive a mudança, ela nos incomoda. Quando "nascemos" após a mudança, ela é natural. Assim tem sido... sempre nos sentiremos incomodados ao nos olharmos no espelho e enxergarmos no fundo as formas a mudar. Ninguém se incomoda com verbos irregulares porque já nasceu no meio deles... Arrepiamo-nos com o "já tinha chego"... mas outras gerações aceitarão isso.
Eu tinha uma crença diferente sobre essa lÃngua geral brasileira. Que era predominante até o final do século 17, quando os governantes do Nordeste precisavam de intérprete para se comunicar com o paulista Domingos Jorge Velho, chamado para combater Palmares. Ele praticamente não falava português. Mas o grande influxo de portugueses com o ouro de Minas Gerais tivesse praticamente acabado com ela ao longo do século 18.
Caro Sérgio, entendo seu mal-estar, mas a deseducação e os meios de comunicação de massa estão levando o brasileiro à beira de uma protolinguagem, principalmente oral. Já reclamei aqui do absurdo 'mÃdia', não vou repetir. Nem corroborar 'com' e similares. A última constatação que dá engulhos é a abolição dos pronomes átonos 'lhe', 'o' e 'a' para a 2º pessoa. Horror factual: na tv, a âncora se dirige ao professor como 'senhor' (sujeito) e como "te'' (objeto): agora queremos 'te' ouvir, professor.
Prezado Ayer, por que então não voltamos todos a falar o latim clássico, incensada lÃngua adâmica, em face da qual todas as lÃnguas latinas supostamente apresentam parentesco? Meu caro, a lÃngua é um fenômeno histórico dinâmico que sofre mudanças que a adaptam a sociedades distintas. O português ideal que você tem como paradigma seria uma lÃngua de bárbaros para um letrado romano das antigas. Lembre-se da máxima do Mário Quintana: "A única coisa eterna são as nuvens". Um abraço
Excelente texto!
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