Ruy Castro > A novilíngua do Brasil Voltar
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Mais dois ultimos (desculpem regurgitar): 'ressignificar' (transitivo) e a onipresente 'impactar' - nada 'afeta' ou 'produz efeito', como dantes; tudo impacta, causa impacto, por mais insignificante que seja... É o trivial e o anódino travestido de relevância narcÃsica.
Faltou combinar com os russos (soviéticos à época)... rs. Num paÃs colonizado, desigual e pobre de ideias, princÃpios e valores civilizatórios, o futebol é uma verdadeira catarse, aquela das profundezas da psique humana. Sublima muitos dos recalques, que tão bem Nélson Rodrigues soube explorar em seus escritos. "Bola pra frente", ainda que não façamos o tão esperado golaço...
Palavras válidas CANCELADAS também é ótimo exemplo de PEDANTÊS.
Ainda tem o "derby".
Tenho vários incômodos linguÃsticos, que eu imaginava porque eu seja de outra época. O citado "performar" é um deles, mas não se compara à "disturbância" que ouvi há algum tempo (seria "perturbação"?). "Disruptivo" também não fica atrás. O futebol começou a ter sintomas quando os jogadores passaram a recusar apelidos e a serem chamados por nome-e-sobrenome(Pelé não serve, mas Marcos Assumpção serve; Leivinha, nem pensar; Zico hoje seria Artur Coimbra). Parece que jogariam de terno e gravata!
Grande Ruy Castro!
Saudades da Zona do Agrião. A grande área é a Zona do Agrião, expressão criada pelo saudoso João Saldanha. O agrião é plantado em terreno que retém grande quantidade de água onde é preciso se mover com cuidado. Lançou e explicou o que era a zona o agrião, e pegou, mas não usam mais.
Saldanha tem várias boas, hoje em desuso. Várias do Apolinho foram deturpadas: 'encarar' não era simplesmente enfrentar, como hoje; o 'vai encarar?' ou 'não dá pra encarar' tinha uma conotação de gravidade, de desafio...
O que foi que aconteceu com o velho “perdeu para”? Ontem o Palmeiras perdeu “do” São Paulo (Hã!?) O que quer que isso signifique.
A contribuição do "informatiquês" também não é desprezÃvel. Não se guarda ou arquiva, mas se "salva". Não se apaga, mas se "deleta". etc., etc.
E o "movimento não natural " para explicar pênaltis? Isso é a coisa mais estupida que já ouvi. Como um movimento de braço pode ser anti natural? Fora do futebol , resiliência tem sido um saco.. depois vem , mudaram empregados para "colaboradores". Fim de um trabalho como "entregas" e a tal m e r d a de de HH (homem hora). como se a não tivessem gastando a vida das pessoas. E o lucro extorsivo passou a ser geração de valor.
Eu acho que esse artigo é um "bait", só para ganhar engajamento.
E tem outra, Ruy: ninguém mais bebe água, "se hidrata"; sem contar as chatas " gratidão", "foco", "energizar", etc etc.
Gostava de acompanhar futebol pela Rádio Globo, na década de 1990. Hoje, de fato, é preciso ter uma paciência enorme para acompanhar pela TV. Usam uma linguagem sem relação alguma com o contexto.
Diziam "a vida imita a arte ou a arte imita a vida". Hoje eu diria: os algoritmos e a internet imitaram a vida, agora a vida imita a internet ou os algoritmos. "Nada de novo debaixo do Sol". "Palavras" titânicas.
Ruy Castro, ótimo comentário, assistir futebol pela TV está um nojo, quando estou interessado em um jogo, vejo sem o áudio para não ficar irritado, não preciso de narrador e nem comentaristas para ver um jogo.
Linguagens verbais à parte (já se disse quase tudo), o nojo é inevitável quando se ouve os gritos e arreganhos do Luis Penido, da Globo/CBN, narrando/torcendo pelos times do Rio contra os demais. Falta de compostura.
O Tite vai virar imortal. Se ganhar a próxima copa vai ser eleito na ABL por um placar expressivo, antiga balaiada.
Não esqueçamos do insuportáveis ‘encaixar’ e ‘romper linhas’. Eu trabalhava/morava em Caxias do Sul quando o surgiu o Tite como treinador do time do Caxias. Achei que não vingava. Me enganei, e pior, e temos de suportá-lo por ainda quanto tempo.... Imagina um diálogo dele com o Inominável.
...dos insuportáveis...
Resiliência é dose pra elefante, mas 'disponibilizar' é mais indigesto. 'Corroborar' é de lascar, ainda mais quando seguido por 'com'. Pessoas inteligentes não apontam ou assinalam, 'pontuam'; ninguém acerta ou ajusta nada, 'articulam'. É a indigente homenagem que o rasteiro acha que presta ao sofisticado. 'A mÃdia' ('os/los media' em Portugal e Espanha) é a culpada, por 'repercutir' idiotices pra vender mais fácil.
Ah, se nossa estupidez tivesse somente um vetor de origem, Ayer, eu ficava tão feliz... É essas "mÃdia demelda", os consensos "do que é bom", tácitos ou explÃcitos, os valores domésticos tortos - mantidos via escolarização doméstica e domesticante... O que não falta é força estupidificante.
O Overlapping do CLáudio Coutinho, técnico da seleção brasileira, era café pequeno para a avalanche da atual novilÃngua do Brasil.
Ruy se esqueceu que jogador nenhum mais faz falta mas, " chegou atrasado ". Ontem no jogo São Paulo/Palmeiras, um comentarista argumentou que gostava mais da " leitura " de Crespo. .
Nem vejo mais televisão e ouço mais raramente ainda rádio, um dos motivos é o desconforto com esta linguagem mascarada que os meios de comunicação insistentemente usam como se fosse um verniz elegante quando na verdade é uma violência desnecessário contra as palavras mais simples e poéticas, logo elas que são belas e frágeis.
Tô nessa também...
Quem ainda ve futebol? Outro dia um amigo me falou que tinha um argentino bom de bola no time que eu costumava torcer. Cai na besteira de tentar ver um jogo pelo estadual e não consegui ver 20 minutos. Passei para o Netflix. O argentino? Grosso e mascarado. Dá umas viradinhas rapidinhas de um lado para o outro. Parece passarinho no poleiro.
Mas vc não mencionou o pior de tudo, Ruy. Falha imperdoável. Há muito tempo deixou de existir o jogador de futebol, ou simplesmente o jogador. Agora são tratados por atletas. O atleta isso, o atleta aquilo. Absolutamente insuportável!
E o senador Renan Calheiros chama seus colegas de icelencia e da paricer com auturidade.
Aqui se comenta a linguagem, não o sotaque.
A palavras empatia está na moda justamente pela falta de empatia.
Kkkkkkkk. É isso. O velho programa CQC do Tass mandava a Mônica entrevistar nos Corredores do Congresso, Deputados e Senadores, e tinha cara lá que não sabia onde ficava o Estado de Alagoas, por exemplo, acho que esse "Senador" do Amazonas da CPI foi um deles, fala grosso e bonito, mas nunca deve ter ido um uma UBES de Manaus.
Muuuu
Espero que tenha uma "parte B" do artigo dedicada somente aos estagiários da Folha. O verbo "colapsar" é campeão. Também para essa turma, furta-se o lugar em si, não objetos que nele se encontram. Outro dia, uma jornalista formada referiu-se a San Marino como um "encrave" na Itália. E por aà vai; o cargo de revisora foi extinto há muitos anos. Acharam que não era necessário. Dá para ver...
De fato, os revisores foram extintos mas a necessidade de revisão nunca deixou de existir.
Quase infartei com o “encrave”.
Ô Ruy, meu ótimo (o velho "meu bom" é pouco), isso é fenômeno velho, nem foi afetado pela Bozofrenia - incorro em imprecisão, uma vez que esta some com palavras sem trazer novas expressões em seu lugar, senão o vazio mental. Em mais de 20 anos de trabalho para grandes empresas, pude observar a "evolução"do corporativês, mistura de mau português com inglês empobrecido, temperada com uma vaidade deslocada e uma vergonha da brasilidade. Será sua descrição a extensão do corporativês à vida comum?
Com este breve ensaio sobre a novilingua no futebol, Rui se habilita ao cargo de tradutor-chefe das manifestações tuitianas do Sr. Carluxo. Os leitores agradecem caso venha aceitar o cargo. Quem sabe possa contar com a ajuda do amigo Marcos Benassi que a algum tempo vem desenvolvendo um glossário de termos bozofrênicos, próprios do bozoverno. ;-)
Hahahahah, agradeço a confiança, caro Said, mas, nem minha habilitação profissional é essa, nem meu fÃgado tem a necessária resistência (resiliência!) para ler Carluxidades... Hahahahah! Mas conte comigo para neologismos contra-bozofrênicos, é nóis na fita. Ao Bozo, todo ridÃculo é pouco - é sempre um gggoozo!
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