Em Brasília "cercaram" a madrugada. O toque de recolher até "diminuiu" há 2 dias - 'de 1h às 5h'. Não frequento bares, mas bem antes da pandemia usava a madrugada para fazer compras (mercados 24h) e me alimentar para evitar 'muvuca' (também conhecida por aglomeração!). Durante o dia a movimentação voltou ao que era antes da pandemia, não há mais isolamento. Mas o toque de recolher continua - deve ser para saber onde a pessoa se encontra entre 1h e 5h e poder constrangê-la 'se necessário'... ;)

Realmente, a pandemia está escancarando as mazelas dessa cruel desigualdade. Segregação é uma patologia social gravíssima e merece ser divulgada na Folha com maior profundidade. O colunista abordou muito bem mais um problema que pode e deve ser denunciado com maior evidência, se houver interesse real pelo assunto.

Esse absurdo de se renomerar praças como "parques" tem ocorrido em diversas outras localidades da cidade. É o caso, por exemplo, da Praça Buenos Aires, em Higienópolis. Eu pensava que isso era apenas uma maneira de a prefeitura contabilizar mais parques; vejo agora que o motivo real é bem mais torpe.

Engraçado ver as viúvas de Stalin subindo pelas paredes com a simples menção ao sinal com que os comunistas se identificam. Pensando bem, Demétrio estaria igualmente certo se houvesse dito que as grades e os ferrolhos também são símbolos dos comunistas - neste caso, para impedir que os ''sortudos'' se evadam.

Parece que o articulista não frequenta praças nem parques. No exterior as diferenças (estrutura, local, horário, frequência, segurança) são bem evidentes.

O que fica claro é que praças tem custos. Entre eles policiamento ostensivo permanente que fiscalize as regras de uso. Simplesmente gradear é uma solução pobre embora mais barata. Preserva o espaço verde para os moradores, com menor custo para a prefeitura.

Não entendi qual é o problema de ter uma grade. De dia ficará aberto, como qualquer outro parque da cidade. Qualquer um pode entrar, ué...

Mais uma vez as associações de bairro formadas por meia dúzia de favorecidos impondo suas vontades segregacionistas. E patrocinadas por dinheiro público, ou vocês acham que apenas os moradores da região pagaram a grade? O bairro sai perdendo. A cidade mais ainda.

Finalmente entendi por que a Praça Buenos Aires, em Higienópolis, foi transformada em "Parque" Buenos Aires. Não saberei dizer em qual gestão isso ocorreu, mas já faz bastante tempo. Certamente, o intuito foi "higienizar" o local, afastando a tal "gente diferenciada" que transita pelos ônibus e calçadas da cidade. Só não entendi mesmo o que têm a ver com a história a foice, o martelo e os comunistas.

Um lobo chegou para o cordeiro e disse: "vou comê-lo porque seu pai defecou em minha água." "pai morreu há dois anos!" "então vou comê-lo porque vossa mãe urinou em minha água." "mãeinha morreu há cinco anos! "Deixe de ser estúpido! Vou te comer porque eu quero e pronto!" O poder é assim.

Higienizar e segregar. Infelizmente, o que a sociedade quer é não se sentir culpada. O que nos olhos não vêem, a miséria humana, o coração não sente, pode-se viver sem culpa. Da mesma forma que por mais de 3 séculos naturalizpu-se a escravidão moderna, agora se vende a ideia de que a miséria é consequência exclusiva do fracasso individual.

Foi um crime. Perdemos um lugar especial em SP, um dos poucos espaços públicos onde se poderia ver o horizonte.

Qual praça em SP chega a receber 10 mil pessoas um final de semana? Ou 3 mil em uma única noite? Isso é uma Praça com características de parque, a situação para os moradores do seu entorno estava insuportável, com muito lixo, casas sendo usadas como banheiro, barulho e música alta durante a madrugada, uma verdadeira terra sem lei. Mas o que os moradores pediam a prefeitura jamais deu: banheiros, segurança e limpeza, preferiram instalar uma cerca de galinheiro que enfeia e não resolve nada.

Associar "a foice e o martelo" às grades e cadeados de uma praça só prova a leviandade e oportunismo teórico desse pífio articulista da direita neoliberal, que pariu Bolsonaro. Você e o seu jornal, Demétrio, são responsáveis por Bolsonaro e pelos mais de 500 mil mortos: faça agora a autocrítica que você cobrou da esquerda em 2018! Não fará, pois você é serviçal da burguesia que brutaliza e coloniza!

Talvez seja o caso de trocar o projeto original por outro menos aberto! Não é a melhor solução pois assume o caráter excludente. Entretanto, o Ibirapuera é um parque, gradeado e com horário de funcionamento, e não ouço reclamações sociais.

picareta