Hélio Schwartsman > O medo como remédio Voltar
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Lembrando que o risco iminente de morte também é uma hipótese de exceção à autonomia do paciente. Ótimas considerações, como sempre. Abraço, Hélio.
Interessante que os laboratórios farmacêuticos donos da patentes mundiais , a Norvartis da cloroquina e hidroxicloroquina e a MSD ( Merck Sharp & Dohme0, da patente ivermectina, já publicaram na imprensa norte-americana e europeia, para seguirem a bula e evitarem o uso destes medicamentos no tratamento da covid-19, pois, não há nenhuma evidência de ação terapêutica nesta pandemia e assim eximem de processos futuros daqueles que foram tratados erroneamente e tiveram efeitos colaterais .
Conheço um sujeito que ganha a vida fabricando em sua casa remédios homeopáticos que consegue vender para fazendeiros aplicarem em animais. Os bichos não tem efeito placebo, mas provavelmente as coincidências de algumas melhoras reforçam a crença dos clientes e rendem histórias de curas para o vendedor. A cloroquina tem fundas raÃzes sociais...
Só esqueceu de falar sobre os efeitos colaterais, né colega?!
Sou estudante de medicina em Santa Catarina, um dos estados cujos médicos mais se propõe a utilizar o tratamento precoce, mesmo sem comprovação cientÃfica. Excelente e esclarecedor texto do Hélio, o qual acompanho nessa Folha há muito tempo!
Por outro lado a filosofia, como crÃtica dos pressupostos da ciência, parece enfrentar problemas. Kant assume que a ciência resulta de proposições sintéticas a priori. E pergunta como a natureza da mente torna esse conhecimento possÃvel. A ciência moderna não aceita os pressupostos de Kant de conhecimento a priori da natureza. Kant diz para não mentir. O efeito placebo envolve uma mentira do médico. Como justificar a validade do efeito placebo? Pelo empirismo ou pelo racionalismo?
Vito, a (in)validade do efeito placebo não seria associação mental de conversão a um processo mágico que não é nem racional, nem empÃrico? Apenas suspeito e perigoso. Não existe o 'cogito', nem influência do ideal Kantiano- somente crendices. Sempre tem uns esquisitos prontos para justificarem a irracionalidade... .../Claudia F.
Hume tentou levar o método da ciência a questões morais. Como empirista, indagou sobre o problema da indução. Por que a evidência de uma indução parece ser maior quando as instâncias observadas são maiores? Se eu queimo meu dedo quando toco um fogão quente eu posso generalizar? Hume não encontrou resposta para isso. O efeito placebo parece se encaixar no problema de tocar com meu dedo um fogão quente. Ele vai funcionar na próxima instância? 0 empirismo por si só parece não dar conta.
Fiquei sabido.
A disseminação de remédios falsos ao povo é um verdadeiro absurdo. Por outro lado, os governadores tem alardeado que até o final do ano o povo deverá estar vacinado com a 2ª dose. Temos de ter paciencia. Encerramos o 1º semestre com apenas 12% da população totalmente vacinada e com cerca de 1600 mortes dia. No mais, para os anos vindouros (a vacinação será anual) teremos vacinas nacionais e baratas, que vão de butanvac, universidades federais, USP.... paciencia.
A diferença entre o veneno e o remédio está na dose, já diz o ditado. Temo que injetaram tanto medo na população que algumas pessoas irão precisar de tratamento psiquiátrico para voltar a uma vida normal. Conheço quem já tomou as duas doses, seus parentes também já tomaram as duas doses, há mais de um mês e ainda não se visitam desde março do ano passado, nem se encontram na rua.....acredite, é real isto.
Nunca é demais lembrar que o medo é o afeto principal das relações entre os cidadãos e as instituições estatais. O medo instaura a confiança mÃnima no Estado protetor e a mútua relação entre proteção e obediência leva ao “protego ergo obligo", que é o 'cogito ergo sum' do Estado” (Karl Schmitt). A tragédia conjuntural brasileira é: contra quem e contra o quê esperar proteção de um governo como este?
Aparentemente, Ayer, é no mutualismo da associação entre cidadãos, que estamos vendo ocorrer nessas mostras de pé na rua, que conseguiremos nos proteger de um Estado torto, em última instância - se tudo vai pelo melhor caminho - endireitando-o. Não responde diretamente à sua pergunta, percebo, também porque a resposta seria negativa: esse estado, não nos protege de nada, muito menos dele próprio.
Chegou-se ao ponto! Estão causando medo na sociedade para evitar o contágio, pois não há remédio apto para a cura do coronavÃrus... Lutamos bravamente, por uma vida ridÃcula...
Hélio, carÃssimo, há questões que ficam soterradas nessa discussão. Quando não há tratamento, a possibilidade concreta é a lida com os sintomas, não o engodo. Há diversas afecções que não tem "cura" medicamentosa, mas sobre as quais pode-se agir no sentido de abrandar o sofrimento. Agora, placebo é substância inerte, por definição, coisa que a cloroquina não é; tratá-la como aspirina, que "mal não faz", é irresponsável e faccioso. A Bozofrenia transmutou Herda em pirita, o ouro de tolo.
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