Hélio Schwartsman > Divergência convergente Voltar
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Curioso é o nome do livro "Just Deserts" que significa "a punição merecida por alguém", embora a pronúncia de 'deserts' seja a mesma que a palavra 'desserts' = 'sobremesas'. É lógico que alguém que é punido por algum crime contra a sociedade não vai ganhar sobremesas na cadeia. 'Desert', como punição surgiu antes no inglês , ao passo que 'dessert' como a sobremesa que se come depois do jantar surgiu por volta de 1600. 'Quicksand' é areia movediça mas se afunda devagar
Daniel Dennet é acusado por Caruso de ser um consequencialista misto, não puro. Caruso admite ser um consequencialista, e que o consequencialismo tem gradações. Dennet diz que não há um sistema legal sem punições, e para o bem da sociedade devemos punir aqueles que poderiam agir de forma diferente, se não tivessem um tumor cerebral. O livro parece ser interessante para aclarar alguns pontos da discussão. O livre arbÃtrio importa?
o que há de novo nessa proposta?
Quando eu trato do "helenismo", sou professor de história, eu demonstro para os meus alunos que como é possÃvel divergir sem agressões perguntando - o que acontece quando dois ignorantes se encontram e divergem? E o que acontece quando dois sábios se encontram? - Se você não o que foi o "helenismo", talvez não entenderá o argumento. A ignorância é mãe de quase todos os males.
É difÃcil encontrar convergência quando ela se torna um argumento simbólico, respaldado por métodos de intolerância, violência verbal e comportamental a serviço de postura ideológica e suposta superioridade moral - aquele lugarzinho cheio de divergências, condensadas em fundamentalismos autocomplacentes que com certeza ignoram as contingências do Universo. .../Claudia F.
Caro Hélio, hoje acordei mais burrro do que minha média, e tive a inspiração de esperar. Depois do Pratinha, do Ricardo, o Tuga e do Seu Jorge, primo da escherichia, dá pé. Para aqueles que duvidam da importância de "dar o exemplo", uma reflexão cientÃfica - especificamente, social-comportamentalista: essa intenção dissuasória baseia-se na aprendizagem observacional. Sem a experiência direta da coisa, apenas observando suas consequências ruins, não vou realizá-lo. [Cont.]
[Cont.] E até funciona, como "medida de proteção do futuro". Por outro lado, o encarceramento - a experiência direta de quem violou a regra e foi pego - dado seu contexto concreto, não soluciona absolutamente nada: pelo contrário, produz eficaz e eficientemente membros de grupamentos do crime. O cerne evidente de qualquer solução deveria ser o processo de encarceramento, só que não: às vezes dá impressão de ser vingança.
A premissa do livre arbÃtrio não é necessária? A conjectura filosófica do consequencialismo acha que pode justificar a prisão de bestas feras na sociedade. Gianetti fala do Giges-sem-lei à solta. Hume diz que o homem trancafiado sem amizade será infeliz. Aristóteles e Epicuro dizem que sem amizade o homem não vive. Nietzsche diz que a amizade não existe. Uma hipótese empÃrica fundada pode refutar a conjectura consequencialista?
Só discordo quanto à pena capital. O Hegel escreveu uma vez que as leis deviam ser adequadas aos povos. Aqui em nuestra america, os Ãndices de criminalidade e violência estão nos nÃveis da Europa século 17. Ao banir a pena de morte, como se vivessemos na Europa atual, terceirizamos as execuções para policiais, milicianos e traficantes "donos do morro". Ela existe e em grande escala, mas sem processo judicial, promotor, advogado e juiz.
E, veja você, que, mesmo mantendo a pena de morte, os EUA ainda são o mais violento entre os paÃses desenvolvidos. E os Estados que mantém a pena de morte não são nem um pouco menos violentos do que aqueles que a aboliram.
Eu diria, caro José, que abdicamos da civilidade na lida com o desconforme: escolhemos métodos do século XVII pra reprimir o que não se enquadra. Já seria tempo de prover o mÃnimo, educar o máximo, exigir o razoável, só que não: estimulamos desejar o máximo, em mÃnimo tempo, fora do razoável....
Seria oportuno que um filósofo bonzinho desses convivesse algum tempo com um psicopata, ou trouxesse para sua casa um sujeito como o manÃaco do parque e tentasse recuperá-lo. Descobriria que 20% dos presos são psicopatas incuráveis que matariam tão logo tenham oportunidade.
caro colunista: notei que já algum tempo seus textos se tornaram estranhamente agridoces, menos acre e mais doces - e algumas vezes insÃpidos -, aconteceu alguma coisa que seus leitores desconhecem ou vc está em tempo de muda?
"Tempo de muda" foi excelente!
Isso era válido , aqui no Br, antes do cabrunco do Planalto tripudiar sobre a vida de tantos. Estamos em regime de excessão. Pessoalmente não vejo possibilidade de dialogar com o gado bolsonarista.
"Universo determinista em que provavelmente vivemos"? Laplace pensava que sim, no século XIX, mas parece que a fÃsica quântica detonou essa visão determinista do universo ...
Pois é, queremos ser livres, mas tendemos a autômatos. Porque as decisões resultam, não de forma individual, mas de aglomerados. Valem para elas leis similares a da fÃsica. Um planetinha atraindo uma pedra b.urra e livre. Uma multidão de seguidores de um polÃtico em uma motociata exerce sua liberdade, assim como, um torcedor de futebol assistindo TV decide pela substituição de um jogador. Não importa ser, mas parecer ser, e dai a exploração e a imbecilidade geral.
Livre-arbÃtrio deve ser distinguido de liberdade, o que nós é restrito é esta não aquele, cujo âmbito é interno e consubstancia a consciência que é irrestringÃvel, exceto pela vontade. Já a possibilidade de discordar sem agredir a tenho testado com sucesso nos sÃtios de polÃtica desse Jornal, eis que, persisto, após atingir a marca de 10 mil comentários, sem revidar aos que me agridem, por denominar o PT com sua verdadeira identidade que é PEB- Partido das Empreiteiras e dos Banqueiros.Namastê!
Ninguém tem o direito de dizer mentiras sem resposta. E quem justifica até o golpe de estado em nome de um pretenso moralismo polÃtico merece sempre uma crÃtica severa. Como dizem os bolsonaristas, vitimismo.
* o que nos é restrito.
Devo concordar com você em dois terços do acrônimo, caro Nelson: paÃs das empreiteiras e dos banqueiros. Sempre foram muito beneficiados aqui na terra do pau-brasil, por quem quer que estivesse no poder. Em todo o resto, divergimos legal.
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