Vera Iaconelli > Deturpação sistemática do uso das palavras põe em risco a própria civilidade Voltar
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Acrescento mais uma frase que deturpou a realidade polÃtica: "Meu partido é o Brasil.". Era uma parte desejando virar o todo. Quantos(as) sentiram-se patriotas vestindo camisetas amarelas com essa frase...? Um antÃdoto possÃvel: Você é parte, faça parte.
Excelente . Vivemos a bannonização do discurso polÃtico e eleitoral , onde a palavra é sequestrada e perde qualquer conexão com a realidade. É a destruição da polÃtica , do diálogo e da vida.
Excelente microensaio. Não sei parte da população está doisa [psicótica] ou usa de "razão cÃnica", para deturpar palavras e as cores da bandeira, e se enrolar na própria bandeira, que seria crime no perÃodo da ditadura militar. Infelizmente os nazifascistas são mais hábeis em perverter o uso de palavras do que os democratas e esquerdas. Seus mestres são: Goebbls e Bannon.
Muiti bom! Acredito que essa seja a questão mais delicada do nosso português.
Há duas histórias que esculpem nossa incapacidade de nos comunicarmos quando há distorção não somente semântica e simbologia, mas no próprio tecido intelectual. Infelizmente as duas são um tanto ofensivas ao interlocutor: 1. O mestre responde: "vc tem razão", ensinando que a primeira regra para atingir a felicidade é a de não discutir com idiotas. 2. O fÃsico respondendo a um leigo "vc não está nem errado". I.e. a afirmação é tão estapafúrdia é que é inferior a que um erro intelectual.
Independente do viés polÃtico, há negacionistas de todo tipo e que têm propósitos distintos, mas em geral eles se opõem publicamente a determinados fatos e espalham desinformação visando certos objetivos. No fundo, o negacionismo, a negação irracional, o revisionismo e o obscurantismo são simplesmente um subconjunto das muitas maneiras que os humanos desenvolveram para usar a linguagem para distorcer inclusive a sabedoria popular.
Então tá! Já que todo mundo faz vamos fazer o que, né? Aliás, se é assim, para que estamos discutindo isso?
Há problemas em sua análise, pois o tal "sequestro das palavras" não é privilégio de bolsonaristas. O outro lado também o faz, muitas vezes, parindo neologismos ou mesmo edulcorando certas situações, como no caso de "comunidade" e "favela" ou "pessoas em vulnerabilidade" em vez do termo necessário "fome". Por fim, diria que a articulista é bastante jovem e não deve se lembrar dos anos FHC e a gozação em torno da "tucanização" da linguagem
Você tem razão em certos aspectos. Lembro bem da "tucanização" nos anos FHC. As palavras "comunidade" , "afro-descendente" , buscam amenizar conceitos. Sempre ouvi pessoas se referindo "à quele moreno", quando sabÃamos que era negro ! Mas amenizar não significa mudar a significação das palavras, como está sendo feito agora. Por ex: O convite à violência, inclusive assassinato, feita por Roberto Jefferson, no vÃdeo que divulgou, virou apenas "liberdade de expressão". Isso, sim, é muito grave!
Certos ou expressões dizem mais do que outros mais simplificadores. Fome não é igual a vulnerabilidade. Quem passa fome certamente está vulnerável mas muitos que não passam também estão. Outros buscam retirar o caráter depreciativo que se atribui a certas situações sociais, como favela, estigmatizando seus habitantes. Comunidade diz muito mais sobre o seu modo de vida inclusive denunciando aquilo que falta no seio de outros modos de habitação e convivência, ou melhor co-habitação apenas.
"Palavras, apenas palavras, pequenas palavras, momento, palavras ao vento"; "Palavra eu preciso / Preciso com urgência / Palavras que se usem / em caso de emergência / Dizer o que se sente / Palavras que se diz / Se diz e não se pensa / Palavras não têm cor". As cores já não dizem muito há muito. Os signos já não significam. Os sÃmbolos já não simbolizam mais. As tatuagens são transparentes e invisÃveis. A última moda é démodé. As identidades caÃram na rede quando seguiram youtubers/influencers.
Parabéns e obrigado pela reflexão, um pouco de luz pra minha mente atordoada por esse ataque de destruição da linguagem nesses últimos dias insanos. Não percebia isso com essa clareza: "Somos jogados para o reino do nonsense, cuja intenção - nada oculta - é atacar a própria linguagem, única ferramenta da civilidade." Muito bom. Eu cheguei a um ponto em que, diante de uma argumentação de algum bolsonarista, mandar frustrado um: "vai...". De que adiantariam palavras? Depois me arrependo.
Ora Doutora, é bom falar e repetir isso ao Ativistas Esquerdistas da MÃdia.
Ela falou exatamente disso que você acabou de fazer, atacando a linguagem ao soltar essa "Ora Doutora, é bom falar e repetir isso ao Ativistas Esquerdistas da MÃdia". Deturpou o sentido do que ela escreveu, como quem quer, exatamente, destruir a crÃtica ao "amai-vos uns aos outros" da camiseta do neonazista e destruir toda essa argumentação como um "pombo enxadrista". Foge da linha de raciocÃnio, contra-argumenta "automóvel" com "melancia". Que fase, mundo!
Texto maravilhoso! A linguagem nos une. É ela que torna possÃvel o entendimento entre as pessoas. Mas se as pessoas não falam a mesma linguagem então não há entendimento. A deturpação de palavras básicas serve justamente para isto: impedir a comunicação entre as pessoas.
Embora a linguagem viabilize um nÃvel sofisticado de comunicação, ela pode tanto nos unir quanto nos separar. De qualquer forma acredito que a autora reflete de foram interessante a deturpação de elementos caros a nossa identificação social que acaba por dificultar o uso da comunicação de forma homogênea e segregacionista. Veja, por exemplo, expressões como "fazer amor", "de esquerda", "de direita" e diversos outros neologismos que dividem a sociedade.
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