Sim, durante a pandemia as escolas tiveram um papel importante na identificação e encaminhamento de demandas sociais. Isso se deve à presença do corpo diretivo nas escolas, captando essas demandas. Se os estabelecimentos e redes de ensino passassem a ser vistos como epicentro de políticas sociais, creio que realmente haveria um melhor direcionamento dos recursos públicos para essas políticas, em nível local, estadual ou nacional. É bom ouvir os professores e gestores escolares.

A diretora da escola na reportagem está certa em correr atrás do alunos. Ao mesmo tempo, os professores que atuam em um único estabelecimento de ensino tendem a possuir um maior vínculo com a escola e com seus alunos; em geral são os professores do ensino fundamental. No ensino médio, muitos professores atuam em diferentes escolas e outros tantos estão atuando no magistério como um 'bico', nesse caso, fica difícil haver um envolvimento dos docentes com a escola e os alunos.

Tomei a liberdade de consultar os dados educacionais da Escola Heckel Tavares, escola pública, estadual, urbana e de periferia no município de São Paulo. Houve aumento da proficiência dos alunos em Português e Matemática no ensino fundamental nas últimas avaliações do Inep, mas a maioria dos alunos têm conhecimentos básicos ou insuficientes nessas disciplinas. Ao mesmo tempo, menos de cinquenta por cento dos alunos participaram das últimas edições do Enem, obtendo um fraco desempenho.

Uma das minhas constatações mais tristes na pandemia foi perceber que a escola e os professores também são extremamente necessários para proteger alguns alunos de suas próprias famílias.

Nunca mais piso em sala de aula. Trabalhei lecionando em escola publica muitos anos e tenho trauma de escola.